os pais se aproximam a Deus que perdoa sempre com alegria
Deus não sabe perdoar sem festejar e acolhe
sempre plenamente. No Angelus, o Papa Francisco exortou os fiéis a não caírem
no erro de uma religião formada de deveres e proibições, e a aprenderem da
ternura de Deus que não só acolhe novamente, mas se alegra e faz festa por seu
filho que voltou para casa.
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (27/03), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
A Liturgia deste domingo narra a Parábola
do Filho Pródigo que "nos leva ao coração de Deus, que perdoa sempre com
compaixão e ternura. Deus perdoa sempre, somos nós que nos cansamos de pedir
perdão a Ele". Segundo Francisco, esta parábola "nos diz que Deus é
Pai, que não só acolhe novamente, mas se alegra e celebra seu filho, que voltou
para casa depois de ter desperdiçado todos os seus bens. Nós somos esse filho,
e é comovente pensar no quanto o Pai sempre nos ama e nos espera".
Rigidez em relação ao próximo
O Papa recordou que na "parábola há
também o filho mais velho, que entra em crise diante desse Pai. E isso pode nos
colocar em crise também. De fato, dentro de nós há também esse filho e, pelo
menos em parte, somos tentados a dar-lhe razão: ele sempre cumpriu seu dever,
não saiu de casa, por isso se indigna ao ver o Pai abraçar novamente o irmão
que tinha se comportado mal. Ele protesta e diz: «Há tantos anos que te sirvo e
nunca desobedeci às tuas ordens», mas para «este teu filho» você faz festa! Não
te entendo. Esta é a indignação do filho mais velho".
Destas palavras surge o problema do filho
mais velho. Em seu relacionamento com o Pai, ele baseia tudo na pura
observância dos comandos, no sentido do dever. Este também pode ser o nosso
problema, o nosso problema conosco e com Deus: perder de vista o fato de que
Ele é Pai e viver uma religião distante, formada de proibições e deveres. E a
consequência desta distância é a rigidez em relação ao próximo, que não é visto
mais como um irmão. Na parábola, de fato, o filho mais velho não diz ao Pai meu
irmão, mas seu filho, como se dissesse: não é meu irmão. E no final é ele quem
corre o risco de ser deixado fora de casa. Na verdade, diz o texto, "ele
não queria entrar", por causa do outro.
Então, o Pai sai para suplicá-lo:
"Filho, você está sempre comigo e tudo o que é meu é seu". "Ele
tenta fazê-lo entender que para ele cada filho é toda a sua vida. Os pais sabem
disso bem, pois se aproximam muito do sentimento de Deus. É bonito o que diz um
pai num romance: «Quando me tornei pai, entendi Deus»", frisou o Papa.
Procurar quem está distante
Segundo Francisco, "neste ponto da
parábola, o Pai abre o coração a seu filho mais velho e lhe expressa duas
necessidades, que não são ordens, mas necessidades do coração: "Era
preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a
viver». Vejamos se também nós temos em nossos corações as duas necessidades do
Pai: festejar e se alegrar".
Primeiramente, festejar, ou seja, mostrar
nossa proximidade a quem se arrepende ou está a caminho, a quem está em crise
ou está distante. Por que é preciso fazer assim? Porque isto ajudará a superar
o medo e o desânimo que podem surgir da lembrança dos próprios pecados. Quem
errou, muitas vezes se sente repreendido por seu próprio coração; distância,
indiferença e palavras duras não ajudam. Portanto, segundo o Pai, é necessário
oferecer-lhe um acolhimento caloroso que o encoraje a seguir em frente. Nós
fazemos isso? Procuramos quem está distante, desejamos fazer festa com ele?
Quanto bem pode ser feito por um coração aberto, uma escuta verdadeira, um
sorriso transparente; fazer festa, não fazer sentir desconfortável! O pai
poderia ter dito: tudo bem filho, volta para casa, volta a trabalhar, vá para o
seu quarto, acalme-se e comece a trabalhar e isso teria sido um perdão bom. Mas
não! Deus não pode perdoar sem festejar! E o pai festeja. Sente a alegria pelo
seu filho que voltou.
