quarta-feira, 13 de abril de 2016

Dom Cláudio Hummes diz
que Igreja cresce quando encurta distâncias

Os bispos reunidos na 54ª Assembleia Geral da CNBB recordaram os povos e a Igreja da Amazônia na missa desta quarta-feira (13), às 7h30, no Santuário Nacional de Aparecida. O presidente da celebração, Cardeal Cláudio Hummes arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Comissão para a Amazônia, disse que a Igreja cresce quando assume a sua identidade missionária.
Dom Cláudio faz homilia
“Não é tanto por muita falação, não é tanto por muitos documentos, não é tanto por doutrinação que a Igreja vai crescer. A vida religiosa, a Igreja, cresce por atração”, afirmou o cardeal referindo-se à realidade da diminuição no número de vocações e da identidade missionária da Igreja. 
O Cardeal manifestou o desejo de que a celebração desse dia servisse de apelo para a Igreja de todo o Brasil diante da necessidade urgente dos povos da região amazônica.
“Queremos que essa celebração seja um grande apelo missionário, que essa celebração não seja somente uma comemoração, mas também um apelo renovado e missionário para as Igrejas do resto do Brasil, para os padres, para os religiosos”, enfatizou.
Presidência da Eucaristia
"A Igreja não deve pensar em si mesma, ela deve fazê-lo por causa d´Ele não por causa dela, mas por causa daqueles que precisam. Uma Igreja assim atrai". 
A esse respeito, Dom Cláudio disse entender que a necessidade de vocações acontece em todas as realidades, mas julgou que a Amazônia tem relevância diante do desafio que ela impõe aos missionários que atuam nessa região, tanto pelas longas distâncias quanto pelos desafios culturais, econômicos, políticos e ambientais.
"Existe falta de padre por todo lado", frisou o cardeal. "E quando a gente pensa na necessária presença física, a gente diz ‘por toda parte falta padre’. Mas aquela Igreja na Amazônia tem carências muito especiais porque tem características especiais”, destacou.
Presbitério do Santuário
Por fim, o cardeal citou que a Igreja fará diferença na medida em que levar a misericórdia, em que encurtar as distâncias com aqueles que mais precisam de sua Palavra.
“A Igreja não deve pensar em si mesma, ela deve fazê-lo por causa d´Ele não por causa dela, mas por causa daqueles que precisam. Uma Igreja assim atrai. Aliás, Jesus disse ‘no dia em que eu for elevado na cruz eu atrairei todos a mim’. Ele não disse ‘pela minha pregação’, claro que também pela pregação, mas Ele diz no dia em que eu fizer o ato supremo da misericórdia para a humanidade é aí que eu vou atrair todos. É a misericórdia que faz a diferença, ela torna a fé real, viva! Paulo já dizia isso: uma fé que não se traduz em caridade é uma fé morta. É a caridade que atrai. Então também nós pensemos nisso, na medida em que vamos de fato, encurtamos as distâncias, nessa medida a Igreja faz a diferença e ela cresce por atração”, finalizou.
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Coletiva de Imprensa
Assembleia também tratou sobre a atuação da Pastoral do Dízimo
Dom Darci abre a coletiva
A CNBB apresentou na tarde desta quarta-feira (13), a Mensagem para as Eleições 2016. Além do parecer político dos bispos do Brasil, também foram apresentadas questões discutidas sobre a atuação da Pastoral do Dízimo, durante a Assembleia Geral que acontece em Aparecida (SP).
Dom Murilo Sebastião Krieger, arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente da CNBB, e Dom Roberto Ferrería Paz, bispo de Campos (RJ) atenderam à imprensa e comentaram os assuntos.
Antes de fazer a leitura completa do texto, Dom Roberto Ferrería frisou que, mais do que uma mensagem, a CNBB apresenta uma cartilha sobre as eleições. “Ela convoca os leigos a serem protagonistas antes e depois das eleições, para dar sentido a uma democracia mais atuante e mais participativa”.
Dom Roberto
Segundo o bispo, na Mensagem são apresentadas orientações pastorais sobre o exercício da responsabilidade cidadã.
Citando a exortação apostólica “Os Fiéis Leigos”, o texto diz que “os cristãos leigos e leigas não podem 'abdicar da participação na política'”.
