às vezes homem, às vezes anjo
Na festa da sua
conversão, nesta segunda-feira, 25 de janeiro, um projeto conjunto entre o
Departamento de Arqueologia Sacra da Academia Brasileira de Hagiologia
(ABRHAGI) e uma artista espanhola revela a reconstrução do rosto de São Paulo.
A aparência do Apóstolo “está em perfeita harmonia com a única descrição
disponível”, encontrada nos Atos de Paulo e Tecla, e segundo o ícone mais
antigo encontrado em junho de 2009 nas catacumbas de Santa Tecla, em Roma.
"A pesquisa e os recursos da técnica podem ajudar a proporcionar uma
imagem aproximada daquele homem de rosto muito marcante, olhar incisivo e
presença envolvente", comentou o cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São
Paulo.
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A reconstrução do rosto de São Paulo |
Andressa Collet –
Vatican News - O 25 de janeiro é de aniversário da cidade de São Paulo e de
também de festa para o Estado e arquidiocese que festejam o seu padroeiro.
Na Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, a Igreja no mundo
recorda o dia em que – o então chamado Saulo, seu nome original – alcançou a
conversão, a caminho de Damasco: Jesus o transformou de perseguidor dos
cristãos ao maior Apóstolo do seu Evangelho. Segundo o cardeal Odilo Pedro
Scherer, "São Paulo é muito inspirador para a nossa Igreja, pelo seu
imenso amor a Cristo e ao Evangelho, seu ardor missionário e sua capacidade de
perseverar na missão, apesar de tantos contratempos e sofrimentos".
O ícone mais
antigo de São Paulo
Nascido na cidade
de Tarso, na Cilícia, atual Turquia, Saulo aparentava ser um jovem baixo e
magro, com feições morenas e de olhos escuros. Com a conversão, viajou o mundo,
evangelizando e sendo perseguido, tanto que foi martirizado em Roma. As
relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Já o ícone mais
antigo do apóstolo foi encontrado há pouco mais de 10 anos também na capital
italiana, como explica o especialista em relíquias da Arquidiocese de São
Paulo, Fábio Tucci Farah, que também é um dos fundadores do Departamento de
Arqueologia Sacra da Academia Brasileira de Hagiologia (ABRHAGI):
“Em junho de 2009,
o L’Osservatore Romano divulgou uma descoberta extraordinária nas catacumbas de
Santa Tecla: o ícone mais antigo de São Paulo, datado entre o final do século
quarto e início do quinto. Abaixo de uma espessa camada removida por laser,
especialistas da Pontifícia Academia Romana de Arqueologia descobriram o
afresco de um homem calvo de rosto magro e comprido, barba escura, nariz
avantajado. Embora São Paulo possua uma vasta – e variada – iconografia, o
ícone descoberto nas catacumbas de Santa Tecla está em perfeita harmonia com a
única descrição disponível de sua aparência, encontrada nos Atos de Paulo e
Tecla, um texto apócrifo que remonta, possivelmente, ao século segundo. Nele,
São Paulo aparece como um homem de pequena estatura, com as sobrancelhas
unidas, careca, de pernas arqueadas, olhos encovados e um grande nariz
aquilino."
“Com poesia: às
vezes, parecia um homem. Às vezes, um anjo.”
E foi justamente
com essas características e com o afresco encontrado nas catacumbas que Farah e
a artista espanhola, Gyrleine Costa, recriaram o rosto de São Paulo. O projeto
segue as linhas de trabalho já desenvolvidas para representar o retrato
artístico de Santa Joana d’Arc e a reconstrução facial artística de São Tiago
Zebedeu, um dos apóstolos mais próximos de Jesus e testemunha de Sua
Transfiguração. O especialista brasileiro, então, dá detalhes da nova criação:
“Para esse
trabalho, também levamos em consideração algumas características
étnico-raciais, o modo de vida de São Paulo e, claro, a personalidade que salta
de suas inúmeras epístolas. Não queríamos simplesmente apresentar o retrato de
um fariseu de Tarso, que percorreu milhares de quilômetros como missionário, no
século I. Nosso objetivo era apresentar um homem com semblante de anjo que
falasse às pessoas do século XXI. Um missionário que, passados quase dois
milênios, ainda encanta a plateia.”
Projeto em
parceria com o Museu de Arte Sacra de SP
Segundo o
arcebispo de São Paulo, "conhecer melhor a sua figura humana é um desejo
natural, embora ele tenha vivido em tempos ainda desprovidos dos recursos fotográficos,
hoje tão comuns e acessíveis a todos em nossos dias. No entanto, a
pesquisa e os recursos da técnica podem ajudar a proporcionar uma imagem
aproximada daquele homem de rosto muito marcante, olhar incisivo e presença
envolvente".
O especialista em relíquias
revela, assim, em primeira mão, que a reconstrução facial de São Paulo faz
parte de um projeto que está sendo desenvolvido em parceria com o Museu de Arte
Sacra de São Paulo chamado “A Verdadeira Face dos Apóstolos de Cristo”.
Oportunamente, o trabalho vai ganhar uma exposição para apresentar a
reconstrução artística do rosto de todos os apóstolos.
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