O olhar solidário
A solidariedade,
no dizer do Papa Francisco, é como uma virtude moral e um comportamento social,
primeiramente praticada pelas famílias na missão educativa. Toda família deve
formar os filhos para princípios fundamentais: o amor, a fraternidade, a
convivência, a partilha, a liberdade, o respeito, a solidariedade, o cuidado
pelo outro e as dimensões moral, espiritual e social da pessoa.
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Dom Paulo Peixoto |
O Papa fala também
da responsabilidade educativa de todos os agentes da cultura e dos meios de
comunicação social. Todos têm a missão de cuidar da fragilidade que cresce no
meio da sociedade, quando tudo parece diluir-se e perder consistência. Não é
servir com características ideológicas, mas serviço de responsabilidade; não é
desenvolver ideias, mas trabalhar a identidade das pessoas.
A palavra
solidariedade nem sempre agrada, porque não se restringe a um ato esporádico de
auxílio ao outro. Ela é expressão de comunidade, de prioridade naquilo que
defende a vida e valoriza as pessoas. É atitude de não se conformar com o
império do dinheiro, com o egoísmo sem sensibilidade para com a estrutura de
pobreza, de desigualdade, de falta de trabalho, de casa e negação de direitos.
Falar de
solidariedade é aludir ao nível moral das pessoas. É apelo para a consciência
universal e preocupação pelo cuidado com as coisas comuns. Um exemplo citado
pelo Papa se refere ao fato da pessoa ter água em abundância, mas gasta só o
necessário, evitando desperdício, para que o outro também tenha para seu
próprio uso. Isso é gesto humano, porque vai além das próprias fronteiras.
Nada pode
justificar privilégios que venham a dificultar o uso dos direitos e da
dignidade de todos, porque o mundo não foi feito apenas para alguns. Os bens
criados têm um destino comum. O Papa cita na Fratelli Tutti São Gregório Magno,
que diz: “Quando damos aos indigentes o que lhes é necessário, não oferecemos o
que é nosso; limitamo-nos a restituir o que lhes pertence”.
São João Paulo II
corrobora com o pensamento solidário ao dizer: “Deus deu a terra a todo gênero
humano, para que ela sustente todos os seus membros, sem excluir nem
privilegiar ninguém”. É justamente por isto que a Igreja fala, dentro da ordem
ético-social, da função social da propriedade privada. Um bem da criação não
poder ficar retido como propriedade fora do bem comum.
Dom Paulo Mendes
Peixoto - Arcebispo de Uberaba
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