escutemos as necessidades das pessoas
Encontrando esta manhã, na Sala Paulo VI, com os agentes da realidade caritativa que está celebrando um século de vida, o Papa se permitiu um momento de festa, conversando com as crianças e suas famílias. Com eles, reiterou a importância de ir ao encontro das necessidades do irmão necessitado, mesmo que "não seja uma boa pessoa ou fale mal de mim". A prioridade", enfatizou, "não é olhar para o outro lado, mas ajudá-lo".
Foi um momento de encontro alegre que o Papa viveu na manhã deste domingo (19/12), na Sala Paulo VI, junto com aqueles que acompanham as atividades do Dispensário Pediátrico Santa Marta. Numa atmosfera pré-natalina festiva e íntima, Francesco interagiu com as crianças presentes. “Devemos ouvir as necessidades das pessoas”, repetiu e fez repetir em coro, no seu estilo paternalmente afetuoso.
Olhar e ouvir as necessidades das pessoas
"O amor pelo outro" diz uma menina. Eis, a síntese evangélica que o Papa sublinha como uma boa resposta. "Significa que devemos escutar as necessidades das pessoas. Se não encaramos as necessidades, nunca as entenderemos". Ele se detém na palavra "ouvir", uma palavra importante, disse. "Uma pessoa que não escuta os outros só escuta a si mesma. É uma coisa chata ouvir-se a si mesmo. É melhor ouvir os outros", explicou o Papa, "porque você pode entender suas necessidades e exigências". Mais uma vez ele convida a todos a repetir: "escutar para entender". Todas as crianças gritam em voz alta, enquanto o Papa finge não estar ouvindo para que o coro se torne mais forte e robusto e essas palavras se fixem na mente e no coração.
Amigos que querem ajudar uns aos outros
O Papa fez mais algumas perguntas. "Se estou na rua e encontro uma pessoa que não é boa, não má, mas sente frio, está com fome, o que devo fazer? Vou embora ou paro?". Há uma hesitação. Depois, alguém responde: "Paro para ajudar". E o Papa perguntou: "A todos? Mesmo aquele que não é uma pessoa boa?" "Sim", responderam juntos. Uma adesão que parte do menor sob a forma de uma catequese fulminante e ressoa como um eco que dá energia e coragem recíproca. "Estamos aqui hoje, amigos que querem ajudar uns aos outros. Coragem, vamos adiante e boa festa", concluiu o Papa em meio a aplausos e coros de felicitações.
Um século de caridade fraterna
O Dispensário Pediátrico de Santa Marta foi fundado em 8 de maio de 1922, com a bênção do Papa Pio XI. Confiada às Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo que trabalham na Santa Marta no Vaticano, contam com a colaboração de médicos voluntários do Hospital Menino Jesus, da Associação Santos Pedro e Paulo, de indivíduos particulares e outras estruturas de saúde romanas, e com voluntários leigos que ajudam a obra com seu compromisso e apoio.
Como um deles lembrou em sua saudação a Francisco, o Dispensário oferece escuta, assistência médica e psicológica, serviços de secretariado social e sustento às famílias de qualquer pertença religiosa em nome da máxima hospitalidade e generosidade. "Doamos afeto e proximidade sem nenhuma expectativa a não ser um sorriso", disse ele. E o estilo é aquele ensinado na Encíclica Fratelli tutti, que orienta a ação oculta e fecunda desta realidade pulsante de vida.
Antonella Palermo/Mariangela Jaguraba
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O Papa à Universidade Católica:
O Santo Padre enviou uma vídeo-mensagem à
Universidade Católica do Sagrado Coração, em Milão, pelo seu centenário da
fundação, com a qual inaugura o novo ano acadêmico, que contou com a presença
da Presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von der Leyen. O Papa recorda que,
para enfrentar as urgentes necessidades de hoje, são necessários "novos
modelos de pensamento".
“Fogo, esperança e serviço” são as três
palavras que, segundo o Papa Francisco, podem representar a mística da
Universidade Católica do Sagrado Coração, que inaugura seu ano letivo 2021/22,
no âmbito dos 100 anos de fundação.
A cerimônia inaugural, que contou com a
participação da Presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von der Leyen, foi
precedida por uma Santa Missa, presidida, na Basílica de Santo Ambrósio de
Milão, pelo arcebispo Dom Mário Delpini.
Para a ocasião, o Papa enviou uma
vídeo-mensagem, transmitida na Aula Magna da Universidade, expressando suas
felicitações à universidade pelo importante aniversário desta "grande
instituição cultural", fundada pelo Padre Agostino Gemelli e seus
colaboradores.
Referindo-se aos "cem anos de
vida" da Universidade, o Pontífice “recordou sua importante tradição
educativa, prosseguida por centenas de homens e mulheres e testemunhada por
milhares de universitários”, mas refletiu também sobre a educação como “uma das
formas mais eficazes para humanizar a história do mundo”. Trata-se de um ensinamento,
diz Francisco, que a Universidade Católica do Sagrado Coração mantém, “graças à
valorização - renovada de geração em geração - do patrimônio cultural e
espiritual, que constitui a sua identidade”: uma identidade que a define “clara
e inalterada”, que não rejeita as diferentes sensibilidades, mas as respeita e
acolhe, ciente de que o “confronto franco e respeitoso com o outro faz
florescer a condição humana”.
