Acolher Jesus em família, que nos ama nas nossas fragilidades
Na alocução que
precedeu a oração mariana do Angelus, neste domingo (3), Francisco refletiu
sobre o Evangelho do dia em que São João revela “algo sobre Jesus antes que
viesse entre nós”: o princípio da Palavra que “se fez carne e habitou entre
nós”, se unindo para sempre à humanidade. Sem medo, disse o Papa, vamos acolher
Jesus na nossa casa, na nossa família, nas nossas fragilidades e ali mesmo,
onde a gente mais se envergonha, já “que bate à porta do coração para habitar
conosco”.
Andressa Collet - Vatican News - O Papa Francisco rezou o Angelus neste domingo (3) novamente da biblioteca do Palácio Apostólico, como medida de restrição por causa da pandemia. No Brasil, a Igreja celebra a Solenidade da Epifania do Senhor com o Evangelho (Mt 2,1-12) sobre os três Reis Magos que, do Oriente, vieram adorar o Menino Jesus em Belém. Já o Pontífice, na alocução que precedeu a oração mariana no Vaticano, refletiu sobre o Evangelho de João (1,1-18) que não traz “um episódio da vida de Jesus, mas nos fala d’Ele antes nascer”, revelando “algo sobre Jesus antes que viesse entre nós”.
Desde o princípio,
a Palavra
O Pontífice
enaltece, através da liturgia do dia, que Jesus existia antes do aparecimento
da vida, “antes do início das coisas, antes do universo, antes de tudo. Ele
existe antes do espaço e do tempo”. São João o chama de "Palavra",
recorda o Papa, que tem a força da “comunicação”, que significa falar sobre
algo com alguém:
“O fato de Jesus
ser desde o princípio a Palavra significa que desde o início Deus quer se comunicar
conosco, quer falar conosco.”
Uma comunicação
que reflete “a beleza de ser filho de Deus”, de sermos amados. O Papa, então,
nos recorda que “esta é a maravilhosa mensagem de hoje: Jesus é a Palavra, a
Palavra eterna de Deus, que sempre pensou em nós e quer se comunicar conosco”.
Das palavras se
fez carne
Para fazer isso,
afirma Francisco, “Ele foi além das palavras”, como o próprio Evangelho nos diz
que a Palavra "se fez carne e habitou entre nós" (v. 14):
“Se fez carne: por
que São João usa esta expressão, ‘carne’? Não poderia dizer, de maneira mais
elegante, que se fez homem? Não, usa a palavra carne porque ela indica a nossa
condição humana em toda sua vulnerabilidade, em toda sua fragilidade. Ele nos
diz que Deus se fez fragilidade para tocar de perto as nossas fragilidades.
Portanto, desde que o Senhor se fez carne, nada em nossa vida é estranho para
Ele. Não há nada que Ele desdenhe; tudo podemos compartilhar com Ele, tudo.
Querido irmão, querida irmã, Deus se fez carne para nos dizer, para dizer que
lhe ama ali mesmo, que nos ama ali mesmo, nas nossas fragilidades, nas suas
fragilidades; ali mesmo, onde a gente mais se envergonha, onde você mais se
envergonha.”
O Papa afirma que
essa é uma decisão “audaz de Deus”, de se fazer carne justamente onde nós mais
nos envergonhamos. Francisco recorda, assim, que ao se fazer carne Deus “não
voltou atrás”:
“Não pegou a nossa
humanidade como uma roupa, que se veste e se tira. Não, nunca mais se
desprendeu da nossa carne […]. E nunca mais vai se separar: agora e para sempre
Ele está no céu com o seu corpo de carne humana. Ele se uniu para sempre à
nossa humanidade; poderíamos dizer que se ‘casou’ com ela. [..] O Evangelho
diz, na verdade, que veio habitar entre nós. Ele não veio nos fazer uma visita
e depois foi embora, veio para habitar conosco, para estar conosco.”
Acolher Jesus na
nossa fragilidade
Francisco finaliza
a oração mariana do Angelus, pedindo justamente à Santa Mãe de Deus, “em quem a
Palavra se fez carne”, que nos ajude a acolher Jesus, “que bate à porta do
coração para habitar conosco”. O que Deus deseja de nós realmente, acrescenta o
Papa, é uma grande intimidade:
“Ele quer que
compartilhemos com Ele alegrias e dores, desejos e medos, esperanças e
tristezas, pessoas e situações. Façamos isso, com confiança: abramos o coração
a Ele, vamos contar tudo a Ele. Façamos uma pausa em silêncio diante do
presépio para saborear a ternura de Deus feito próximo, feito carne. E, sem
medo, convidemos Ele para a nossa casa, na nossa família e também – cada um conhece
bem – vamos convidá-Lo nas nossas fragilidades. Vamos convidá-Lo para que veja
as nossas feridas. Ele virá e a vida vai mudar.”
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