é celebrada na Catedral
Metropolitana
A arquidiocese de Pouso Alegre celebrou na
manhã deste sábado (15), a Missa do Crisma, tradicionalmente celebrada na
Quinta-feira Santa e que pelo segundo ano consecutivo foi adiada por causa da
pandemia. A Eucaristia foi presidida pelo arcebispo metropolitano, dom José
Luiz Majella Delgado-C.Ss.R., concelebrara por representantes do clero e do laicato
das comunidades paroquiais. Foram cumpridas todas as exigências sanitárias do
município de Pouso Alegre.
Todas as vítimas da Covid-19 foram
colocadas em oração pelo arcebispo.
“Em nossas celebrações cotidianas
recordamos todas as vítimas desta pandemia. Queremos hoje, com o significado
próprio desta concelebração arquidiocesana, que anualmente a missa Crismal nos
proporciona, ter presente quantos foram atingidos diretamente pela pandemia: os
doentes e os que deles cuidam, os falecidos e seus familiares que choram a
partida dos seus entes queridos, por vezes, sem poder dizer-lhes o último
adeus”. Dom Majella também fez essa oração:
“O Senhor da vida acolha no seu Reino os
falecidos, dê conforto e esperança aos que ainda se encontram atravessando esta
provação, não falte com o necessário aos que sofrem as consequências sociais
desta pandemia e desperte em todos nós sentimentos mobilizadores de apoio
fraterno e solidário”.
Em sua homilia, ao dirigir-se ao
presbitério, o arcebispo lembrou que padre é pai, por isso é preciso ter como
exemplo São José. A alegria e a responsabilidade de ser pai na Igreja
perante um contexto tão conturbado.
“Padre significa fidelidade à vocação, de
modo contínuo, sem parênteses nem interrupções. No ser padre tudo é importante.
Adicionar-lhe o coração especifica o modo de servir e viver o ministério. Com
coração de pai, de padre, mostra o caminho a percorrer. O ministério é
exigente. Necessita da nossa inteligência, investida com tudo o que temos, e
não de um modo parcial. O sacerdócio, para ser útil e compreendido, necessita
de ser exercido com coração”.
Hoje, o sacerdócio, à imagem de São José,
deve ser exercido com o coração no sentido da compaixão: proximidade,
dedicação, capacidade de se deixar comover pelos dramas e dores, ternura,
carinho, solicitude, presença. Um coração que não deve ser de pedra, mas de
carne”.
Dom Majella também lembrou do desafio da
Igreja, hoje, que são os jovens. A Igreja precisa ajudar os jovens a
redescobrir os valores e recuperar seus sonhos, tornando-se protagonistas na
evangelização.
“A juventude precisa ser protagonista da
ação evangelizadora. Onde estão os nossos jovens neste tempo nefasto da
pandemia? Percebemos a diminuição de presenças nas comunidades cristãs. Os
sonhos dos jovens estão sendo destruídos. Como ajudá-los na reconstrução dos
sonhos? Quantos que abandonaram os estudos? Estão perdidos, sem rumos. Como
padres, pais, não podemos ficar olhando para os nossos jovens e esperar por
alguma oportunidade. O tempo é agora. Vamos criar juntos com eles um espaço
seguro de partilha de experiências e aprendizagens, onde são convidados a
pensar em conjunto em propostas e soluções diante do novo mundo que se
apresenta nesta pandemia. Vamos incentivá-los a arriscar ter sonhos. Precisamos
incrementar nos jovens emoções positivas como a esperança, a alegria e a
vontade de fazer algo pelos outros. É urgente criar uma cultura do encontro, se
aproximando dos jovens e aproximando os jovens”.
Renovação das promessas sacerdotais
A reforma litúrgica do Vaticano II, manteve
uma antiga cerimônia e acrescentou o rito da Renovação das Promessas
Sacerdotais, que antecede a Bênção dos Óleos e a Confecção do Crisma. Jesus,
junto com a eucaristia, instituiu também o sacerdócio, dizendo aos
apóstolos: “Fazei isto em memória de mim”. Por isso, nesta missa, os
sacerdotes das dioceses concelebram com seu Bispo, como sinal de unidade e de
comunhão sacerdotal.
O bispo, os sacerdotes e diáconos
participam do mesmo sacerdócio de Jesus Cristo, embora em graus diferentes. O
clero renova as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da ordenação,
expressando a comunhão diocesana em torno do Mistério Pascal de Cristo,
constituindo um momento forte de comunhão eclesial, de participação intensa das
comunidades e de valorização dos sacramentos da vida da Igreja.
Os Santos Óleos
Durante a celebração, se abençoa o óleo dos
catecúmenos e dos enfermos e se consagra o Santo Crisma, daí, a celebração ser
também chamada ‘Missa dos Santos Óleos’. Depois da missa, os padres voltam para
suas comunidades levam a porção dos óleos para que possa ocorrer a prática dos
sacramentos dos seus fiéis.
