a oração não faz mágicas, é preciso rezar com humildade
“A oração não é uma varinha de condão, mas
um diálogo com Deus”, disse Francisco na Audiência Geral, recordando que o mal
é senhor do penúltimo dia, jamais do último. "Este pertence a Deus, e é o
dia em que se realizarão todos os anseios humanos de salvação."
A certeza de ser ouvidos: este foi o tema
da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (26/05),
realizada com a presença de fiéis no Pátio interno do Palácio Apostólico.
O Pontífice acrescentou mais um capítulo à
sua série sobre a oração, falando das preces que parecem permanecer
desatendidas, algo que podemos interpretar como escandaloso. Francisco citou as
inúmeras preces pelo fim dos conflitos, com guerras em andamento em muitos
países, como no Iêmen e na Síria.
Mas se pode questionar: “Se Deus é Pai, por
que não nos ouve? Todos nós fazemos esta experiência”, disse Francisco: todos
rezamos pela doença de um amigo, de um pai, de uma mãe, que depois se foram.
A oração não é uma varinha de condão, mas um diálogo com Deus
Uma boa resposta está contida no Catecismo,
afirmou o Papa, pois adverte para o risco de transformar a relação com Deus em
algo mágico, e não numa autêntica experiência de fé. “A oração não é uma
varinha de condão, mas um diálogo com Deus.”
Com efeito, podemos cair na pretensão de
que Deus nos deve servir, e não contrário. Que Ele deve realizar os nossos
desejos, sem que admitamos outros projetos. Mas a humildade é a primeira
condição. Jesus teve a grande sabedoria de colocar sobre os lábios o
“Pai-Nosso”, pedindo que se realizasse a vontade do Pai no mundo.
Francisco adverte ainda para as súplicas
por motivos duvidosos, como o de derrotar o inimigo em guerra, sem se
questionar o que Deus pensa daquela guerra.
“É fácil escrever sobre um estandarte ‘Deus
está conosco’; muitos se apressam em garantir que Deus está com eles, mas
poucos se preocupam de verificar se eles estão efetivamente com Deus.”
O tempo de Deus não é o nosso tempo
Na oração, disse o Papa, é Deus que deve nos
converter, e não nós que devemos convertê-Lo. “É a humildade”, devemos rezar
pedindo a Deus que converta o nosso coração pedindo o que é conveniente e o que
é melhor para a minha saúde espiritual.
Todavia, permanece o escândalo: quando
homens rezam com coração sincero, quando uma mãe reza por um filho doente, por
que às vezes Deus parece não ouvir?
Para o Pontífice, para responder a esta
pergunta é preciso meditar com calma os Evangelhos. Às vezes, Jesus cura
imediatamente um doente que pede piedade, outras vezes não, como com a mulher
de Cananeia.
“Todos tivemos esta experiência. Quantas
vezes pedimos uma graça, um milagre e nada aconteceu. Depois, com o tempo, as
coisas se ajustaram, mas segundo o modo de Deus, o modo divino, não segundo o
que eu queria naquele momento. O tempo de Deus não é o nosso tempo.”
O mal é senhor do penúltimo dia, jamais do
último
Como exemplo, cita a filha de Jairo, que
acaba falecendo mesmo tendo implorado misericórdia ao Mestre. Este parece o
epílogo, mas Jesus diz ao pai: Não tenha medo, tenha fé. É a fé que sustenta a
oração, disse o Papa. E, com efeito, Jesus despertará a menina do sono. Mas por
um período, Jairo teve que caminhar na escuridão, somente com a chama da fé.
Pedir a graça de ter fé.
Também a oração de Jesus ao Pai no
Getsêmani parece permanecer desatendida. Mas o Sábado Santo não é o capítulo
final, porque no terceiro há a ressurreição: o mal é senhor do penúltimo dia,
jamais do último. Este pertence a Deus, e é o dia em que se realizarão todos os
anseios humanos de salvação.
“Aprendamos esta paciência humilde de
esperar a graça do Senhor, esperar o último dia. Muitas vezes o penúltimo é
terrível, porque os sofrimentos humanos são terríveis. Mas o Senhor está ali. E
no último dia Ele resolve tudo.”
Bianca Fraccalvieri
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