Uma série de catequeses inspirada na Carta
aos Gálatas: foi o anúncio hoje do Papa Francisco na Audiência Geral. Na semana
passada, o Pontífice concluiu o ciclo sobre a oração, ao qual dedicou 38
catequeses. "Espero que com este itinerário de oração tenhamos conseguido
rezar melhor."
Quarenta minutos: este foi o tempo que o
Papa Francisco dedicou a cumprimentar e saudar os fiéis e peregrinos cada vez
mais numerosos no Pátio São Dâmaso, onde se realiza a Audiência Geral. Não
obstante o calor, Francisco não deixou de fazer brincadeiras, ouvir
confidências, assinar teses e livros e abençoar quem se aperta para ter
pelo menos um segundo da atenção do Papa.
Já diante do microfone, o Pontífice iniciou
um novo ciclo de catequeses. O tema agora será inspirado no apóstolo Paulo,
mais precisamente em Carta aos Gálatas.
“É uma Carta muito importante, diria até
decisiva, não só para conhecer melhor o Apóstolo, mas sobretudo para considerar
alguns dos temas que ele aborda em profundidade, mostrando a beleza do
Evangelho. Parece escrita para os nossos tempos”, explicou o Pontífice.
As primeiras comunidades cristãs
Entre os temas a serem explorados nas
próximas semanas, estão a conversão, a liberdade, a graça e o modo de vida
cristão, mas a primeira temática abordada por Francisco foi a obra de
evangelização realizada pelo Apóstolo, que visitou as comunidades da Galácia
pelo menos duas vezes durante as suas viagens missionárias.
Sabe-se que os gálatas eram uma antiga
população celta que, através de muitas vicissitudes, se estabeleceu na extensa
região da Anatólia que tinha a sua capital na cidade de Ancira, hoje Ankara,
capital da Turquia.
Paulo relata apenas que, por causa de uma
doença, viu-se obrigado a permanecer naquela região - fato que indica que o
caminho da evangelização nem sempre depende da nossa vontade e dos nossos
projetos, mas requer a disponibilidade a deixar-nos plasmar e seguir outros
caminhos que não estavam previstos.
A chegada dos "abutres"
Para o Papa, é interessante notar a
preocupação pastoral de Paulo, pois havia muitos infiltrados semeando teorias
contrárias aos seus ensinamentos, chegando ao ponto de o difamar. Como alguém
dizia, notou o Pontífice, "vêm os abutres a destruir a comunidade".
“Como podemos ver, é uma prática antiga
apresentar-se em certas ocasiões como o único possuidor da verdade e procurar
menosprezar o trabalho dos outros, até com a calúnia”, afirmou.
Entre as intrigas, os adversários
argumentaram que os Gálatas teriam de renunciar à sua identidade cultural e os
mesmos se encontravam numa situação de crise. Para eles, que conheceram Jesus e
acreditaram na obra de salvação realizada através da sua morte e ressurreição,
foi verdadeiramente o início de uma nova vida, mas se sentiam desorientados e incertos
sobre como se comportar e a quem ouvir.
“Pensemos em alguma comunidade cristã ou
diocese: começam as histórias e depois acabam por desacreditar o pároco, o
bispo. É precisamente o caminho do maligno, dessas pessoas que dividem e não
sabem construir. E nesta Carta aos Gálatas vemos este procedimento.”
Uma situação que se apresenta também hoje,
constatou Francisco:
“Ainda hoje, não faltam pregadores que,
especialmente através dos novos meios de comunicação, se apresentam não para
anunciar o Evangelho de Deus que ama o homem em Jesus Crucificado e
Ressuscitado, mas para reiterar com insistência, como verdadeiros ‘guardiães da
verdade’, qual é a melhor maneira de ser cristão.”
A liberdade oferecida por Cristo
Estas pessoas afirmam que o verdadeiro
cristianismo é aquele a que estão ligados, frequentemente identificado com
certas formas do passado, e que a solução para as crises de hoje é voltar atrás
para não perder a genuinidade da fé. Também hoje, como outrora, existe a
tentação de se fechar em algumas certezas adquiridas em tradições passadas.
O traço distintivo dessas pessoas, segundo
o Papa, é a rigidez: "Diante da pregação do Evangelho que nos torna
livres, nos faz alegres, estes são rígidos".
Mas é o próprio Apóstolo que indica o
caminho a seguir, e é o caminho libertador e sempre novo de Jesus Crucificado e
Ressuscitado; é o caminho do anúncio, que se realiza através da humildade e da
fraternidade; "os novos pregadores não conhecem o significado da
humildade, da fraternidade"; é o caminho da confiança mansa e obediente,
que os novos pregadores não conhecem, na certeza de que o Espírito Santo age em
cada época da Igreja. "Em última instância, a fé no Espírito Santo
presenta na Igreja nos leva avante e nos salvará."
Bianca Fraccalvieri
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