Dom Joel Portella |
Nesta Quarta-feira de Cinzas, 2 de março, a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou virtualmente a Campanha
da Fraternidade de 2022, com o tema: “Fraternidade e Educação” e o
lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina
com amor”.
Antes do lançamento oficial foi realizada
uma missa com o rito de imposição das cinzas, na sede da entidade, em Brasília
(DF). A celebração foi presidida pelo bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de
Janeiro e secretário-geral da Conferência, dom Joel Portella Amado.
Na solenidade, o secretário-geral, lembrou
da convocação do Papa Francisco para este 2 de março que é o Dia de Oração e
Jejum pela Ucrânia. Na homilia, dom Joel destacou a importância do período
quaresmal e dos seus principais eixos: jejum, esmola e oração. Participaram da
missa assessores e colaboradores da CNBB.
Abertura oficial
A abertura oficial da Campanha da
Fraternidade ocorreu com a divulgação de um vídeo às 10h, com pronunciamentos
dos membros da presidência da CNBB e convidados.
No vídeo, o secretário geral da CNBB
salientou que é preciso olhar a realidade da educação, buscar seus fundamentos
e seus objetivos mais profundos para que em todas as situações da vida se possa
falar com sabedoria e ensinar com amor.
“Cheguemos à Páscoa do Senhor com o coração
transformado, um coração que trabalha para o mundo, uma sociedade de paz, de
justiça social, fraternidade bem comum, amor e fé”.
Na sequência, o arcebispo de Belo
Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo,
afirmou que “no horizonte de todos como Igreja que ajuda a construir a
sociedade se põe essa especial oportunidade de serviço à vida plena”.
Dom Walmor disse que a CNBB está certa da
importância prioritária da educação em tempos novos na vida de cada cidadão e
cidadã das famílias, em comunidades e no conjunto da sociedade
brasileira.
A educação é o pilar da paz e, por isso
mesmo, precisa receber sempre mais investimento significativo de todos,
governantes, empreendedores, instituições, segmentos todos. Por isso
mesmo, a nossa Conferência, a CNBB, promovendo a CF, busca fomentar a participação
de todos no fortalecimento do campo educacional, iluminar compreensões,
despertar comprometimentos e a convicção de que o tempo novo na sociedade se
constrói e se sustenta através da prioridade da educação integral e
qualificada.
O arcebispo de Goiânia (GO) e presidente da
Comissão para a Cultura e Educação da CNBB, dom João Justino, expressou
que ao iniciar a Quaresma, os católicos do Brasil, com o coração de pastores
movidos pela força do amor de Deus e da missão que foi confiada, se dirigem a
todas as famílias, aos educadores, aos gestores para “lhes falar de um tema tão
caro à educação, tema este refletido na CF de 2022”.
Veja a cerimônia de abertura na íntegra:
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Mensagem do Papa
Também foi apresentada a mensagem do Papa
Francisco por ocasião da abertura oficial da Campanha da
Fraternidade. Sobre o tema da CF deste ano, o Papa Francisco destacou ser
importante refletir sobre a relação entre “Fraternidade e Educação”,
“fundamental para a valorização do ser humano em sua integralidade, evitando a
‘cultura do descarte’ – que coloca os mais vulneráveis à margem da sociedade –
e despertando-o para a importância do cuidado da criação”.
A CF 2022, para o Papa, é oportunidade para “reconhecer e valorizar a importante missão da Igreja no âmbito educativo”. E neste contexto da abordagem da educação, o pontífice apresentou dois desejos para a vivência da Campanha da Fraternidade no Brasil.
Coletiva de Imprensa
A Assessoria de Comunicação da CNBB
organizou uma coletiva de imprensa, com representantes da direção da entidade,
por meio da plataforma Zoom.
Atenderam à imprensa o secretário geral da
CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), dom Joel Portella; o secretário-executivo
de Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel Batista, e o membro da Pastoral da
Educação e da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da CNBB,
padre Júlio César Rezende.
Dom Joel saudou os presentes e os acolheu
em nome da presidência da entidade.