A Mensagem também diz que “para votar bem é imprescindível conhecer, além dos programas dos partidos, os candidatos e sua proposta de trabalho”. Também é destacada a Lei da Ficha Limpa, como importante “instrumento iluminador do eleitor” e pedida atenção à questão de financiamento das campanhas eleitorais e compra e venda de votos.
É reafirmado ainda que “a Igreja Católica não assume nenhuma candidatura”, no entanto, destaca a importância da inserção dos cristãos no meio político para que possam semear ali os valores evangélicos.
Fala de Dom Murilo
Por fim, a Mensagem lembra aos eleitores da importância do acompanhamento dos candidatos depois de eleitos. “Estejam atentos à elaboração e implementação de políticas públicas que atendam, especialmente, às populações mais vulneráveis”, descreve.
Pastoral do Dízimo – Tratando da temática da Pastoral do Dízimo, Dom Murilo Krieger ressaltou que o texto base ainda não foi finalizado, mas que trará importantes orientações, que, ao mesmo tempo, não são obrigatórias.
O bispo explicou que a primeira parte do texto traz orientações para a Pastoral do Dízimo. A segunda apresenta orientações práticas de como implantar o trabalho, como organizar, quem são os agentes e, por fim, apresenta reflexões sobre aspectos jurídicos.
Dom Murilo destacou também que “a riqueza da Assembleia é buscar caminhos comuns. Cada bispo buscará colocar em prática as orientações de acordo com sua realidade“.
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CNBB divulga mensagem para as eleições 2016
Mensagem foi aprovada pela Assembleia Geral da Conferência
Logo oficial da CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, na tarde desta quarta-feira, 13, a mensagem para as eleições municipais deste ano. O texto foi aprovado durante a 54ª Assembleia Geral da entidade, que ocorre em Aparecida (SP). Os bispos dirigem ao povo brasileiro "uma mensagem de esperança, ânimo e coragem". 
A mensagem aborda o momento atual, ressalta o papel dos leigos como sujeitos na política e apresenta os critérios que podem ajudar o brasileiros que escolheram seus prefeitos e vereadores neste ano.
Leia o texto na íntegra:
MENSAGEM DA CNBB PARA AS ELEIÇÕES 2016
“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Amós 5,24) 
Neste ano de eleições municipais, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB dirige ao povo brasileiro uma mensagem de esperança, ânimo e coragem. Os cristãos católicos, de maneira especial, são chamados a dar a razão de sua esperança (cf. 1Pd 3,15) nesse tempo de profunda crise pela qual passa o Brasil.
Sonhamos e nos comprometemos com um país próspero, democrático, sem corrupção, socialmente igualitário, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem violência discriminação e mentiras; e com oportunidades iguais para todos. Só com participação cidadã de todos os brasileiros e brasileiras é possível a realização desse sonho. Esta participação democrática começa no município onde cada pessoa mora e constrói sua rede de relações. Se quisermos transformar o Brasil, comecemos por transformar os municípios. As eleições são um dos caminhos para atingirmos essa meta.
A política, do ponto de vista ético, “é o conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência entre indivíduos, grupos, nações que ofereçam condições para a realização do bem comum”. Já do ponto de vista da organização, a política é o exercício do poder e o esforço por conquistá-lo1, a fim de que seja exercido na perspectiva do serviço.
Os cristãos leigos e leigas não podem “abdicar da participação na política” (Christifideles Laici, 42). A eles cabe, de maneira singular, a exigência do Evangelho de construir o bem comum na perspectiva do Reino de Deus. Contribui para isso a participação consciente no processo eleitoral, escolhendo e votando em candidatos honestos e competentes. Associando fé e vida, a cidadania não se esgota no direito-dever de votar, mas se dá também no acompanhamento do mandato dos eleitos.
As eleições municipais têm uma atração e uma força próprias pela proximidade dos candidatos com os eleitores. Se, por um lado, isso desperta mais interesse e facilita as relações, por outro, pode levar a práticas condenáveis como a compra e venda de votos, a divisão de famílias e da comunidade. Na política, é fundamental respeitar as diferenças e não fazer delas motivo para inimizades ou animosidades que desemboquem em violência de qualquer ordem.
Para escolher e votar bem é imprescindível conhecer, além dos programas dos partidos, os candidatos e sua proposta de trabalho, sabendo distinguir claramente as funções para as quais se candidatam. Dos prefeitos, no poder executivo, espera-se “conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes econômicos”2. Dos legisladores, os vereadores, requer-se “uma ação correta de fiscalização e legislação que não passe por uma simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao executivo”3.
