O Mendigo e a Lua
Você nunca foi tomado pela impressão de que
algo melhor já passou? Nunca se olhou no espelho e perguntou incomodado se as
coisas valeram a pena? Quando isso acontecer, você estará apenas indagando uma
única coisa, mas a única que importa: você foi feliz?
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Dom José Francisco |
Se há realmente uma questão a ser feita é
por que não somos felizes? A gente se coloca a quilômetros de distância dessa
questão, mas é a única que importa. Continua sendo mais confortável deixar a
felicidade à vontade do acaso, como um efeito colateral do destino.
É pena! Assim, olhamos a felicidade como
mendigos olham para a lua, sem ter o que pensar dela. Talvez, para muitos, a
lua não pertença mesmo a este mundo, embora seja impossível não ficar ofuscado
com o seu brilho.
E o brilho da felicidade? Também não
pertence a este mundo?
Há riscos, claro! Mas não assumir riscos é
mais arriscado ainda!
É claro que a sociedade sabe, e tem medo
disso. Tanto que exorcizou esse medo criando a tecnologia e mantendo uma
crendice beata em relação a ela. Foi por medo, que a sociedade se tornou
incrédula em relação à possibilidade de cada um se reinventar para ser feliz. A
sociedade cura a dor da infelicidade incentivando o consumo, numa roda viva,
onde tudo começa na prateleira do supermercado e termina na lata de lixo.
Mas ficam perguntas! E aquela viagem que
você ainda não fez? E aquela faculdade que ainda não começou? E aquele desejo
impossível que continua assim, sem haver um porquê!
Não demora muito para você perceber que
aquilo que parecia impossível estava ali, do lado, como uma possibilidade entre
outras, uma oportunidade ou um risco, mas só isso! Enfrentar esse risco define
todas as questões, sobretudo, a mais importante, que é: se ainda vale a pena!
Não somos mendigos olhando para a lua. Nem a felicidade mora lá. Concorda?
Dom José Francisco Rezende Dias - Arcebispo de Niterói (RJ)
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