quarta-feira, 25 de maio de 2022

Papa Francisco nesta quarta-feira:

vemos surgir guerras
cada vez mais implacáveis contra pessoas indefesas

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco enfatizou que "com todo o nosso progresso e com todo o nosso bem-estar, nos tornamos realmente uma "sociedade do cansaço". A ciência avança, é claro, e isso é um bem. Mas a sabedoria da vida é algo completamente diferente, e parece estar paralisada".

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a velhice na Audiência Geral, desta quarta-feira (25/05), realizada na Praça São Pedro, que teve como tema "Eclesiastes: a noite incerta do sentido e das coisas da vida".

O Livro de Coélet é "outra joia inserida na Bíblia". Surpreende o seu famoso refrão: "Tudo é vaidade", tudo é "neblina", "fumaça", "vazio". "É surpreendente encontrar estas expressões, que questionam o significado da existência, dentro da Sagrada Escritura", frisou o Papa.

Há esperança para o amor e a fé

Segundo o Papa, diante de uma realidade que em certos momentos parece "acabar no nada, o caminho da indiferença também pode nos parecer o único remédio para uma dolorosa desilusão", fazendo surgir em nós perguntas como: "Será que nossos esforços mudaram o mundo? Alguém talvez é capaz de fazer valer a diferença entre o justo e o injusto? Parece que tudo isso é inútil: por que fazer tanto esforço?"

É uma espécie de intuição negativa que pode surgir em qualquer estação da vida, mas não há dúvida de que a velhice torna quase inevitável o encontro com o desencanto. E assim a resistência da velhice aos efeitos desmoralizantes deste desencanto é decisiva: se os idosos, que já viram de tudo, conservam intacta sua paixão pela justiça, então há esperança para o amor, e também para a fé. E para o mundo contemporâneo, a passagem por esta crise tornou-se crucial, uma crise salutar, porque uma cultura que presume medir tudo e manipular tudo também acaba produzindo uma desmoralização coletiva do sentido, do amor e do bem.

Ilusão da verdade sem justiça

Segundo Francisco, "para nossa cultura moderna, que gostaria de entregar praticamente tudo ao conhecimento exato das coisas, o aparecimento desta nova razão cínica - que soma conhecimento e irresponsabilidade - é uma reação muito dura. De fato, o conhecimento que nos isenta da moralidade parece ser, a princípio, uma fonte de liberdade, de energia, mas logo se transforma numa paralisia da alma".

Com sua ironia, o Eclesiastes "desmascara esta tentação fatal de uma onipotência do saber – um "delírio de onisciência" - que gera uma impotência da vontade. Os monges da mais antiga tradição cristã haviam identificado com precisão esta doença da alma, que de repente descobre a vaidade do conhecimento sem fé e sem moral, a ilusão da verdade sem justiça. Eles a chamavam de 'acídia'. Esta é uma das tentações de todos, e também dos idosos, mas pertence a todos. Não se trata simplesmente de preguiça. Não se trata simplesmente de depressão. Ao contrário, é a rendição ao conhecimento do mundo sem mais paixão pela justiça e pela ação consequente".

Somos uma sociedade do cansaço

Segundo o Papa, "o vazio de sentido e de forças aberto por este saber, que rejeita toda responsabilidade ética e todo afeto pelo bem real, não é inofensivo. Ele não apenas tira as forças da vontade para o bem, mas abre a porta para a agressividade das forças do mal. São as forças de uma razão enlouquecida, que se tornou cínica por um excesso de ideologia".

Na verdade, com todo o nosso progresso e com todo o nosso bem-estar, nos tornamos realmente uma "sociedade do cansaço". Pensem um pouco nisso: somos uma sociedade do cansaço. Devíamos produzir bem-estar generalizado e toleramos um mercado cientificamente seletivo da saúde. Devíamos colocar um limite intransponível à paz, e vemos surgir guerras cada vez mais implacáveis contra pessoas indefesas. A ciência avança, é claro, e isso é um bem. Mas a sabedoria da vida é algo completamente diferente, e parece estar paralisada.

Bruxaria com uma certa cultura

De acordo com Francisco, esse tipo de razão "irresponsável tira o sentido e energias também do conhecimento da verdade. Não é por acaso que a nossa seja a época das fake news, superstições coletivas e verdades pseudocientíficas. É curioso: nessa cultura do saber, de conhecer todas as coisas, até mesmo da precisão do conhecimento, se difundiram muitas bruxarias, mas bruxarias cultas. É bruxaria com uma certa cultura, mas que leva você a uma vida de superstição: por um lado, para ir adiante com inteligência no conhecimento das coisas até às raízes; por outro lado, a alma que precisa de outra coisa e toma o caminho das superstições e acaba nas bruxarias".

Segundo o Papa, "a velhice pode aprender da sabedoria irônica de Coélet a arte de levar à luz o engano escondido no delírio de uma verdade da mente desprovida de afetos pela justiça. Os idosos ricos em sabedoria e humorismo fazem muito bem aos jovens! Eles os salvam da tentação de um conhecimento do mundo triste e desprovido da sabedoria da vida". "Coragem, todos nós idosos: coragem e adiante! Temos uma missão muito grande no mundo. Mas, por favor, não buscar refúgio nesse idealismo um pouco não concreto, não real, sem raízes –digamos claramente: nas bruxarias da vida", concluiu.

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Assista:

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O Papa sobre o massacre no Texas:

é hora de dizer basta ao tráfico indiscriminado de armas

O apelo de Francisco após a catequese na audiência geral desta quarta-feira (25): "Meu coração está abalado pelo massacre na escola primária do Texas. Eu rezo pelas crianças, pelos adultos mortos e por suas famílias. É hora de dizer basta para o tráfico indiscriminado de armas! Devemos nos comprometer para que tais tragédias nunca mais possam acontecer".

"É hora de dizer basta para o tráfico indiscriminado de armas. Devemos nos comprometer para que tais tragédias nunca mais possam acontecer": são palavras do Papa nesta manhã de quarta-feira (25), após sua catequese na Audiência Geral na Praça São Pedro.

Cardeal Cupich: lamentamos, mas devemos agir

A reação dos bispos estadunidenses foi imediata, em particular o Cardeal Blase Cupich, Arcebispo de Chicago, condenou as leis sobre a posse de armas: "Devemos chorar e nos aprofundarmos na dor... mas depois devemos estar prontos para agir". Já passaram dez anos desde o massacre de Sandy Cook, também uma escola primária, na qual 20 das 26 vítimas eram crianças. Recordando aquela e as muitas outras tragédias que ocorreram nos Estados Unidos nos últimos anos, o prelado se perguntou: o que esperamos para nossos filhos? Que, como regulamento de sua escola, aprendem a se comportar no caso de um ataque armado? Que se sintam em perigo simplesmente fazendo o que a sociedade diz ser um bem para eles: ir à escola? Que chegam a se questionar se têm futuro?".

"Temos mais armas de fogo do que pessoas"

Dom Cupich, apoiado por todos os bispos dos Estados Unidos, pediu a todos que imaginassem "ser um pai ou uma mãe com um filho naquela escola", e depois: "imaginem ter que enterrá-los". Todo o país está cheio de armas. "Temos mais armas de fogo do que pessoas", afirma ainda Dom Cupich. Embora nem sempre tenha sido assim, "os tiroteios em massa se tornaram uma realidade diária nos Estados Unidos de hoje". "O direito de posse de armas nunca será mais importante do que o vida humana", conclui Dom Cupich, acrescentando: "Nossos filhos também têm direitos. E nossos agentes eleitos têm o dever moral de protegê-los”.

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