quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

A Igreja celebra hoje a Solenidade

da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria

Nove meses antes do nascimento de Maria (8 de setembro), a Igreja celebra a Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria. Esta festa foi aprovada pelo Papa Sisto IV, em 1476, e, depois, de modo extensivo para toda a Igreja, por Clemente XI, em 1708. Trata-se do fato de que Maria, por singular privilégio, foi preservada de toda mancha de pecado, desde o primeiro momento da sua existência.

«Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Ave, cheia de graça! O Senhor está contigo”. Ela se perturbou com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria, pois encontraste graça junto a Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria, então, perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço o homem?” E o anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível”. Então Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo se retirou» (Lc 1,26-38).

Um sonho de amor

O texto do Evangelho, que a liturgia nos propõe na segunda leitura para esta festa, é extraído da Carta aos Efésios (1,3ss). Trata-se de um hino de louvor, glória, bênção, para celebrar o "desígnio" de Deus sobre a humanidade: “Bendito sejais Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoastes com toda a bênção espiritual... e nos escolhestes... para sermos santos e irrepreensíveis... e adotados como filhos”. Um sonho e um plano, que encontra em Maria o seu modelo: santa e imaculada.

Um sonho violado e restabelecido

Este sonho foi violado pelo pecado de Adão e Eva, que a liturgia nos apresenta, hoje, na primeira leitura. O sonho de Deus contempla a liberdade do homem e da mulher de dizer “sim ou não”.

No "sim" de Maria, Deus retoma seu sonho original e prepara o "terreno" para que seu Filho Unigênito, Jesus, se faça homem no seio de uma mulher. Um “sim” que vem depois de um momento de hesitação e perplexidade, mas que, no fim, cede por amor, porque não pode responder não ao Amor, ao qual se coloca à disposição. Em Maria, cheia de graça, toda bela, toda pura, toda santa, resplandece a beleza de Deus, que se torna obra-prima do amor de Deus.

Todos são predestinados

Todos nós "somos predestinados", repletos de todas as bênçãos e escolhidos para sermos santos e imaculados. Logo, a Virgem Maria não deve ser apenas "admirada", com ternura e estupor, mas "imitada", para que a beleza de Deus possa brilhar sobre a terra, graças aos muitos "sim", que homens e mulheres de hoje continuam a dar, sob o exemplo e a intercessão de Maria, a Imaculada Conceição.

Palavras do Santo Padre

“A festa litúrgica de hoje celebra uma das maravilhas da história da salvação: a Imaculada Conceição da Virgem Maria. Ela também foi salva por Cristo, mas de uma forma extraordinária, porque Deus quis que desde o momento da conceção a mãe do seu Filho não fosse tocada pela miséria do pecado. E assim Maria, durante toda a sua vida terrena, foi livre de qualquer mancha de pecado, foi a “cheia de graça””. (Angelus, 8 de dezembro de 2020)

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O Papa na Praça de Espanha
aos pés da Imaculada em oração por quem sofre

O Papa esteve na manhã desta quarta-feira, 8 de dezembro, às 6h15 (hora local) em frente à estátua mariana no centro de Roma para um ato privado de veneração à Virgem Maria. O Pontífice pediu a Nossa Senhora "o milagre da cura para os povos que sofrem severamente com as guerras e a crise climática" e "da conversão, para que Ela desfaça o coração de pedra daqueles que constroem muros para distanciar de si mesmos a dor dos outros". Imediatamente depois, Francisco foi a Santa Maria Maggiore.

Em uma Roma adormecida, com uma temperatura de 4°C e um céu ainda tingido de um azul nebuloso, o veículo com o Papa Francisco à bordo chegou à Praça Mignanelli. Eram aproximadamente 6h15 da manhã e na praça onde se ergue o monumento dedicado à Imaculada Conceição havia apenas a presença de bombeiros, alguns comerciantes que levantavam suas persianas e um pequeno grupo de fotógrafos e fiéis, um dos quais quebrou o silêncio gritando: "Papa Francisco, nos vemos ao meio-dia na Praça de São Pedro". Com passo lento e cabeça inclinada, segurando uma cesta de rosas brancas, o Pontífice, assim que saiu do carro, caminhou em direção à estátua da Virgem Maria, para prestar-lhe homenagem no dia da Solenidade da Imaculada Conceição. Ali o Papa se deteve por alguns momentos em oração, sozinho, de mãos postas, para pedir à Virgem Maria "o milagre da cura para os povos que sofrem duramente com as guerras e a crise climática", segundo informa a Sala de Imprensa vaticana. O Papa também invocou de Nossa Senhora o milagre "da conversão, para que Ela possa desfazer o coração de pedra daqueles que constroem muros para distanciar de si mesmos a dor dos outros". Imediatamente depois, Francisco deslocou-se para a Basílica de Santa Maria Maggiore, onde "continuou sua oração diante do ícone de Maria Salus Populi Romani".

