Advento, tempo de concretizar a fé no serviço aos outros
"A cada um é dirigida uma palavra
específica, que diz respeito à situação real de sua vida. Isso nos oferece um
ensinamento precioso: a fé se encarna na vida concreta. Não é uma teoria
abstrata e generalizada, ela toca a carne e transforma a vida de todos",
disse o Papa Francisco no Angelus deste III Domingo do Advento, tempo de
preparação com alegria para o Senhor que vem.
“O
que é bom fazer por mim e pelos irmãos? Como posso contribuir para o bem da
Igreja, da sociedade? O Tempo do Advento é para isso: parar e perguntar-se como
nos preparar para o Natal.”
Ao ouvir a pregação de João, “multidões,
publicanos e soldados” fazem a pergunta: “Que devemos fazer?”
E é justamente a partir deste
questionamento que o Papa Francisco desenvolve a sua reflexão, com indicações
precisas sobre como nos prepararmos para o Natal, também cumprindo a missão que
a vida – que é um dom de Deus – tem para nós.
Dirigindo-se aos milhares de fiéis e
turistas reunidos na Praça São Pedro em um belo domingo de sol e céu azul, com
a temperatura por volta dos 10 graus, Francisco começa explicando que a
pergunta “que devemos fazer?” brota de “um coração tocado pelo Senhor”,
“entusiasmado pela sua vinda”.
E para melhor inserir quem o escuta na
compreensão deste contexto de espera pela vinda do Senhor, Francisco propõe um
exemplo bastante prático: a forma como nos preparamos para receber uma pessoa
muito querida:
Para recebê-la como se deve, vamos limpar a
casa, preparar o melhor almoço possível, quem sabe um presente. Enfim, vamos
nos preparar. Assim é com o Senhor, a alegria pela sua vinda nos faz dizer: que
devemos fazer?
A cada um é dada uma missão
Mas Deus – acrescenta o Papa – “eleva este
questionamento ao nível mais alto: o que fazer da minha vida? Para que sou
chamado? O que me realiza?”.
E ao nos propor a pergunta inicial, o
Evangelho nos recorda que “a vida tem uma missão para nós”:
A vida não é sem sentido, não é deixada ao
acaso. Não! É um dom que o Senhor nos dá, dizendo-nos: descubra quem és, e trabalhe
para realizar o sonho que é a tua vida!
“Cada um de nós - não o esqueçamos - é uma
missão a ser realizada.”
O que posso fazer por Jesus e pelos outros
Assim, não devemos ter medo de perguntar ao
Senhor, e também aos irmãos - como sugerido nos Atos dos Apóstolos - e repetir
com frequência: “que devo fazer?”:
O que é bom fazer por mim e pelos irmãos?
Como posso contribuir com isto? Como posso contribuir para o bem da Igreja, o
bem da sociedade? O Tempo do Advento é para isso: parar e perguntar-se como nos
preparar para o Natal. Estamos ocupados com tantos preparativos, com os
presentes e coisas que passam, mas perguntemo-nos o que fazer por Jesus e pelos
outros!
Uma fé concreta, que toque a carne a
transforme a vida
Da pergunta inicial, o Papa parte então
para as respostas de João Batista, que variam segundo o grupo a que responde.
Da mesma forma, a cada um de nós, “é dirigida uma palavra específica, que diz
respeito à situação real de sua vida”:
“Isso nos oferece um ensinamento precioso:
a fé se encarna na vida concreta. A fé não é uma teoria abstrata, uma teoria
generalizada, não! A fé toca a carne e transforma a vida de cada um. Pensemos
na concretude de nossa fé. Eu, a minha fé: é algo abstrato ou concreto? Levo-a
em frente no serviço aos outros?”
