"O mal nunca pode vir de Deus porque
Ele "não nos trata segundo os nossos pecados", mas segundo a sua
misericórdia. "É o pecado que produz a morte; são os nossos egoísmos que
despedaçam os relacionamentos; são nossas escolhas erradas e violentas que
desencadeiam o mal." A verdadeira solução, portanto, é a conversão, com o
convite para acolhê-la com o coração aberto.
Um Deus castigador, que envia desgraças
para punir nossos pecados? Não, “Deus é Pai e olha para nós como um pai, o
melhor dos pais. Não vê os resultados que você ainda não alcançou, mas os
frutos que você ainda poderá dar". Um belo nome para ele seria "o
Deus de outra possibilidade".
Inspirado no Evangelho de Lucas (Lc
13,1-9), Francisco procura desfazer a ideia que muitas vezes temos de um Deus
responsável pelas nossas desgraças, muitas das quais, meras consequências de
nossos pecados, de escolhas equivocadas que desencadeiam o mal. Assim,
especialmente neste tempo da Quaresma, o convite urgente à conversão.
Castigo de Deus?
Dirigindo-se aos milhares de fiéis e
turistas presentes na Praça São Pedro (30 mil, segundo a Gendarmaria), o Papa
começa explicando a passagem do Evangelho que fala das notícias que chegavam a
Jesus de mortes devido à violência de Pilatos e da queda da torre de Siloé.
Diante destas tragédias, as pessoas queriam saber quem era o culpado. “Talvez
essas pessoas fossem mais culpadas do que outras e Deus as puniu?”,
perguntavam. Questionamentos, observou Francisco, “sempre atuais”:
Quando as más notícias nos oprimem e nos
sentimos impotentes diante do mal, muitas vezes nos perguntamos: trata-se, quem
sabe, de um castigo de Deus? É Ele quem envia uma guerra ou uma pandemia para
nos punir por nossos pecados? E por que o Senhor não intervém?
No contexto destes questionamentos, um
alerta:
Devemos estar atentos: quando o mal nos
oprime, corremos o risco de perder a lucidez e, para encontrar uma resposta
fácil para o que não podemos explicar, acabamos culpando a Deus. E tantas
vezes o mal hábito das blasfêmias vem disto. Quantas vezes atribuímos a Ele as
nossas desgraças, atribuímos as desventuras no mundo a Ele que, pelo contrário,
sempre nos deixa livres e, portanto, nunca intervém impondo-se, apenas
propondo-se; a Ele que nunca usa a violência e, de fato, sofre por nós e
conosco!
O mal nunca pode vir de Deus, Ele nos trata
segundo sua misericórdia
O Papa explica que Jesus “rejeita e
contesta fortemente a ideia de atribuir nossos males a Deus: aquelas pessoas
que foram mortas por Pilatos e aqueles que morreram debaixo da torre não eram
mais culpados do que os outros e não são vítimas de um Deus impiedoso e
vingativo, que não existe!”.
“O mal nunca pode vir de Deus porque Ele
"não nos trata segundo os nossos pecados", mas segundo a sua
misericórdia. É o estilo de Deus. Não pode tratar-nos de outra forma. Sempre
nos trata com misericórdia.”
Ao contrário, ao invés de culparmos
Deus, devemos olhar para dentro de nós mesmos:
É o pecado que produz a morte; são os
nossos egoísmos que despedaçam os relacionamentos; são nossas escolhas erradas
e violentas que desencadeiam o mal.
Acolher o convite à conversão com coração
aberto
A verdadeira solução, portanto, é a
conversão: "Se não vos converterdes - diz ele – ireis morrer todos do
mesmo modo":
É um convite urgente, sobretudo neste tempo
de Quaresma. Acolhamo-lo com o coração aberto. Convertamos-nos do mal,
renunciando àquele pecado que nos seduz, abramo-nos à lógica do Evangelho:
porque, onde reinam o amor e a fraternidade, o mal já não tem poder!
Francisco recorda que Jesus sabe que “não é
fácil converter-se, e que nos ajudar nisto. Sabe que tantas vezes recaímos nos
mesmos erros e nos mesmos pecados; que nos desencorajamos e, talvez, nos pareça
que nosso esforço no bem é inútil em um mundo onde o mal parece reinar.”
O "Deus de outra possibilidade"
Assim, depois do apelo à conversão –
acrescentou o Papa – Jesus nos encoraja com uma parábola que fala da paciência
de Deus, com a “imagem consoladora de uma figueira que não dá frutos no período
estabelecido, mas que não é cortada: lhe é dada mais tempo, outra
possibilidade”:
Deus, o melhor dos pais
E observa que “assim faz o Senhor conosco:
não nos separa de seu amor, não desanima, não se cansa de nos devolver a
confiança com ternura”:
Irmãos e irmãs, Deus acredita em nós! Deus
confia em nós e nos acompanha com paciência, a paciência de Deus conosco. Ele
não desanima, mas sempre coloca esperança em nós. Deus é Pai e olha para você
como um pai: como o melhor dos pais, não vê os resultados que você ainda não
alcançou, mas os frutos que você ainda poderá dar; não leva em conta suas
faltas, mas encoraja suas possibilidades; não se concentra no seu passado, mas
aposta com confiança no seu futuro. Porque Deus está perto de nós, Ele
está perto de nós. O estilo de Deus - não esqueçamos -: proximidade, ele está
próximo, com misericórdia e ternura. E assim nos acompanha Deus: próximo,
misericordioso e terno.
Peçamos, portanto, à Virgem Maria - foi o
convite do Santo Padre ao concluir - que nos dê esperança e coragem, e acenda
em nós o desejo de conversão
Jackson Erpen
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Assista:
.................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va
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