                                                 Papa Francisco na Praça de Espanha

Uma longa tradição

Trata-se de uma tradição dos Papas que já dura 60 anos, de ir aos pés da efígie mariana tão querida pelo povo de Roma e deter-se oração. Mas a pandemia da Covid e as consequentes restrições alteraram a evocativa celebração que sempre reuniu grandes multidões ao redor do Bispo de Roma. No ano passado, a fim de evitar multidões, o Papa anunciou que prestaria homenagem à Imaculada Conceição com uma celebração de forma privada, e depois acabou indo à praça ao alvorecer, deixando todos surpresos. Também este ano, em meio ao número crescente de contágios, foi anunciado em 27 de novembro que o Papa não presidiria a cerimônia tradicional na Praça de Espanha, mas que realizaria "um ato privado de devoção, rezando a Nossa Senhora para proteger os romanos, a cidade em que eles vivem e os doentes que precisam de sua proteção materna no mundo inteiro".

Flores e orações

Nem mesmo desta vez, Francisco quis abrir mão de sua visita ao monumento dedicado a Nossa Senhora, cuja estátua mariana fica no alto da antiga coluna romana, à qual, por tradição, todos os anos um policial sobe com uma escada mecânica por cerca de dez metros para colocar uma grinalda de flores no braço da Virgem. O Papa colocou outras flores, rosas brancas, aos pés da estátua, permanecendo - como dissemos - em oração silenciosa com seu olhar voltado para o alto. Menos de dez minutos no total, depois, se dirigiu para a Basílica de Santa Maria Maggiore com a mesma discrição. As poucas pessoas presentes na praça - algumas das quais chegaram por volta das 5h30 da manhã, lembrando da "surpresa" do ano passado - atrás das barreiras de proteção aplaudiram e tiraram fotos de seus celulares. "Papa Francisco, Santo Padre!" gritou uma mulher. Francisco permaneceu à distância, mas, antes de entrar no carro, quis saudar a embaixadora espanhola junto à Santa Sé, María del Carmen de la Peña Corcuera, em frente à porta do Palácio Monaldeschi (sede da embaixada), e outros funcionários aos quais ele explicou que havia querido vir também este ano neste horário não habitual para evitar multidões e possível contágio.

Uma antiga devoção

Desde o início de seu pontificado, seguindo os passos de seus predecessores, Jorge Mario Bergoglio tem demonstrado grande devoção ao monumento mariano criado pelo arquiteto Luigi Poletti e pelo escultor Giuseppe Obici, em homenagem ao dogma da Imaculada Conceição proclamado por Pio IX em 1854 com a constituição Ineffabilis Deus. Foi o próprio Papa Mastai que quis erguer uma estátua em Roma a fim de recordar o evento para as gerações futuras. Ele escolheu o lugar que parecia mais adequado, mas também o mais simbólico: a praça em frente à Embaixada da Espanha junto à Santa Sé, já que foi no país ibérico que floresceu a mais profunda devoção à Imaculada Conceição. Uma pequena varanda foi então construída no "Palácio de Espanha" para permitir que o Papa assistisse à inauguração.

Uma coluna romana foi utilizada para a escultura: um pedaço de mármore de cerca de 12 metros de altura e 1,45 metro de diâmetro, encontrado em 1777 durante os trabalhos em um edifício pertencente às monjas beneditinas de Santa Maria em Campomarzio. O trabalho foi financiado por Fernando II, Rei das Duas Sicílias, como um gesto de reconciliação com a Igreja. A colocação da pedra fundamental ocorreu em 6 de maio de 1855, com a bênção do cardeal Giacomo Filippo Franzoni, prefeito de Propaganda Fide, cuja sede fica bem em frente ao monumento. Foram necessários duzentos bombeiros para levantar a coluna na noite de 18 de dezembro de 1856, e oito meses depois a estátua de bronze da Virgem foi colocada em cima. O primeiro a prestar homenagem à estátua foi o Papa Pio XII, que enviou flores brancas na festa da Imaculada Conceição, e depois, em 8 de dezembro de 1953, para a abertura do Ano Mariano, ele foi pessoalmente à Praça de Espanha.

Ato de veneração

O ato de veneração, como é conhecido pelos fiéis, foi, contudo, uma ideia de João XXIII que todos os Papas posteriores seguiram. O primeiro foi seu sucessor direto Paulo VI, que rezou aos pés da Virgem Maria no encerramento do Concílio Vaticano II (8 de dezembro de 1965) e que, durante a crise do petróleo, foi até Ela numa carruagem. João Paulo II e Bento XVI também nunca faltaram a esta visita, estruturando-a num breve rito preciso: uma oração feita diante das autoridades da cidade, a colocação de flores e a leitura de uma passagem da Sagrada Escritura. Esta tradição também foi mantida por Francisco que, a esta etapa, acrescentou a visita a Santa Maria Maggiore, onde se mantém o ícone mariano da "Salus Populi Romani", a Nossa Senhora que a tradição afirma ter sido pintada por São Lucas, considerada a patrona e protetora de toda Roma.

                                                                                                             Salvatore Cernuzio

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