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Dom Magela abençoa os Santos Óleos |
Óleo dos Catecúmenos: Concede a força
do Espírito Santo aqueles que serão batizados para que possam ser lutadores de
Deus, ao lado de Cristo, contra o Espírito do mal.
Óleo dos Enfermos: É um sinal
utilizado pelo sacramento da Unção dos Enfermos, que traz o conforto e a força do
Espírito Santo para o doente no momento de seu sofrimento. O doente é ungido na
fronte e na palma das mãos.
Santo Crisma: É um óleo utilizado nas
unções consacratórias dos seguintes sacramentos: depois da imersão nas águas do
batismo, o batizado é ungido na fronte; na Confirmação é o símbolo principal da
consagração, também na fronte; depois da Ordenação Episcopal, sobre a cabeça do
novo bispo; depois da ordenação sacerdotal, na palma das mãos do néo-sacerdote.
Leia a homilia do arcebispo
Este ano, novamente por causa da pandemia,
não nos foi possível reunir-se na manhã da Quinta-feira Santa para a
concelebração Crismal. Recordo que no ano passado, também por causa da
Covid-19, só foi possível fazê-lo no mês de aposto, na proximidade do dia do
padre e da data dos 120 anos do decreto de fundação da diocese de Pouso Alegre.
Na ocasião, escolhemos para concelebrar na capela do Carmelo da Sagrada
Família, com a restrição presencial das Irmãs carmelitas e dos padres.
Estamos, mesmo assim, gratos a Deus que,
apesar das exigências que nos sentimos obrigados por causa da pandemia que
ainda está assolando o Brasil e o mundo, nos permite este ano concelebrar esta
Eucaristia, ainda no tempo Pascal, aqui na Catedral, com fiéis representando as
nossas comunidades paroquiais.
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Dom Majella na homilia |
Em nossas celebrações cotidianas recordamos
todas as vítimas desta pandemia. Queremos hoje, com o significado próprio desta
concelebração arquidiocesana, que anualmente a missa Crismal nos proporciona,
ter presente quantos foram atingidos diretamente pela pandemia: os doentes e os
que deles cuidam, os falecidos e seus familiares que choram a partida dos seus
entes queridos, por vezes, sem poder dizer-lhes o último adeus.
O Senhor da vida acolha no seu Reino os
falecidos, dê conforto e esperança aos que ainda se encontram atravessando esta
provação, não falte com o necessário aos que sofrem as consequências sociais
desta pandemia e desperte em todos nós sentimentos mobilizadores de apoio
fraterno e solidário.
No Evangelho que ouvimos, Jesus se
apresenta como o ungido de Deus, como Cristo, então isto quer dizer
precisamente que Ele age por missão do Pai e na unidade com o Espírito Santo e
que, desta forma, entrega ao mundo uma nova realeza, um novo sacerdócio, um
renovado modo de ser profeta que não busca a si mesmo, mas vive para Aquele em
vista de quem o mundo foi criado. Hoje, voltemos a colocar as nossas mãos
ungidas, essas mãos que no dia da nossa ordenação sacerdotal foram ungidas com
o óleo, que é o sinal do Espírito Santo e da sua força, à disposição de Jesus e
peçamos-lhe que nos tome novamente pelas mãos e que nos oriente.
O Papa Francisco, por ocasião do 150º
aniversário da declaração de São José como padroeiro Universal da Igreja,
ofereceu-nos uma Carta Apostólica a que deu o nome de “Patris Corte”- Com o
Coração do Pai. O objetivo era claro: “aumentar o amor por este grande Santo,
para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as
suas virtudes e o seu desvelo”.
Por ocasião da 58ª Jornada Mundial de
orações pelas vocações, o Papa Francisco apresentou um tema ligado a São José,
colocando-o como figura central de modelo para as vocações.
“(…) Ele não era famoso e nem se fazia
notar. Contudo, através de sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos
olhos de Deus: tinha um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia.
E é isto que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os
dias”, afirma o papa.
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Momento da homilia |
Recordo que no meu tempo de seminário a
devoção a São José era alimentada na formação e celebrávamos o 19 de março como
um dia festivo, Eucaristia e sessão solene. Com São José aprendíamos a ser
padres. Também, na minha família, a devoção a São José sempre foi um destaque.
Precioso legado recebido de meus pais. Quando estou diante de alguma
dificuldade, digo em meu coração: “São José, vai lá”. Sinto-me amparado.
Com São José e como ele, todos nós somos
“pai”, padre, e precisamos de interpretar e de reconhecer que não se trata de
uma simples palavra usada pela tradição, como poderiam ter sido outras. Possui
uma inequívoca densidade de conteúdo que dispensa grandes atributos. Bastaria
que parássemos aqui. A alegria e a responsabilidade de ser pai na Igreja
perante um contexto tão conturbado.
Padre significa fidelidade à vocação, de
modo contínuo, sem parênteses nem interrupções. No ser padre tudo é importante.
