segunda-feira, 11 de abril de 2016

Dom José Alberto Moura na missa desta segunda:
“Não basta crer, é preciso convencer”

Após o retiro do final de semana, os bispos de todo o Brasil retomaram os trabalhos da Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida. A manhã desta segunda-feira (11) iniciou com a Missa, em intenção pelos bispos falecidos, realizada no Santuário Nacional.
Presidência da Eucaristia
A celebração foi presidida por Dom José Alberto Moura, CSS, arcebispo de Montes Claros (MG) e concelebrada por Dom Claudio Nori Sturm, bispo de Patos de Minas (MG) e Dom Maurício Grotto de Camargo, arcebispo de Botucatu (SP).
Em sua homilia, Dom José Alberto falou sobre como é indispensável a busca por Jesus para a humanidade. Ele afirmou que diversos motivos levam as pessoas a procurarem Jesus, como curas e milagres, mas destacou: “Jesus adverte pela necessidade de buscar o alimento que não perece, mas que dá base para a vida eterna. Depois que Jesus colocou esse desafio muitos deixaram de segui-lo”.
O arcebispo disse ainda que “é preciso seguir a Jesus pro der e vier, eis a nossa fé. Jesus desafiou até os apóstolos: vocês também querem ir embora? E Pedro faz sua profissão de fé: ‘só tu tens Palavra de Vida’. Após isso, os apóstolos deram a vida para o anúncio do evangelho”.
Bispos participantes
Dom José Alberto também advertiu que é preciso dar testemunho da fé: “Não basta crer, é preciso convencer. É preciso que acreditem em nós por causa da nossa fé em Jesus e que, na prática, mostremos quem somos no seguimento a Ele”.
Nesse sentido, o presidente da celebração recordou os bispos falecidos, principalmente desde a última assembleia da CNBB, em 2015.
“Fazendo memória, dos bispos falecidos, temos os testemunhos e os valores assumidos por eles, o compromisso que firmaram com Jesus e os serviços prestados à sociedade. Eles foram verdadeiros missionários de Jesus. Pedimos para que Deus os tenha na vida eterna e que rezem para que nós sigamos os seus bons exemplos: com paixão e doação total, executando a vontade do Pai”.
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Bispos refletem sobre "misericórdia e justiça"
e perspectivas pastorais da Amoris Laetitia
Apresentação dos temas ocorreu no sexto dia da 54ª Assembleia Geral da CNBB
A Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou na manhã desta segunda-feira, 11, ao episcopado brasileiro reunido em Assembleia, a relação entre a misericórdia e a justiça, presente na Bula de Proclamação do Jubileu da Misericórdia, a Misericordiae Vultus, e as perspectivas pastorais da exortação apostólica do papa Francisco, Amoris Laetitia. 
Dia de intenso trabalho
O bispo de Bom Jesus da Lapa (BA), dom João Cardoso, e membro da Comissão, falou aos bispos sobre a Justiça e a Misericórdia. “Entre justiça e misericórdia, aparentemente, parece não haver possibilidade de relação. Cada um dos termos pertence a campos semânticos diferentes. A misericórdia tem aspecto mais subjetivo e aparece ligada ao sentimento de compaixão. A justiça apresenta-se mais ligada à razão”, explicou. 
“A misericórdia tem conotação moral e religiosa. Situa-se no âmbito da vida privada e diz respeito a atos de misericórdia e compaixão que somos interpelados a praticar em determinados contextos. A justiça situa-se na esfera pública da vida, da sociedade”, complementou.
Porém, conforme lembra dom João, o papa Francisco afirma na Misericordiae Vultus, que a misericórdia não é contrária à justiça. “Se Deus se detivesse na justiça deixaria de ser Deus. Seria como todos os homens que clamam pelo respeito da lei. A justiça por si só não é suficiente. Por isso, Deus com a misericórdia e o perdão passa além da justiça. Deus não rejeita a justiça. Ele engloba-a e supera-a no evento superior , no qual se experimenta o amor que está na base de uma verdadeira justiça”, acrescenta. 
Diz, ainda, que o conceito de justiça baseado no “dar a cada um aquilo que lhe é devido” tem a ver com reciprocidade. Porém, recorda que Jesus ensina que se deve fazer o bem aos amigos e inimigos. “Em nenhum contexto seria justo o mal a alguém”, afirma. 
Falou, ainda, do justo universal que corresponde à ordem jurídica e do justo particular, que se divide em distributivo e corretivo. Segundo as explicações, a justiça distributiva regula a relação entre o todo e as partes, isto é, entre o Estado e os indivíduos. É caracterizada pela divisão de recompensas de acordo com o mérito. Já a justiça corretiva regula as relações entre as partes, entre os cidadãos do Estado. “Não importa quem cometeu o crime, se o homem de bem ou um bandido, ele deve ser punido de acordo com o delito cometido. Aqui, em princípio há uma reciprocidade na aplicação das penas; entretanto, a compensação não poderia ser exatamente igual em todos os casos, visto que dependeria de cada ocorrência particular”, complementou. 
Dom João disse que “o primado da misericórdia sobre a justiça se traduz, no plano social, como o dever do Estado em garantir àqueles que não têm mérito algum o acesso aos benefícios e ao bem-estar social, assegurando-lhes o direito de serem amparados, assistidos e protegidos pelo fato de serem pessoas humanas”. Para o bispo, “os pobres e os miseráveis não podem esperar eternamente pela boa vontade de cristãos caridosos ou de pessoas de boa vontade”. Ele recorda que há direitos fundamentais que devem ser efetivados  “para que a justiça não corra o risco de ser destruída, como ensina o papa Francisco”. 
Perspectivas pastorais da Amoris Laetiti
O bispo coadjutor de Luziânia (GO), dom Waldemar Passini, apresentou aos bispos os nove capítulos da exortação apostólica pós-sinodal do papa Francisco, Amoris Laetiti que, segundo ele, proporciona ampla reflexão sobre o amor. 
Dom Waldemar lembrou que a exortação é oferecida após a realização dos sínodos do papa sobre a família, ocorridos em 2014 e 2015, à luz da Palavra, e destacou três aspectos para estimular a leitura do texto: a sinodalidade como caráter exemplar, a linguagem e a capacidade de interpelar, estimular e acompanhar. 
O bispo de Coari (AM), dom Marcos Piatek destacou as perspectivas pastorais do capítulo sexto da exortação apostólica. Conforme o bispo, o papa deixa dois critérios para elaborar novos caminhos pastorais. “O primeiro visa a fidelidade à doutrina da Igreja. O segundo procura ver a necessidade e os desafios locais”, diz. Para dom Piatek, o papa Francisco, com este documento, pretende apontar apenas alguns princípios fundamentais que aparecem no cotidiano como: anunciar o Evangelho da Família; guiar os noivos no caminho do matrimônio; acompanhar nos primeiros anos da vida matrimonial; iluminar crises, angústias e dificuldades; acompanhar as famílias que sofrem com a dor da morte.
O bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), dom Leomar Brustolin, fez uma exposição sobre o oitavo capítulo da exortação apostólica. “Trata-se de um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral perante situação que não corresponde plenamente ao que o Senhor nos propõe”, disse. Dom Leomar destacou quatro palavras-chave para a leitura do capítulo: proximidade, discernimento, misericórdia e integração à comunidade. 
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                                                      Bispos aprofundam 
reforma do processo de nulidade
e posturas pastorais da Exortação pós-sinodal

