Leitura da Profecia de Amós:
Naqueles dias, disse Amasias, sacerdote de Betel, a Amós: “Vidente, sai e procura refúgio em Judá, onde possas ganhar teu pão e exercer a profecia; mas em Betel não deverás insistir em profetizar, porque aí fica o santuário do rei e a corte do reino”.
Respondeu Amós a Amasias, dizendo: “Não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo’”.
- Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!
- Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!
- Quero ouvir o que o Senhor irá falar:/ é a paz que ele vai anunciar./ Está perto a salvação dos que o temem,/ e a glória habitará em nossa terra.
- A verdade e o amor se encontrarão,/ a justiça e a paz se abraçarão;/ da terra brotará a fidelidade,/ e a justiça olhará dos altos céus.
- O Senhor nos dará tudo o que é bom,/ e a nossa terra nos dará suas colheitas;/ a justiça andará na sua frente/ e a salvação há de seguir os passos seus.
Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios:
Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu.
Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor.
Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça com que nos cumulou no seu Bem-amado.
Pelo seu sangue, nós somos libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou profusamente sobre nós, abrindo-nos a toda a sabedoria e prudência.
Ele nos fez conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio benevolente que de antemão determinou em si mesmo, para levar à plenitude o tempo estabelecido e recapitular, em Cristo, o universo inteiro: tudo o que está nos céus e tudo o que está sobre a terra.
Leitura do Evangelho de São Mateus:
Naquele tempo, Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros.
Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas.
E Jesus disse ainda: “Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!”
Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.
Amós não era profeta nem “filho de profeta”
– termo bíblico para dizer discípulo (1ª leitura). Não ganhava seu pão
profetizando. Era pastor e agricultor. Tampouco era cidadão da Samaria; era de
Judá, que vivia em conflito com os samaritanos. Mesmo assim, Deus o escolheu
para dar um sério aviso ao sacerdote de Betel, santuário da Samaria.
Tampouco eram missionários profissionais os
doze que Jesus enviou a anunciar a proximidade do Reino de Deus (evangelho).
Estavam entregues à sua missão, à boa-nova que deviam anunciar. Estavam
entregues à hospitalidade das casas que encontrassem. Recebiam, sim, de Deus, o
poder de fazer uns discretos sinais, curas, exorcismos. Nada deviam ter de si
mesmos: nem dinheiro, nem roupa de reserva. Só sandálias e um bom cajado para
caminhar. Pois deviam avançar com pressa. O tempo se cumpriu!
Na encíclica Evangelii nuntiandi, o
Papa Paulo VI escreveu que cada evangelizado deve ser evangelizador. Se
acreditamos na boa-nova do Reino, não a podemos esconder aos nossos irmãos. Se
acreditamos que a prática de Jesus inaugurou a salvação do mundo e mostrou o
caminho para todas as gerações, não podemos guardar isso para nós. O mundo tem
de ouvir isso. “Como poderão crer, se não ouvirem”(Rm 10,14). Quem crê
verdadeiramente, tem de evangelizar. Mas como?
Não precisa ser especialista, capaz de
discutir nas ruas e nas praças. Nem precisa de treinamento para aprender a
enrolar as pessoas ingênuas e tirar um “dízimo” ou uma “aposta” de quem nem tem
dinheiro pra criar os seus filhos… Jesus deu aos doze galileus poder de curar e
de expulsar demônios. (Naquele tempo chamava-se demônio qualquer doença
inexplicável, sobretudo de ordem psíquica). Ou seja, Jesus lhes deu força para
fazer bem ao povo ao qual anunciavam a proximidade do Reino. Esses gestos eram
um aperitivo do Reino. O bem que muitas pessoas fazem em sua generosa simplicidade
é um aperitivo do Reino de Deus. Já tem o gostinho daquilo que chamamos o Reino
– quando é feita a vontade do Pai, como rezamos no Pai-Nosso.
A própria prática do Reino é anúncio do
Reino – provavelmente, o anúncio mais eficaz. Vendo a prática do Reino, as
pessoas vão perguntar o porquê: as “razões de nossa esperança” (1Pd 3,15). Se
nos comportarmos com simplicidade, entregues àquilo em que acreditamos,
ajudando onde pudermos – mas sem apoiarmos causas erradas, estruturas injustas
– o mundo perguntará que esperança está por trás disso, que fé nos move, que
amor nos envolve. Então, responderemos: o amor que aprendemos de Jesus, que deu
sua vida por nós.
A palavra do pregador será fidedigna, se acompanhada de uma prática que mostre o Reino… na prática.
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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
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