Adicionar-lhe o coração especifica o modo de servir e viver o ministério. Com
coração de pai, de padre, mostra o caminho a percorrer. O ministério é
exigente. Necessita da nossa inteligência, investida com tudo o que temos, e
não de um modo parcial. O sacerdócio, para ser útil e compreendido, necessita
de ser exercido com coração.
Hoje, o sacerdócio, à imagem de São José,
deve ser exercido com o coração no sentido da compaixão: proximidade,
dedicação, capacidade de se deixar comover pelos dramas e dores, ternura,
carinho, solicitude, presença. Um coração que não deve ser de pedra, mas de
carne.
O coração assinala a lógica do acolhimento
e este exige dois comportamentos muito concretos. Caminhando com os outros,
teremos de saber acolher, na variedade das situações, nunca excluindo ninguém,
mas atendendo com coração aberto. Todos e tudo tem espaço num coração
sacerdotal que não se fecha a ninguém. Como São José, um pai amado por Jesus e
Maria, mas também pelo povo Cristão. Nunca seremos esquecidos pelo cuidado
prestado ao próximo.
O coração de pai tem diversos atributos. Enumerá-los mostra a vontade de um sacerdócio à imagem de São José. José ofereceu ternura com todas as atitudes e palavras que poderemos imaginar. Não precisamos de grandes coisas. Os pequenos gestos falam muito quando estão carregados de amor. Custa um pouco, mas valem muito.
Como padres temo que ser um pai
trabalhador. O trabalho, no ministério sacerdotal, não é uma questão laboral.
Entregues, por escolha em adesão a um chamado à causa do Reino, sabemos que
Deus Pai trabalha dia e noite e sabemos que a missão é para todas as horas.
Nunca tivemos nem nunca teremos horário de trabalho. Temos orgulho de ser
colaboradores de Deus na tarefa de recriar a humanidade.
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Sacerdotes participam |
São José trabalhou com Jesus. O trabalho do
sacerdote ja foi muito solitário. Cada um na sua paróquia. Hoje terá de ser
sempre com outros, sacerdotes e leigos. Estes não são meros executores de
ordens. Enriquecemo-nos com eles e a Igreja será sempre um projeto comum. É por
isso que a nossa arquidiocese vive neste momento a sua caminhada pré-sinodal. A
pandemia não está ofuscando o horizonte da nossa missão evangelizadora. Precisamos
escutar uns aos outros, para isso o Sínodo diocesano. O mais importante nas
nossas comunidades paroquiais é o caminhar juntos, lendo os sinais dos tempos e
nos mantendo abertos à novidades do Espírito. Nesta etapa de formação dos
animadores sinodais já estamos tirando lições da sinuosidade. Acreditemos na
nossa unidade.
Nos dias de hoje, temos um enorme desafio
de criar juntos um espaço nas comunidades paroquiais para os jovens. A
juventude precisa ser protagonista da ação evangelizadora. Onde estão os nossos
jovens neste tempo nefasto da pandemia? Percebemos a diminuição de presenças
nas comunidades cristãs. Os sonhos dos jovens estão sendo destruídos. Como
ajudá-los na reconstrução dos sonhos? Quantos que abandonaram os estudos? Estão
perdidos, sem rumos. Como padres, pais, não podemos ficar olhando para os
nossos jovens e esperar por alguma oportunidade. O tempo é agora. Vamos criar
juntos com eles um espaço seguro de partilha de experiências e aprendizagens,
onde são convidados a pensar em conjunto em propostas e soluções diante do novo
mundo que se apresenta nesta pandemia. Vamos incentivá-los a arriscar ter
sonhos. Precisamos incrementar nos jovens emoções positivas como a esperança, a
alegria e a vontade de fazer algo pelos outros. É urgente criar uma cultura do
encontro, se aproximando dos jovens e aproximando os jovens.
Que São José se torne para todos um mestre
singular no serviço da missão salvífico de Cristo, que, na Igreja, compete a
cada um e a todos.
Queridos padres, hoje, dou graças a Deus
por cada um de vocês, pelo chamado que Deus dirigiu a você e ao qual respondeu,
pelo esforço no serviço dos irmãos, pelas dores aliviadas e pela coragem e
esperança infundida em nome de Deus, particularmente nestes tempos difíceis da
pandemia. Coragem, caros padres! O Senhor não nos faltará com a sua Graça.
Unidos a Ele e entre nós, seremos sinais e portadores do seu amor que cura,
unifica, fortifica e salva. É com estes sentimentos que vos convido, caros
padres, a renovar as promessas sacerdotais, ao serviço dos irmãos e irmãs aos
quais o Senhor nos enviou.
Porque trabalhamos juntos por uma Igreja
sinodal e samaritana, caminhando juntos e oferecendo as nossas mãos para cuidar
do próximo, peçamos a Jesus para nos atrair cada vez mais para dentro d’Ele, a
fim de nos tornarmos verdadeiramente sacerdotes.
Fotos: Fernanda Gomes
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