O representante do jornal O Globo, André de
Souza, perguntou da posição da CNBB com relação a questão da vacinação nas
escolas. Dom Joel disse que para a CNBB tem sido muito claro não
vincular vacinação apenas à necessidade de ir à escola.
“A vacinação é um dever e um direito e
precisa ser feita. Nesse sentido, o ir à escola é um aspecto, mas a realidade é
muito maior, pois estamos num desafio de salvar vidas”.
A enviada da TV Evangelizar, Fabiana
Wantuch, questionou sobre ações para que a CF seja realizada, e se haveria
algum gesto concreto. Padre Patriky Samuel Batista,
secretário-executivo de Campanhas, salientou o objetivo geral da Campanha e disse
que as comunidades já têm uma vivência nessa caminhada. Citou os encontros nas
comunidades e a via sacra.
“Cada paróquia e cada diocese já tem
iniciativas criativas. O grande segredo é não perder a oportunidade de vivê-la,
pensando na comunidade de fé com contextos educativos”.
A representante da TV Globo, Luísa Doyle,
quis saber qual era a posição da CNBB com relação a guerra na Ucrânia e a
posição da CNBB sobre o posicionamento do governo Bolsonaro nesse
contexto. Dom Joel agradeceu a pergunta e disse que “seria insensível
tocar em fraternidade e não tocar na dor, no sofrimento dos irmãos da Ucrânia”.
Disse também que não era uma questão da CNBB, de uma pessoa ou de outra, mas de
toda a Igreja.
Utilizando-se das palavras do Papa sobre a
guerra na Ucrânia, dom Joel salientou, ainda, que não podemos usar outra
linguagem que não seja a da paz, da fraternidade. “Estamos precisando nos
educar para a paz, para a fraternidade”, salientou.
Com relação a posição do governo
brasileiro, dom Joel disse que se tratava da posição de todas as instâncias que
não se posicionam claramente contra a guerra, não se posicionam a favor da paz.
Há uma responsabilidade que é humana e que
é independente de crença (…). Não basta cruzar os braços. Se há uma
guerra, uma violência, é preciso manifestar indignação e se trabalhar pela
paz.
Thaís Cândido, da Rádio FM Padre Cícero,
questionou sobre como os meios de comunicação poderiam ajudar na vivência e
divulgação da CF. E a Andrea Bonatelli, da Rede Vida, sobre como pode-se
trabalhar o tema da CF para além da Quaresma.
Padre Patriky disse que era preciso educar
para a realidade. “Os meios de comunicação podem oferecer muita contribuição
nesse sentido. A campanha é uma plataforma de diálogo com a sociedade muito
importante”, disse.
Padre Júlio César Rezende, assessor do
Setor Educação da CNBB, salientou que quando os meios de comunicação
colaboram e apresentam novas sugestões para a Campanha, eles já contribuem na
função de educar para o humanismo solidário. “Os meios têm um papel importante para
cooperar nessa função”, considerou.
Outro assunto abordado foram os reflexos
negativos que a pandemia trouxe principalmente na questão do processo de
ensino. Os jornalistas queriam saber como a Igreja pode ajudar para diminuir
esses impactos.
O representante da Pastoral da
Educação argumentou que realmente a pandemia trouxe vários desafios e
escancarou ainda mais as desigualdades em nosso país. O coordenador de
Campanhas da CNBB ponderou, ainda, a importância de sermos chamados a
intensificar ainda mais a participação nos conselhos de educação de
estados e municípios.
“Vejo que como resposta devemos ser
solidários e fraternos. Nossa ação como comunidade de fé, nosso empenho
comunitário e o acompanhamento de políticas públicas devem tentar reverter essa
situação”.
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O Papa Francisco deseja ao Brasil que o
Tempo Quaresmal seja ocasião de “verdadeira conversão” e que as sementes
lançadas ao longo deste caminho frutifiquem “em ações concretas a favor de uma
educação integral e de qualidade”. Assim ele expressou seus votos no início da
Quaresma deste ano, com a Mensagem por ocasião da abertura da Campanha da
Fraternidade 2022.
