A Igreja nas casas (III)
"Alegram-se pela beleza da Igreja Corpo de Cristo e Povo de Deus"
Cientes da importância da “igreja
doméstica”, qual lugar para experiências fundantes da fé, apresentam-se aqui
outras sugestões, à luz das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil
e no espírito da IV Assembleia de Pastoral da Arquidiocese de Montes Claros.
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Dom João Justino |
Igreja doméstica e caridade: o amor aos
irmãos é o mandamento de Jesus. Esse amor se traduz pelo modo como tratamos e
cuidamos do outro. O modo como o outro se encontra é determinante para nossa
forma de tratá-lo. A caridade se alimenta do que o outro necessita. A “igreja
doméstica” é chamada a ser a escola da caridade. Isso passa pelo modo como são
acolhidos os que batem à porta pedindo o pão, a água, a coberta, o remédio... É
desses pequenos gestos de caridade familiar e com os pobres que se alimenta a
sede de justiça e o compromisso com a busca de uma sociedade solidária e
fraterna.
Igreja doméstica e comunidade eclesial: a
família não esgota sua experiência de fé na “igreja doméstica”. Ela se abre ao
encontro de outras famílias e percebe-se como membro de uma comunidade maior.
Um movimento de sair ao encontro da paróquia e de retornar ao núcleo familiar é
saudável e muito importante. Abre perspectivas de partilha da fé e dos
serviços, enriquece com a escuta de outras famílias, cria laços mais amplos de
fraternidade e de convivência. Perde muito a família que se fecha e não
experimenta a alegria da amizade com os vizinhos e outros membros da
comunidade.
Igreja doméstica e catolicidade: os membros
de uma família cristã logo percebem que é importante a pertença à comunidade
eclesial. E não só. Também compreendem que a paróquia pertence a uma diocese e
que todos somos membros de uma só Igreja, una, santa, católica e apostólica, em
comunhão com o bispo de Roma, o Papa Francisco. Aprendem em casa a querer bem
aos ministros da igreja, sejam os ordenados, sejam os leigos. Entendem a
diversidade dos carismas e das vocações. Alegram-se pela beleza da Igreja Corpo
de Cristo e Povo de Deus.
Igreja doméstica e missão: em casa, a
família cristã abre espaço para falar da importância de Jesus Cristo ser sempre
mais conhecido e amado. Ensina que aquele que ama Jesus encontrará maneiras de
falar dele para os outros, de testemunhar quão importante foi encontrar-se com
o Senhor. Logo se vê como discípulo missionário e se dispõe a colaborar com
aqueles que se oferecem como missionários, em lugares mais distantes ou mesmo
próximos. Despertam no coração o interesse por conhecer as diferentes culturas e
veem nelas sementes do evangelho. Rezam pelas missões e criam gestos de
generosidade em favor da obra missionária da Igreja.
Muito poderia se dizer da “igreja
doméstica”. Reconheçamos a Igreja nas casas como a forma mais viva e eficaz da
evangelização. Valorizemos mais nossas famílias. Confiemos mais nelas. Criemos
formas de subsidiar a experiência da fé nas casas. Os frutos serão muitos e
maravilhosos. E não deixe de se perguntar: que significados tem a “casa” para
você? O distanciamento social imposto em razão da pandemia ajudou sua família a
recuperar os traços de uma “igreja doméstica”? O que mais poderia se dizer da
“igreja doméstica”?
Dom João Justino de Medeiros Silva - Arcebispo de Montes Claros - MG
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