Reforma do processo canônico para as causas de nulidade, questões práticas e perspectivas pastorais da Exortação pós-sinodal do Papa Francisco “Amoris laetitia”, sobre o amor na família e o retiro dos bispos que teve como pregador, o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, foram os assuntos apresentados pelos bispos na coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (11), sexto dia da 54ª Assembleia Geral da CNBB.
Dom Darci Nicioli abre a Coletiva de Imprensa
Estavam presentes na coletiva, o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (SP) e Dom Sérgio de Deus Borges, bispo auxiliar de São Paulo (SP).
Dom Raymundo resumiu a reflexão apresentada pelo Cardeal Ravasi centrada no tema da misericórdia como oportuna e de profundo enriquecimento para todos os bispos, visto o seu vasto currículo.
“Ele abordou o tema da misericórdia sob diversos aspectos e muito bem fundamentado do ponto de vista bíblico e do ponto de vista cultural. Foi um retiro muito proveitoso e muito agradável”, afirmou o cardeal.
Na sequência, o Cardeal falou sobre a Exortação “Amoris laetitia”, especificamente sobre os capítulos sexto e oitavo, que apresentam questões práticas e perspectivas pastorais a respeito da família citando algumas posturas pastorais, entre elas, o reforço da Pastoral Familiar, a preocupação com a formação dos futuros padres diante do desafio do acompanhamento das famílias desde a preparação dos casais antes do matrimônio, a celebração e a direção espiritual dos casais durante toda a vida, bem como os casais separados e divorciados recasados.
Dom Raymundo Damasceno
Dom Damasceno enfatizou o desejo do Papa de que esses casais sejam acolhidos e acompanhados pela Igreja. “Eles precisam de acompanhamento da Igreja, isso é fundamental. Até para viver na comunidade, pois eles não estão excomungados”, frisou o cardeal destacando o grande número de casais que participam da vida da Igreja dando testemunho de caridade e responsabilidade.
Em seguida, tomou a palavra Dom Sérgio de Deus que falou com clareza sobre a reforma anunciada pela Igreja no ano passado que favoreceu uma maior celeridade no encaminhamento e proferimento de sentenças dos processos de nulidade matrimonial pelos tribunais da Igreja.
Dom Sérgio de Deus
O bispo recordou que este pedido por um “processo mais breve” esteve em discussão na Igreja desde o Concílio Vaticano II e com o Papa Francisco recebeu atenção e decisão. Dom Sérgio detalhou diversos pontos do Motu Próprio “Mitis Iudex Dominus”, que foram aprimorados por Francisco, com destaque à duração do processo até o proferimento da sentença que agora pode chegar a quatro ou cinco meses. 
“Nós temos este processo, este novo percurso que o Papa Francisco apresenta. Então não é para favorecer a nulidade é para ajudar as pessoas a viver na santidade. Esta me parece a beleza deste documento, do caminho e do magistério que representa o Papa Francisco a todos nós”, enfatizou.
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