É fundamental considerar o passado do candidato, sua conduta moral e ética e, se já exerce algum cargo político, conhecer sua atuação na apresentação e votação de matérias e leis a favor do bem comum. A Lei da Ficha Limpa há de ser, neste caso, o instrumento iluminador do eleitor para barrar candidatos de ficha suja. 
Uma boa maneira de conhecer os candidatos e suas propostas é promover debates com os concorrentes. Em muitos casos cabe propor lhes a assinatura de cartas-compromisso em relação a alguma causa relevante para a comunidade como, por exemplo, a defesa do direito de crianças e adolescentes. Pode ser inovador e eficaz elaborar projetos de lei, com a ajuda de assessores, e solicitar a adesão de candidatos no sentido de aprovar os projetos de lei tanto para o executivo quanto para o legislativo.
É preciso estar atento aos custos das campanhas. O gasto exorbitante, além de afrontar os mais pobres, contradiz o compromisso com a sobriedade e a simplicidade que deveria ser assumido por candidatos e partidos. Cabe aos eleitores observar as fontes de arrecadação dos candidatos, bem como sua prestação de contas. A lei que proíbe o financiamento de campanha por empresas, aplicada pela primeira vez nessas eleições, é um dos passos que permitem devolver ao povo o protagonismo eleitoral, submetido antes ao poder econômico. Além disso, estanca uma das veias mais eficazes de corrupção, como atestam os escândalos noticiados pela imprensa. Da mesma forma, é preciso combater sistematicamente a vergonhosa prática de “Caixa 2”, tão comum nas campanhas eleitorais.
A compra e venda de votos e o uso da máquina administrativa nas campanhas constituem crime eleitoral que atenta contra a honra do eleitor e contra a cidadania. Exortamos os eleitores a fiscalizarem os candidatos e, constatando esse ato de corrupção, a denunciarem os envolvidos ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral, conforme prevê a Lei 9840, uma conquista da mobilização popular há quase duas décadas.
A Igreja Católica não assume nenhuma candidatura, mas incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos. No discernimento dos melhores candidatos, tenha-se em conta seu compromisso com a vida, com a justiça, com a ética, com a transparência, com o fim da corrupção, além de seu testemunho na comunidade de fé. Promova-se a renovação de candidaturas, pondo fim ao carreirismo político. Por isso, exortamos as comunidades a aprofundarem seu conhecimento sobre a vida política de seu município e do país, fazendo sempre a opção por aqueles que se proponham a governar a partir dos pobres, não se rendendo à lógica da economia de mercado cujo centro é o lucro e não a pessoa. 
Após as eleições, é importante a comunidade se organizar para acompanhar os mandatos dos eleitos. Os cristãos leigos e leigas, inspirados na fé que vem do Evangelho, devem se preparar para assumir, de acordo com sua vocação, competência e capacitação, serviços nos Conselhos de participação popular, como o da Educação, Saúde, Criança e Adolescente, Juventude, Assistência Social etc. Devem, igualmente, acompanhar as reuniões das Câmaras Municipais onde se votam projetos e leis para o município. Estejam atentos à elaboração e implementação de políticas públicas que atendam especialmente às populações mais vulneráveis como crianças, jovens, idosos, migrantes, indígenas, quilombolas e os pobres. 
Confiamos que nossas comunidades saberão se organizar para tornar as eleições municipais ocasião de fortalecimento da democracia que deve ser cada vez mais participativa. Nosso horizonte seja sempre a construção do bem comum.  
Que Nossa Senhora Aparecida, Mãe e Padroeira dos brasileiros, nos acompanhe e auxilie no exercício de nossa cidadania a favor do Brasil e de nossos municípios, onde começa a democracia.
Aparecida - SP, 13 de abril de 2016
Dom Sergio da Rocha - Arcebispo de Brasília - Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger - Arcebispo São Salvador da Bahia - Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner - Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário-Geral da CNBB
1. Cf. CNBB – Doc. 40 - Igreja Comunhão e Missão – n. 184.

2. CNBB – Doc. 91 Por uma reforma do estado com participação democrática, n. 40.
3. Idem.
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Fonte da primeira e segunda matériaa12.com    Fonte  da segunda matériacnbb.org.br

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