o 6º Domingo da Páscoa
Jesus veio anunciar aos seus discípulos
que, após a sua morte, Ele ressuscitará, e o Espírito Santo ajudará os
discípulos a não esquecer o que fez e disse.
Jesus gostava de dizer que nunca estava só.
Vêmo-lo retirar-se para a montanha, só, mas para se juntar a seu Pai. E promete
aos discípulos não os deixar órfãos porque lhes enviará o seu Espírito, o
Espírito Santo, o Defensor.
Na hora das grandes confidências, pouco tempo antes da sua paixão, Jesus anuncia aos seus discípulos que virá habitar neles com o seu Pai, na condição de permanecerem fiéis à sua palavra. Parece dizer: «se quereis que venhamos habitar em vós, aceitai morar na fidelidade a toda a mensagem que vos transmiti».
Não somente o Pai e o Filho querem habitar
nos discípulos, mas o Espírito Santo também habitará neles para ensinar e fazer
recordar-se de tudo o que Jesus lhes disse. Sabemos que há duas formas de
morte: a morte física e o esquecimento.
Jesus veio anunciar aos seus discípulos
que, após a sua morte, Ele ressuscitará, e o Espírito Santo ajudará os
discípulos a não esquecer o que fez e disse: eles farão memória, recordando-se
d’Ele, mas, sobretudo, proclamando-O vivo hoje até à sua vinda na glória.
E uma forma de Cristo perpetuar a sua
memória e a sua mensagem viva e real entre nós é precisamente através do
sacerdócio.
O sacerdócio ministerial é o sacerdócio dos
bispos e padres (não dos diáconos); o sacerdócio comum dos fiéis é o sacerdócio
de todos os batizados. Sacerdote significa: aquele que oferece o sacrifício. E
sacrifício significa oferta sagrada. Então, o sacerdote é aquele que oferece a
Deus um sacrifício.
Cristo é, a bem dizer, o único verdadeiro
sacerdote: sacerdote único e eterno porque Se ofereceu a Si mesmo no altar da
cruz. Ele próprio é, ao mesmo tempo, o sacerdote e a oferta.
Chamamos sacerdotes aos padres porque,
agindo «na pessoa de Cristo Cabeça», eles oferecem no altar o sacrifício de
Cristo na Cruz, atualizado através da Eucaristia. Porém, todo o batizado é,
pelo seu batismo, sacerdote, como Cristo.
Então, sendo sacerdotes, que oferta sagrada
é que oferecem a Deus? O cristão oferece a Deus em sacrifício a sua vida. Isto
não quer dizer que faça da sua vida um sacrifício, sofrimento, mas sim um
sacrifício, oferta a Deus, oblação.
Embora os seus sofrimentos também façam
parte da sua oferta, pois o batizado consagra ao seu Senhor toda a sua vida,
tudo aquilo que é. Ele é consagrado pelo batismo e pela unção do Espírito
Santo para oferecer, mediante todas as obras do cristão, sacrifícios
espirituais.
Este «sacerdócio comum» é o de Cristo,
único Sacerdote, do qual participam todos os seus membros. E é o selo batismal
os compromete e os torna capazes de: servir a Deus mediante uma participação
viva na santa liturgia da Igreja; e de exercer o seu sacerdócio baptismal pelo
testemunho duma vida santa e duma caridade eficaz.
Sacerdócio comum e ministerial são duas
participações no mesmo sacerdócio de Cristo, Único Sacerdote. Sacerdócio
«comum» não quer dizer inferior. Bem pelo contrário, o sacerdócio ministerial
(dos bispos/padres) existe por causa do sacerdócio comum (de todos os
batizados), e não o contrário.
Na verdade, o sacerdócio comum dos fiéis
realiza-se através do desenvolvimento do seu baptismo: vivendo uma vida de fé,
esperança e caridade, uma vida segundo o Espírito. Ora, o sacerdócio
ministerial proporciona ao batizado os meios de que ele necessita para viver a
vida divina que recebeu no batismo. O sacerdote é um dispensador desses meios,
principalmente dos sacramentos. Ninguém tem direito a ser padre: a comunidade é
que tem direito a que ele seja padre!
Mas os padres continuam a viver, também, o
sacerdócio comum dos fiéis. Antes de serem padres são batizados: «Convosco sou
cristão; para vós sou bispo» (Santo Agostinho).
Padre Cesar Augusto, SJ
.................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va
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