Nossa Senhora do Carmo
A Liturgia da Igreja, evidenciando a importância de Maria na História da Salvação, favorece o nosso culto à Santa Mãe de Deus por meio de algumas Festas, Memórias e Solenidades que celebramos no decorrer do ano litúrgico com várias invocações e títulos marianos. Neste mês de julho se destaca a devoção à Virgem do Carmelo, a Nossa Senhora do Carmo, um título bem popular de Nossa Senhora em virtude de um símbolo da fé da Igreja Católica, o escapulário.
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Imagem de Nossa Senhora do Carmo |
Esse culto mariano tem uma
singular particularidade, pois suas primeiras sementes foram semeadas nove
séculos antes do nascimento da Virgem Santa Maria. Naquela época, o profeta
Elias, morando no Monte Carmelo, teve a visão da vinda da Bem-aventurada Santa
Mãe de Deus. Ele viu que a Virgem Mãe se elevava em uma pequena nuvem, trazendo
uma chuva providencial que salvaria Israel de uma grande seca, ou seja: por
meio dessa visão, o profeta Elias recebeu a profecia do Mistério da Virgem e
Mãe e do nascimento do Filho de Deus, prenunciando assim a plenitude dos tempos.
O Monte Carmelo é
considerado um lugar sagrado do Antigo e do Novo Testamento, principalmente por
conta das ações do primeiro profeta de Israel, o profeta Elias, que, no século
IX a.C, defendeu o Povo de Deus da contaminação dos cultos idolátricos, evidenciando
a pureza da fé no único e verdadeiro Deus.
A devoção a Nossa Senhora
do Carmo tem origem no século XII, em plena Idade Média, quando um grupo de
eremitas começou a se reunir para se dedicarem à oração e à penitência no Monte
Carmelo, na Palestina, na Terra Santa, iniciando um estilo de vida pobre,
humilde e simples, ao lado da fonte de Elias, que se estendeu ao mundo todo.
Foi ali, naquele Monte do Carmo ou Monte Carmelo, que os eremitas construíram
uma pequena capela em homenagem a Nossa Senhora já no primeiro século.
Em razão das perseguições
aos cristãos na Terra Santa, o grupo de eremitas do Monte Carmelo teve que
buscar um refúgio mais seguro e, por isso, foram obrigados a ir para a Europa,
fugindo dos muçulmanos. Eles se estabeleceram na Inglaterra, onde vivia Simão,
um também eremita que se uniu a eles. Simão era penitente, assim como o Profeta
Elias, e austero, assim como João Batista. Diante de sua vida solitária na
convexidade de uma árvore no seio da floresta, deram-lhe o apelido de Stock.
No ano de 1251, diante de
tempos muito difíceis, Simão Stock suplicou à Virgem Maria um sinal de proteção
contra os inimigos da fé. Em sua oração, Simão Stock disse a Maria: “Flor do
Carmelo, vinha florífera, Esplendor do céu, Virgem fecunda, singular. Ó Mãe
benigna, sem conhecer varão, aos Carmelitas dá privilégio, Estrela do Mar!”.
Foi ali, naquele momento
de prece, que Simão Stock recebeu uma mensagem, uma visão de Nossa Senhora, que
lhe deu um escapulário, assegurando a promessa de proteção para todos aqueles
que o usassem. Ela lhe disse: “Recebe, filho amado, este escapulário de tua
Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e
para os filhos do Carmelo. Quem morrer revestido com ele será preservado do
fogo eterno. Ele é sinal de salvação, defesa nos perigos, aliança de paz e de
uma proteção sempiterna!”.
A partir da aparição de
Nossa Senhora do Carmo a Simão Stock, a Ordem do Carmo, em pouco tempo, começou
a florescer na Europa, divulgando o uso do escapulário. Logo no início dos
tempos modernos, com a colonização da América, essa devoção alcançou também o
Novo Mundo, permanecendo firme até os nossos dias.
A bela imagem de Nossa
Senhora do Carmo não leva o Cristo no colo, mas estende os braços oferecendo o
escapulário que é um sacramental, ou seja, uma realidade visível, que nos
conduz a Deus, com Sua graça redentora, Seu perdão e promessas. O escapulário é
um fecundo símbolo da ajuda e defesa da Virgem Maria nos perigos, uma garantia
da paz e sinal de sua materna proteção.
A Ordem dos Carmelitas
proveu para o mundo muitos santos importantes no decorrer da história. Entre
outros, podemos citar: Santa Teresa d’Ávila, Santa Teresa de Lisieux, Santa
Teresa Benedita da Cruz e São João da Cruz que nos ensina que “portar o escapulário
é estar revestido com o hábito de Nossa Senhora”.
Vários Papas incentivaram
e divulgaram o uso do escapulário. O Papa Pio XII nos orienta: “Devemos colocar
em primeiro lugar a devoção do escapulário de Nossa Senhora do Carmo. O
escapulário não é uma carta branca para pecar, é uma lembrança para viver de
maneira cristã, e assim, alcançar a graça de uma boa morte”. Em seu
pontificado, São João Paulo II testemunhou: “Também eu, desde a minha
juventude, trago ao pescoço o escapulário da Virgem e me refúgio, com
confiança, sob o manto da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Jesus”.
Juntos de São Simão Stock,
de Santa Teresa d’Ávila, de São João da Cruz e de São João Paulo II, nós
adquirimos a consciência de que a Virgem Maria caminha conosco nas estradas do
mundo. Ela é a Mãe Peregrina e a Virgem da esperança, que não permite o nosso
desânimo e acomodação na fé e na santidade. Ela é modelo de oração, de
contemplação, de dedicação e de serviço a Deus. Ela é a bondosa Mãe que estende
as suas mãos misericordiosas para nos ajudar nas dificuldades e tempestades da
vida.
Peçamos a Nossa Senhora do
Carmo que nos ajude sempre mais a caminhar no rumo certo, testemunhando o amor,
a misericórdia, a justiça e a paz. Nossa Senhora do Carmo, ensinai-nos a não
desanimar diante das noites escuras e fortalecei a nossa fé em Cristo! Fazei, ó
Mãe, com que, diante das vidas secas e da desesperança de tantas pessoas,
saibamos professar a certeza de que Deus nos enviará uma chuva de graças e de
bênçãos, ajudando-nos a superar os desafios atuais, os medos e as pandemias com
a certeza de que dias melhores virão! Virgem Santa Maria, Nossa Senhora do
Carmo, rogai por nós!
Aloísio Parreiras
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