Assumir um compromisso dentro da minha
realidade
Ao concluir, o Santo Padre propõe algumas
perguntas que poderíamos nos fazer sobre “o que posso fazer concretamente
nestes dias que estamos próximos ao Natal? Como posso fazer minha parte?” –
pedindo que “assumamos um compromisso concreto, ainda que pequeno, que se
adapte à nossa realidade de vida, e procuremos concretizá-lo para nos
prepararmos para este Natal”:
“Por exemplo: eu posso ligar para aquela
pessoa sozinha, visitar aquele idoso ou aquele doente, fazer alguma coisa para
servir um pobre, alguém necessitado. Ou ainda: talvez eu tenha que pedir um
perdão, ou dar em perdão, uma situação a esclarecer, uma dívida a pagar. Talvez
eu tenha negligenciado a oração e depois de muito tempo é hora de me aproximar
ao perdão do Senhor. Encontremos algo concreto e vamos realizá-la!”
"Que nos ajude Nossa Senhora – disse o
Papa no final - em cujo ventre Deus se fez carne."
Jackson Erpen
Francisco:
que o Natal leve paz à Ucrânia. Armas não são o caminho
Ao final da oração do Angelus, Francisco se
deteve sobre os cenários que preocupam o mundo. Entre outros, expressou sua
proximidade às vítimas dos tornados nos Estados Unidos, além da mensagem à
Caritas Internationalis que celebra o 70º aniversário.
Numa ensolarada Praça São Pedro, colorida
por bandeiras de tantos países – entre as quais se sobressaíam as do México - e
faixas de saudações ao Papa, Francisco dirigiu seu primeiro pensamento, após
rezar o Angelus, à difícil situação de tensão na Ucrânia, invocando a paz e
relançando o apelo ao diálogo como forma de resolver conflitos:
Desejo assegurar as minhas orações pela
querida Ucrânia, por todas as suas Igrejas e comunidades religiosas e por todo
o seu povo, para que as tensões à sua volta sejam resolvidas por meio de um
diálogo internacional sério e não com armas. Entristece-me tanto a estatística
que eu li, a última. Neste ano foram produzidas mais armas do que no ano
passado. As armas não são o caminho. Que este Natal do Senhor leve paz à
Ucrânia!
Os acontecimentos na fronteira com a Rússia
preocupam também a comunidade internacional. No G7 em andamento em Liverpool,
na Inglaterra, que reúne ministros do exterior, falou-se em "enormes
consequências" em caso de ameaça militar da Rússia. Há dias, Moscou
realiza intensas atividades de tropas na fronteira com Kiev.
A oração pelos Estados Unidos
No coração de Francisco também a dor por
quem perdeu parentes e conhecidos devido a uma série de tornados que atingiram
os Estados Unidos:
E rezo também pelas vítimas do tornado que
atingiu Kentucky e outras partes dos Estados Unidos da América.
São mais de 80 as mortes confirmadas,
enquanto dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas. Alguns centros
populacionais foram devastados, outros arrasados completamente, como a cidade
de Mayfield, no Kentucky. Os socorristas descrevem cenas apocalípticas. O
presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também expressou seu pesar falando de
"tragédia". A série de tornados foi "uma das piores" da
história dos Estados Unidos.
As felicitações à Caritas Internationalis
“Uma menina”: assim falou o Papa da Caritas Internationalis,
que completa
70 anos. “Deve crescer e se fortalecer ainda mais!”:
A Caritas está em todo o mundo é a mão
amorosa da Igreja para os pobres e os mais vulneráveis, nos quais Cristo está
presente. Convido-vos a levar em frente vosso serviço com humildade e com criatividade,
para chegar aos mais marginalizados e favorecer o desenvolvimento integral como
antídoto à cultura do descarte e da indiferença.
Em seguida, o incentivo à campanha global
Nós Juntos (Together We), “baseada na força das comunidades na
promoção do cuidado com a criação e os pobres”. “As feridas infligidas à nossa
casa comum - acrescenta o Papa - têm efeitos dramáticos sobre os últimos, mas
as comunidades podem contribuir para a necessária conversão ecológica”. Por
fim, a recomendação para agilizar a organização para que o dinheiro sempre vá
para os pobres.
Benedetta Capelli
................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va
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