Brasil que almejamos
Está presente no coração das pessoas o
desejo de felicidade, da construção de vida digna e de realização pessoal. Esse
desejo, que deve se transformar em realidade concreta, depende de esforço de
cada um e do ambiente que o favoreça. O querer não significa realidade numa
cultura onde domina o espírito individualista. O “eu” depende do “nós”, da
partilha e do compromisso social.
Dom Paulo Peixoto |
Dentro desse contexto, podemos refletir
sobre o Brasil que almejamos, vendo um sinal evidente de que há muito para ser
feito e para se tornar ambiente de realização humana. Enquanto uma minoria vive
numa realidade privilegiada, a maioria fica na impossibilidade de realizar
aquilo que realmente pretende como cidadãos, que têm os mesmos direitos e
deveres constitucionais.
O ser humano não deveria viver na condição
de forasteiro, sem rumo, como se não fizesse parte de uma nação. O mundo, o
país, a terra e os bens da natureza em geral, são propriedade de todos, e não
monopólio de uma minoria. Muitas pessoas clamam diante de sua aflição, suas
angústias e miséria. Biblicamente falando, da terra emana “leite e mel”, mas
quando todos têm acesso a ela.
O clima da política brasileira já está
tomando fôlego. É uma realidade que se repete na preparação para as eleições,
momento de extrema importância, porque o Brasil que almejamos só se concretiza
com ações políticas feitas com responsabilidade e políticas públicas voltadas
para necessidades urgentes dos cidadãos. Supõe também a participação lúcida dos
eleitores com sufrágio de seu voto.
Queremos um Brasil onde todos os cidadãos
consigam ter as condições mínimas para viver, tenham teto, terra e trabalho. Um
País que defenda a vida de sua gente dentro das condições colocadas e
profetizadas pelo Papa Francisco, ao dizer: “Nenhuma família sem casa, nenhum
camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a
dignidade que provém do trabalho”.
A Sagrada Escritura diz que não é só de pão
que vive a pessoa (cf. Dt 8,3), mas sem ele é quase impossível a sobrevivência.
No meio de tanta fartura das grandes empresas, gerando enormes dividendos, o
Brasil, na história dos últimos tempos, não tem proporcionado uma política que
possibilite uma saudável economia familiar, geradora de trabalho, de casa e de
alimento.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo
Metropolitano de Uberaba – MG
.................................................................................................................................................. Fonte: cnbb.org.br
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