Então, de acordo com o Pai, é preciso se
alegrar. Segundo o Papa, "quem tem o coração sintonizado com Deus se
alegra ao ver o arrependimento de uma pessoa, por mais graves que tenham sido
seus erros. Não se mantém firme nos erros, não aponta o dedo para o mal, mas se
alegra com o bem, porque o bem do outro também é o meu!" "E nós,
sabemos ver os outros assim? Sabemos nos alegrar pelos outros?", perguntou
Francisco, que a seguir, contou uma história, inventada, sobre o tema do Filho
Pródigo, que mostra o coração do pai. Um jovem que queria voltar para casa, mas
tinha medo que o pai o rejeitasse, que não o perdoasse. Então, um amigo o
aconselhou a escrever uma carta a seu pai, dizendo que sentia muito e que
gostaria de voltar, mas não tinha certeza se o pai ficaria feliz. Portanto, se
o pai quisesse recebê-lo, deveria colocar um lenço branco na janela. "Ele
se colocou a caminho e quando estava perto da casa, quando o caminho fez uma
curva, ele se encontrou diante de casa. E o que ele viu? Não um lenço, mas
vários lenços brancos nas janelas, em tudo! Assim, o Pai nos recebe com
plenitude, com alegria. Este é o nosso Pai", concluiu o Papa, pedindo à
Virgem Maria para que "nos ensine a acolher a misericórdia de Deus, para
que se torne a luz na qual olhar o nosso próximo".
Mariangela Jaguraba
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Assista:
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Francisco:
abolir a guerra, antes que ela
apague o homem da história
O pensamento do Papa está sempre voltado
para a Ucrânia: "É preciso repudiar a guerra, um lugar de morte onde pais
e mães sepultam seus filhos, onde os homens matam seus irmãos sem sequer tê-los
visto, onde os poderosos decidem e os pobres morrem".
Após a oração mariana do Angelus, deste domingo (27/03), o Papa Francisco fez novamente um apelo pela paz na Ucrânia.
Mais de um mês se passou desde o início da
invasão da Ucrânia, desde o início desta guerra cruel e insensata que, como
qualquer guerra, representa uma derrota para todos, para todos nós. É preciso
repudiar a guerra, um lugar de morte onde pais e mães sepultam seus filhos,
onde homens matam seus irmãos sem sequer tê-los visto, onde os poderosos
decidem e os pobres morrem.
A seguir, Francisco ressaltou que "a
guerra não só destrói o presente, mas também o futuro de uma sociedade".
"Li que desde o início da agressão contra a Ucrânia, uma a cada duas
crianças foi deslocada do país. Isto significa destruir o futuro, causando
traumas dramáticos nas crianças. Esta é a brutalidade da guerra, um ato bárbaro
e sacrílego", frisou o Papa.
A guerra não pode ser algo inevitável: não
devemos nos acostumar com a guerra! Pelo contrário, devemos converter a indignação
de hoje no compromisso de amanhã. Porque, se sairmos dessa história como antes,
todos seremos culpados de alguma forma. Diante do perigo da autodestruição, a
humanidade entenda que chegou a hora de abolir a guerra, de apagá-la da
história humana antes que ela apague o homem da história.
O Papa pediu "a todos os líderes
políticos que reflitam sobre isso, que se comprometam com isso! E olhando para
a Ucrânia martirizada, entender que cada dia de guerra torna a situação pior
para todos". Por isso, Francisco renovou o seu apelo: "Chega, pare,
calem-se as armas, que se negocie seriamente pela paz!" A seguir, convidou
os fiéis a invocarem a Rainha da Paz, a quem foi consagrada a humanidade,
especialmente a Rússia e a Ucrânia, rezando uma Ave-Maria.
Depois, o Pontífice saudou os romanos e
peregrinos provenientes da Itália e outros países. Saudou os participantes da
Maratona de Roma, que este ano por iniciativa da Athletica Vaticana, vários
atletas participaram de iniciativas de solidariedade em prol das pessoas que na
Cidade Eterna passam necessidade.
Por fim, Francisco recordou a Statio Orbis
de dois anos atrás na Praça São Pedro.
Dois anos atrás, desta praça, elevamos uma
súplica pelo fim da pandemia. Hoje, a fizemos pelo fim da guerra na Ucrânia. Ao
sair da praça, será oferecido a vocês um livro gratuito, produzido pela
Comissão Vaticana Covid-19 com o Dicastério para a Comunicação, a fim de
convidar a rezar nos momentos de dificuldade, sem medo, tendo sempre fé no
Senhor.
Mariangela Jaguraba
.................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va
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