Francisco recordou o início da caminhada
quaresmal, salientando as práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração
pelas quais, neste tempo, se vai “ao encontro pessoal e renovador com o
Ressuscitado, em quem temos a verdadeira vida e do qual devemos ser fiéis
testemunhas”.
Sobre o tema da CF deste ano, Francisco
destacou ser importante refletir sobre a relação entre “Fraternidade e
Educação”, “fundamental para a valorização do ser humano em sua integralidade,
evitando a ‘cultura do descarte’ – que coloca os mais vulneráveis à margem da
sociedade – e despertando-o para a importância do cuidado da criação”.
“Ao olhar para a sociedade hodierna, percebe-se
de maneira muito clara a urgência em adotar ações transformadoras no âmbito
educativo a fim de que tenhamos uma educação promotora da fraternidade
universal e do humanismo integral”, observa Francisco, destacando o convite
para o Pacto Educativo Global.
A CF 2022, para o Papa, é oportunidade para
“reconhecer e valorizar a importante missão da Igreja no âmbito educativo”. E
neste contexto da abordagem da educação, o pontífice apresentou dois desejos
para a vivência da Campanha da Fraternidade no Brasil.
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Confira a mensagem na íntegra
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Ao iniciarmos a caminhada quaresmal de
conversão rumo à celebração do Mistério Pascal de Cristo, nos dispomos a ouvir
o chamado de Deus que deseja conduzir-nos, através das práticas penitenciais do
jejum, da esmola e da oração, ao encontro pessoal e renovador com o
Ressuscitado, em que temos a verdadeira vida e do qual devemos ser fiéis
testemunhas.
Para auxiliar os fiéis nesse percurso de
encontro, a Igreja no Brasil propõe à reflexão de todos, na Campanha da
Fraternidade deste ano, o importante tema da relação entre “Fraternidade e
Educação”, fundamental para a valorização do ser humano em sua integralidade,
evitando a “cultura do descarte” – que coloca os mais vulneráveis à margem da
sociedade – e despertando-o para a importância do cuidado da criação.
Efetivamente, ao olhar para a sociedade
hodierna, percebe-se de maneira muito clara a urgência em adotar ações transformadoras
no âmbito educativo a fim de que tenhamos uma educação promotora da
fraternidade universal e do humanismo integral, como recordado no convite para
um Pacto Educativo Global: “Nunca, como agora, houve necessidade de unir
esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de
superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem
a uma humanidade mais fraterna” (Mensagem, 12/IX/19).
Ao mesmo tempo que se reconhece e valoriza
a responsabilidade dos governos na tarefa de auxiliar as famílias na educação
dos filhos, garantindo a todos o acesso à escola, deve-se igualmente reconhecer
e valorizar a importante missão da Igreja no âmbito educativo: “As religiões
sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as atividades
religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. Como no passado, também
hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas,
ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo
a fraternidade universal” (Discurso, 5/X/21).
Desejo de todo o coração que a escolha do
tema “Fraternidade e Educação” torne-se causa de grande esperança em cada
comunidade eclesial e de efetiva renovação nas escolas e universidades
católicas, a fim de que, tendo como modelo de seu projeto pedagógico a Cristo,
transmitam a sabedoria educando com amor, tornando-se assim modelos desta
formação integral para as demais instituições educativas.
Desejo igualmente, queridos irmãos e irmãs,
que o itinerário quaresmal, iluminado pela reflexão proposta, seja ocasião de
verdadeira conversão e que as sementes lançadas ao longo deste caminho
encontrem nos corações dos fiéis a boa terra onde possam frutificar em ações
concretas a favor de uma educação integral e de qualidade.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa
Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as
iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado
a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial
àqueles que se empenham por uma educação mais fraterna, a Bênção Apostólica,
pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 10 de janeiro de
2022.
Franciscus
.................................................................................................................................................. Fonte: cnbb.org.br
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