A exigência de crescer
Como ser simplista num mundo cada dia mais
complexo?
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Arte: Tiago Maia |
As coisas não são tão simples como parecem:
tudo é muito complexo!
Por exemplo, a cadeira onde você está
sentado, agora, é toda feita de átomos e moléculas: nada tão simples, concorda
comigo? Tanto, que o que chamamos de “cadeira” nos conduz a mistérios
insondáveis!
A realidade não termina onde colocamos
ponto final.
Toda vez que indagamos sobre o que
realmente está acontecendo ao derredor, temos de estar preparados para ouvir
uma longa história. Se fazemos à vida perguntas complexas, não seria tolice
reclamar quando não recebemos respostas simplistas e lineares?
Precisamos nos aprofundar nas certezas que
sustentamos e que nos sustentam. Certas versões dessas certezas foram adaptadas
para crianças da pré-escola, antes delas crescerem. Mas elas cresceram!
Toda vez que você tenta pensar como adulto,
há quem se queixe de que fala mais à cabeça do que ao coração. Como se o ser
humano fosse um armário com portas e gavetas, e fosse possível engavetar as
ideias num recesso de tranquilidade impassível que, aliás, nem existe.
Então, coração e cabeça não fazem parte de
um mesmo corpo?
A realidade é sempre maior do que a
suposição que fazemos dela. Se quisermos que ela seja óbvia, corremos o risco
de voltar à época em que se pensava que o Sol girava ao redor da Terra. E não
há nada mais enganoso do que essa aparência!
Toda vez que a verdade for excluída do
regime da realidade, fique atento para observar o quanto ainda precisa crescer
para enxergar as coisas sem medo de vê-las.
Crescer não é uma escolha, é uma exigência!
Quando eu era criança, falava como
criança, sentia como criança e pensava como criança. Agora que sou adulto,
parei de agir como criança (1Coríntios 13,11).
Dom José Francisco Rezende Dias - Arcebispo de Niterói (RJ)
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