Acolher o Messias
Uma
coisa é o Messias, outra é o Papai Noel. Não que sejam figuras desconectadas do
espírito natalino, mas têm conotações diferentes. O Messias é Jesus Cristo,
Deus feito homem, a começar pela encarnação do Verbo e veio habitar entre nós.
O Papai Noel é uma criação da cultura capitalista moderna, que absorve o tempo
de Natal, mas com foco de motivar e aquecer o comércio.
Dom Paulo |
Acolher
o Messias, principalmente em tempo de Natal, nada mais é do que um convite para
o belo gesto da partilha e de encontro com Ele, que acontece nas pessoas
daqueles que vivem sem condição de vida digna. É reconhecimento da infinita
misericórdia divina, de Deus que vem ao encontro de seu povo, carente de sua
presença. Da parte dos humanos fica o compromisso da gratidão e do louvor.
Diante
dos diversos problemas do mundo moderno, não sei se podemos falar de um
ambiente caótico, quando vemos políticas mal geridas, corrupção, abuso de
autoridade, indiferença religiosa e ações destoantes da justiça e da verdade.
Realidades antagônicas, incompatíveis com o espírito natalino e totalmente
distantes das propostas da salvação trazidas por Jesus Cristo.
Mesmo
com as falhas, fraquezas e hostilidades, Deus quer caminhar com seu povo e não
desiste do plano de salvação. Ele tem um anúncio de convocação para a
generosidade, a gratidão, a alegria e tudo dentro do contexto do testemunho
autêntico de todos os seus seguidores, porque isso é o constitutivo da
verdadeira fé cristã. Não existe Natal sem um processo do amor e da
fraternidade.
A
chegada do Messias suscita esperança e radical renovação de vida. É a proposta
anunciada pelo profeta João Batista, quando diz ser preciso acertar o caminho
para acolher o Menino Deus. Não pode ser um caminho cheio de montanhas e de
vales, de coração vazio e estressado. O momento é de alegria e esperança
renovadas, de olhar para o alto com cabeça levantada e confiante numa vida
melhor.
A vida,
em todos os seus níveis, tem sido muito ameaçada, expressando rejeição aos
ensinamentos deixados pelo Senhor. Eles têm como elevado objetivo, valorizar a
criação e formar, entre as pessoas, a fraternidade e o amor. A Palavra de Deus
precisa ser mais bem escutada, porque ela consegue iluminar o caminho que
conduz o ser humano para gestos concretos de generosidade e partilha.
Dom
Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
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