para uma manhã de espiritualidade
Os padres da arquidiocese de Pouso Alegre se reuniram virtualmente na manhã desta sexta-feira (11) para um momento de espiritualidade e oração. Neste dia em que a Igreja celebra o Sagrado Coração de Jesus, Ela também pede que se reze pela santificação do clero. Esse momento foi conduzido pelo pároco da Paróquia Santo Antônio, em Piranguçu, padre Douglas Aparecido M. R. dos Santos.
Na acolhida aos padres,
Dom José Luiz Majella Delgado-C.Ss.R. recordou o sentido e objetivo desse
momento.
“Hoje somos colocados na
presença do Senhor para renovar a memória do nosso encontro com Ele, renovar
aquele primeiro chamado que todos nós trazemos no nossos corações. Queremos
dar um novo vigor na nossa missão de servir o Povo de Deus na arquidiocese de
Pouso Alegre. Essa situação de pandemia tem dificultado nossa vida,
podendo dar lugar ao cansaço e ao desanimo, abrindo espaço a um deserto
interior da aridez. E esse tempo pode envolver nossa vida sacerdotal na sombra
da tristeza, principalmente quando estamos exercendo o ministério nas ações
litúrgicas e nos deparamos com nossas igrejas quase que totalmente vazias, isso
nos inquieta e nos deixa triste. Permanecer retirados com o Senhor. Possamos
nos lembrar que somos responsáveis pela santificação do meu irmão no
sacerdócio. Lembremos de motivar o Povo de Deus para que eles rezem por nós,
rezem pela nossa santificação. Assim eles sentirão que o caminho de
santificação é para todos, não apenas para alguns”.
Toda a reflexão do padre
Douglas foi conduzida sobre a temática da esperança, que constitui a
vocação cristã, mas, de modo especial, o ministério presbiteral é o ministério
da esperança.
“A caridade é amor pleno
de esperança: profecia do indefectível amor de Deus que anima e sustenta
infalivelmente cada amor do próximo. A caridade é o princípio da esperança e
flui dela motivada e ativada da vivência de amor a Deus e ao próximo. O nosso
ministério presbiteral reconhece que da caridade teologal nasce a caridade
eclesial. Assim como a caridade está intrinsecamente ligada à esperança, assim
também é a fé. Luz para compreender a esperança. Precisamos ser homens de
fé. A esperança constitui a vocação cristã. A nossa esperança não é contingente,
mas esperança da vida, esperança da redenção e da beatitude. É a esperança da
glória, da ressurreição”.
Segundo ele, o padre
oferta a esperança. Não bastam as palavras, mas há a necessidade do testemunho.
A esperança tem em Deus o seu princípio, mas a base dessa esperança é o homem.
E o padre precisa dar testemunho dessa esperança.
“Temos a esperança de Deus
e do seu Reino. Nossa vida é marcada por tantos projetos, tantas ideias. O
imediatismo ofusca a esperança. O padre vive da esperança, de uma única
esperança, que não se liga a desejos periféricos. O padre não vive só de
esperança, mas é também um ser de esperança. O ministério precisa ser de
esperança. Cristo é a nossa esperança, fonte e meta de toda nossa esperança.
Esperamos com a esperança de Cristo. A esperança do padre não provém dele
mesmo, mas é fomentada pelo Espírito Santo”.
Leia alguns trechos da
reflexão do padre Douglas:
– “Somente na fé podemos
reconhecer a promessa e o dom de Deus. Em Cristo, a esperança do homem encontra
o Deus da esperança (Rm 15, 13). A esperança cristã é a profecia do ’não
ainda’, revelado no já da Páscoa de Cristo para a humanidade, para a Igreja,
para o cristão. O padre é alguém que acreditou por primeiro e, por isso
mesmo, não se deixa levar pelos sofrimentos do tempo presente, já que busca
incansavelmente descobrir os sinais de Deus no mundo”.
– “A vida de Jesus é o
sinal da grande esperança. A esperança é, verdadeiramente, esperança
quando tudo se faz escuridão e o vento sopra contrário. A cruz é a página mais
tenebrosa da dor do mundo, mas também a provocação e o desafio mais forte à
esperança”.
– “A ressurreição é outra
face da cruz: é a resposta de Deus à esperança do crucificado. A ressurreição é
o cumprimento da esperança, a sua ratificação, a confirmação que vem do
Pai. A cruz não é abandono do crucificado por parte do Pai, mas abandono
do crucificado nas mãos do Pai: abandono de amor que o Pai acolhe e transforma
em glorificação e redenção”.
– “O padre é solicitado
pelo Evangelho e habilitado pela Graça para ser esse homem de esperança. O
padre é chamado a ser o sacramento de esperança, sinal legível e eterno, da
vida da salvação anunciada com a própria vida: precisamos ser os arautos da fé
na realidade que esperamos”.
– “O modo da onipotência
de Deus entra na fragilidade do homem, fazendo-a explodir do seu interior com a
ressurreição do crucificado. A hora das trevas, vivida na esperança do
amor, revela ao mundo a aurora do terceiro dia, o dia do ressuscitado. A cruz
faz florir a esperança no deserto da desolação”.
– “Esperamos com a
esperança da Igreja, que é esperança de todos e para todos. A única
esperança faz a unidade de Igreja e a constitui sacramento de esperança: sinal
de unidade e de salvação de todo o gênero humano. A esperança é a paixão do
possível. A esperança faz de nosso ministério o lugar da fidelidade do
Reino”.
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