Educar é acender o fogo
“Como diziam os antigos, – recorda o
Pontífice - educar não é encher vasos, mas acender o fogo”. Assim, o Papa
explica o significado de “fogo”, a primeira das três palavras, que representam
a mística do Ateneu:
“A Universidade Católica mantém este fogo e
o transmite, porque a única forma de o acender é o “contato”, ou seja, por meio
do testemunho pessoal e comunitário. Antes de transmitir o que sabemos, devemos
acender o fogo, que representa o que somos. Este contato dá-se graças ao
encontro, ao fato de estarmos lado a lado e realizar algo juntos”.
Esperança e educação
A seguir, o Papa se concentra sobre a
segunda palavra “esperança”, que se contrapõe ao que desafia a educação de
hoje: a "cultura individualista, que exalta o “eu” ao invés do “nós",
“promove a indiferença, que diminui o valor da solidariedade e suscita a cultura
do descarte". Porém, afirma Francisco, quem educa, “olha para o futuro com
confiança e realiza uma ação educativa, que envolve diversos agentes da
sociedade, de modo a oferecer aos alunos uma formação integral”. Por isso,
devemos abrir-nos aos conhecimentos e às interrogações, que, hoje, nos
colocamos, sem medo:
“Eis o que significa esperança: apostar no
futuro, superando o impulso natural, que surge dos nossos medos e pode nos
imobilizar, nos fixar e fechar em um presente eterno e ilusório. A abertura e
aceitação do outro, portanto, é particularmente importante, porque fomentam o
vínculo de solidariedade entre as gerações e combatem as tendências
individualistas, presentes na nossa cultura; e, sobretudo, desde as salas de
aula, constroem uma cidadania inclusiva, contrária à cultura do descarte”.
A contribuição do Pacto educativo global
Neste contexto, Francisco recorda o Pacto
educativo global, que “sensibiliza todos a ouvir as grandes questões
sensatas do nosso tempo, começando pelas das novas gerações, diante das
injustiças sociais, violações dos direitos, migrações forçadas”, perante as
quais “a universidade não pode ficar muda”.
Aqui, o Papa louva a Universidade Católica
do Sagrado Coração pelos seus "projetos de cooperação internacional” aos
diferentes povos do planeta; as numerosas “ajudas econômicas", que,
anualmente, presta aos estudantes mais necessitados; a atenção aos menores e
enfermos, que demonstram um compromisso e incentivo concretos para prosseguir
neste caminho.
Por outro lado, o Santo Padre refletiu
sobre o mundo de hoje, "totalmente interdependente", dizendo que isso
levou a "tornar obsoletas as estruturas interpretativas do passado, não
mais úteis para compreender o presente". Daí, a necessidade preciosa de
"projetar novos modelos de pensamento, definir soluções para as urgências
que somos chamados a enfrentar: das ambientais às econômicas, das sociais às
demográficas”:
Não podemos ir adiante com a categoria do
Iluminismo. Precisamos de um pensamento novo e criativo. A Universidade Católica
do Sagrado Coração pode representar um lugar privilegiado para o
desenvolvimento avançado de tal elaboração cultural. Aqui, voltamos à preciosa
relação entre professor e aluno, uma relação dinâmica em tensão entre o
presente e o futuro: juntos vocês são chamados a pensar, projetar e agir, tendo
como perspectiva a nossa Casa comum de amanhã, partindo da realidade concreta
de hoje”.
"Partir das raízes para crescer"
O Pontífice dirige-se, depois, de modo
particular aos estudantes, “nestes tempos confusos, que se tornaram bem mais
complexos pela pandemia”, exortando-os a não perder a esperança, a não se
“contagiar pelo vírus do individualismo”. Por fim, recomendou-lhes a “não se
tornar tradicionalistas das raízes”, mas a “partir delas para crescer, para
seguir em frente, para pôr em jogo a vida”.
Serviço
Por fim, o Papa convidou a Universidade
Católica do Sagrado Coração a refletiu sobre a terceira e última palavra, que
pode representar a mística do Ateneu: o “serviço”. Esta Universidade, disse
Francisco, ao longo dos seus cem anos de atividades, “demonstrou, em várias
ocasiões, que está, fielmente, a serviço da Igreja e da sociedade”.
Por isso, expressou seu desejo de que o espírito de serviço seja sempre a marca
de toda a comunidade universitária.
Francisco concluiu sua vídeo-mensagem
exortando este Ateneu progredir na sua missão educacional, com “coragem e
paciência”, suportando as contradições e as coisas erradas”. Mas, “a paciência
e o ímpeto de coragem devem andar juntos. Interpretem esta coragem e paciência
como um serviço apaixonado em prol de toda a sociedade, mas também da santa
Igreja”.
Tiziana Campisi/Manoel Tavares
................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va
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