Pastoral Juvenil e Sinodalidade
O tema sinodalidade tem sido objeto de
constante e de mais intensa reflexão nos últimos anos. Na Constituição
Apostólica Episcopalis Communio o Papa Francisco afirma que Cristo
fala através de todo o povo de Deus, na totalidade dos fiéis, que receberam a
unção do Santo, aquele que é a fonte da Sabedoria e que nos ensina (cf. 1Jo
2,20.27), por isso a Igreja não pode enganar-se na fé. A Igreja mantém-se
aberta e atenta à voz do Espírito que fala através da voz das ovelhas de muitas
formas, como por exemplo, por meio dos diversos organismos eclesiais (cf.
Episcopalis Comunio, 5).
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Dom Antônio de Assis |
A Igreja é constituída por muitos membros,
mas formamos um só corpo (cf. Rm 12,4-5). Os membros da Igreja, são sujeitos
portadores de variadas vocações, carismas, ministérios e, dentro de cada
ministério, há uma multiplicidade de atividades e serviços
concretos.
Os sujeitos eclesiais vivem em diversos
contextos, com múltiplas sensibilidades de acordo com a própria condição
existencial, vocação, carisma e missão; podem ser crianças, adolescentes,
jovens, adultos, idosos; todos são chamados à comunhão unidos a mesma cabeça,
que é Jesus Cristo. Somos uma família que deve crer, viver, trabalhar e caminhar
juntos!
Na multiplicidade das categorias dos
sujeitos eclesiais encontramos os jovens. Eles são portadores de grandes
talentos, carismas, ideias, sensibilidades e, por isso, tem muito para
enriquecer a Igreja. A promoção de uma pastoral juvenil na perspectiva sinodal
nos desafia a pensar em muitas questões. A sinodalidade tem diversas dimensões,
depende de muitos fatores e nos desafia a cultivar uma variedade de olhares e
iniciativas.
Cultivar a escuta, a empatia e a compaixão para
com a situação existencial dos jovens. Quando a realidade juvenil não é vista,
conhecida e acolhida, o tratamento dispensado aos jovens tende a ser frio; isso
significa que não podemos pensar em respostas globalizadas para os problemas
juvenis.
Levar em conta a diversidade de
situações existenciais presentes na pluralidade dos contextos juvenis: na
área urbana (centro e periferia), rural, ribeirinha, indígena, afrodescendente
etc. Temos muitas situações existenciais juvenis negativas: drogadição,
criminalidade, vazio existencial, desânimo, descrença, pobreza, desemprego…
Esses fenômenos atingem a vida pessoal, os amigos, a família, o mundo do lazer,
a educação, do trabalho, as comunidades… etc. Também devemos
considerar o grande potencial positivo dos jovens: a alegria, a sensibilidade,
o entusiasmo, a criatividade, a adaptabilidade, abertura ao novo, a
propositividade etc.
Favorecer a sintonia com magistério da
Igreja e do Papa Francisco; nestes últimos anos o magistério da Igreja em
diversos níveis nos ofertou muitos documentos com fortes estímulos para a
pastoral juvenil: Aparecida, Evangelii Gaudium, Christus Vivit, Gaudete et
Exsultate, Amoris Laetitia, Laudato Sí, Querida Amazônia, Fratelli Tutti… etc.
Em todos esses documentos encontramos muitas pistas para a pastoral juvenil e
convites à experiências, tais como: a economia de Francisco, o Pacto Educativo
Global, o voluntariado, a amizade social, a missionariedade, Leitura Orante
etc.
Estimular o encontro e a amizade entre
a diversidade das expressões juvenis: há muitos carismas, sensibilidades,
organizações juvenis; é preciso que todos sejam estimulados a assimilar os
mesmos princípios pastorais, a sentirem-se caminhando com a Igreja, sem
paralelismo pastoral, ou à margem dos grandes anseios eclesiais.
Promover uma pastoral juvenil dentro
da pastoral de conjunto em profundo diálogo com as outras pastorais,
sobretudo, aquelas com mais afinidade com a pastoral juvenil como por exemplo,
a pastoral catequética, a pastoral familiar, a pastoral universitária
etc.
Restaurar a dimensão juvenil de todas
as pastorais, grupos, movimentos e ministérios dentro das paróquias. O
fechamento das forças vivas em nível paroquial, consequentemente, gera o
envelhecimento da pastoral juvenil que, por sua vez, atrofia a renovação e o
crescimento da Igreja. Todas as forças vivas são convocadas à revitalização e
rejuvenescimento motivando, convocando e envolvendo os jovens em suas
atividades.
Promover a cultura projetual na
pastoral juvenil em todos os níveis, contextos e expressões, considerando
os mesmos princípios universais da Igreja na atualidade; há grandes temas para
serem refletidos e vividos por todos os sujeitos eclesiais: ser Igreja em
saída, a conversão pastoral, a sinodalidade…; cada expressão juvenil e níveis
de organização deveria ter um projeto de desenvolvimento e fortalecimento da
pastoral juvenil.
A sinodalidade da pastoral juvenil deve
considerar a necessidade do uso de novos meios, metodologias pastorais, experiências,
atividades, ambientes pastorais; nesse horizonte está o uso das redes sociais,
a virtualidade, o lazer, as artes, o entretenimento…
Promover o acompanhamento, a experiência
de processos e a sensibilidade para com a questão do projeto de vida;
caminhar juntos pressupõe a fé nos mesmos ideais fundamentais: o Reino de Deus,
a santidade, a vida eterna.
Formar para o protagonismo juvenil partindo
do treinamento de líderes estimulando a assimilação de princípios como
comunhão, corresponsabilidade, colegialidade, convergência, sentido de
pertença, fraternidade, cooperatividade, trabalho em equipe (ação
conjunta).
Promover e reforçar o conhecimento da Cristologia
e da Eclesiologia. Para isso é de fundamental importância estimular os
jovens a conhecer os Evangelhos e o dinamismo de vida das primeiras comunidades
através da leitura dos Atos dos apóstolos. A ignorância sobre Cristo, gera a
ignorância sobre a Igreja. Permanecer no amor e na comunhão é impossível sem a
comunhão com Jesus Cristo. Hoje há um mercado muito grande sobre modelos
de cristos e de igrejas, que gera confusão na mente dos jovens. Isso
requer séria catequese (IVC). “CRISTO VIVE: é Ele a nossa esperança e a mais
bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se
de vida… Ele vive e quer-te vivo! Está em ti, está contigo e jamais te deixa.
Por mais que te possas afastar, junto de ti está o Ressuscitado, que te chama e
espera por ti para recomeçar. Quando te sentires envelhecido pela tristeza, os
rancores, os medos, as dúvidas ou os fracassos, Jesus estará a teu lado para te
devolver a força e a esperança” (CV, 1-3). É preciso conhecê-lo!!!
Investir na formação humana e espiritual.
Muitas vezes, a comunhão na pastoral juvenil fica comprometida por causa das
lacunas humanas e deficiências na vida espiritual que gera preconceitos,
desconfiança, individualismo, intimismo, brigas, discriminação, isolamento,
polarização, vaidade… A resposta para esses problemas está na formação humana
que proponha a reflexão sobre a acolhida da diversidade, a gestão de problemas,
a experiência do perdão, a paciência, a visão de processos, a colaboração,
resiliência etc. É preciso também a formação espiritual que promova a
experiência da mística, que estimule os jovens a conhecer e a amar a Igreja, a
vivenciar os sacramentos e a buscar da santidade. Não há pastoral sem o ideal
da santidade, a pastoral é meio de santidade.
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
A sua paróquia está a devida atenção aos
jovens? Há jovens nos Conselhos Paroquiais?
As diversas forças vivas da sua paróquia
estão sendo sensíveis aos jovens?
O que significa “pastoral de conjunto”?
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Dom Antônio de Assis Ribeiro - Bispo
Auxiliar de Belém (PA)
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