sexta-feira, 8 de março de 2024

Duas interessantes reflexões para este 8 de março:

O papel da mulher na Igreja:
empoderamento, serviço e liderança

Dom Anuar Batistti
A discussão sobre o papel da mulher na Igreja tem sido um tema de grande importância e relevância nos tempos atuais. No contexto do século XX, mulheres como Santa Teresa de Calcutá e Santa Dulce dos Pobres se destacam como exemplos inspiradores de serviço e amor ao próximo, mostrando como as mulheres podem desempenhar papéis cruciais na vida da Igreja e na sociedade como um todo.

À medida que buscamos compreender melhor as Escrituras e aplicar seus princípios à nossa sociedade em constante mudança, é fundamental examinar o papel das mulheres na história bíblica e na vida da Igreja primitiva. 

Não podemos deixar de mencionar Nossa Senhora, Mãe de Jesus e da Igreja. Maria desempenhou um papel único e crucial na história da redenção, sendo escolhida por Deus para dar à luz o Salvador do mundo. Sua humildade, devoção e obediência são um exemplo para todos os cristãos, homens e mulheres, de como responder à vontade de Deus com fé e submissão (Lucas 1,26-38). 

Ao longo das Escrituras, encontramos numerosos exemplos de mulheres que desempenharam papéis significativos na história da redenção e na vida do povo de Deus. Desde o Antigo Testamento até o Novo Testamento, essas mulheres são apresentadas como modelos de fé, coragem e serviço. 

Débora: No livro de Juízes, encontramos a história de Débora, uma profetisa e juíza em Israel. Débora foi uma líder corajosa que exerceu autoridade e liderança sobre o povo de Deus em um tempo de grande dificuldade (Juízes 4-5). 

Ester: Ester é uma figura central no livro que leva seu nome. Ela era uma jovem judia que se tornou rainha da Pérsia e desempenhou um papel crucial na salvação de seu povo da destruição (Ester 4,14). 

Maria de Magdala: Maria de Magdala é frequentemente lembrada como uma das seguidoras mais fiéis de Jesus. Ela foi testemunha da ressurreição de Jesus e foi comissionada por ele para anunciar a boa nova aos discípulos (João 20,11-18). 

Priscila: Priscila é mencionada várias vezes no Novo Testamento como uma colaboradora fiel na propagação do Evangelho. Ela e seu marido, Áquila, trabalharam lado a lado com Paulo na missão de plantar igrejas e ensinar o evangelho (Atos 18, 2.18.26; Romanos 16, 3-5; 1 Coríntios 16,19). 

Febe: Febe é mencionada por Paulo em sua carta aos Romanos como uma serva da Igreja em Cencréia. Ela foi elogiada por sua dedicação ao serviço cristão e pela liderança que exercia entre os irmãos (Romanos 16,1-2). 

Embora haja diferenças nos papéis e responsabilidades dentro da comunidade cristã, a igualdade de dignidade e valor entre homens e mulheres é fundamental. 

Paulo expressa esse princípio claramente em sua carta aos Gálatas: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3,28). Essa passagem ressalta a igualdade fundamental de todos os crentes perante Deus, independentemente de sua raça, classe social ou gênero. 

Além disso, é importante reconhecer que o chamado ao serviço na Igreja não é limitado pelo gênero. Todos os cristãos, homens e mulheres, são chamados a servir conforme os dons e talentos que receberam de Deus, contribuindo para o crescimento e edificação do corpo de Cristo (1 Coríntios 12, 4-11). 

À medida que refletimos sobre o papel da mulher na Igreja, somos desafiados a reconhecer e valorizar a diversidade de dons, talentos e perspectivas que cada membro traz para a comunidade cristã. Mulheres e homens são chamados a se unir em um espírito de amor, serviço mútuo e cooperação, buscando juntos o avanço do Reino de Deus neste mundo. 

Que possamos, como comunidade de fé, honrar e celebrar o papel das mulheres na Igreja, reconhecendo sua contribuição vital para a missão e o testemunho do Evangelho. Sigamos o exemplo daqueles que nos precederam na fé, homens e mulheres que serviram fielmente ao Senhor, proclamando sua verdade e compartilhando seu amor com o mundo ao nosso redor. 

Que Deus nos conceda a graça de vivermos juntos em unidade e diversidade, como membros do corpo de Cristo, trabalhando para a glória de seu nome e para o bem de sua criação. Deus abençoe todas as mulheres e a sua ação evangelizadora na Igreja! Amém! 

Dom Anuar Battisti - Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

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Mulheres:
poetas e artesãs da paz, da paz, da ternura e da amizade social

Dom Roberto Paz
Ao comemorarmos o dia Internacional da Mulher, queremos iluminados pela Campanha da Fraternidade deste ano, tão necessária para refazermos o tecido social, superarmos a divisão e a polarização que nos atinge no nosso país e no mundo que vivemos, agradecer a missão e papel da mulher nossa irmã como profeta e tecedora da amizade social.

O texto-base considera o exemplo de Rute e Noemi, que a partir da amizade parental de nora e sogra vivenciaram uma bela página de amizade que transcende fronteiras e preconceitos. Mais adiante nos deparamos com a menção de uma mulher especial na história de São Francisco, a beata Jacoba Desettesoli, viúva que se dedicou a caridade e a hospitalidade com os pobres como a família de seu marido Frangipane, famosa pelos doces (mustacciuolo de amêndoas) que dava ao Pai Francisco e a todas as pessoas.  

Pressentiu a morte do santo e foi ao seu encontro, encarregando-se de detalhes do seu funeral e foi enterrada junto aos frades Rufino, Leone, Masseo e Ângelo, os primeiros seguidores de São Francisco na parte superior da Basílica de Assis. Poderíamos acrescentar as Santas Mulheres que acompanhavam a Jesus e os Apóstolos, Santa Maria Madalena e as companheiras de missão de São Paulo.  

Mostram o rosto de uma Igreja servidora, acolhedora, terna e alegre, que abre as portas e alarga a tenda. No Brasil podemos citar também várias mulheres que protegeram direitos, ampliaram a consciência de dignidade e tornaram a nossa Igreja mais presente e a sociedade mais igualitária, justa e fraterna, mulheres como Margarida Genevois que trabalhou mais de 25 anos na Comissão Justiça e Paz, Maninha Xucuru, pertencente aos xucurus-kariris de Palmeira dos Índios,  

Procópia dos Santos do quilombo Kalunga em Goiás, mãe e líder do seu povo, Zilda Arns Neumann, a grande defensora da vida das crianças e idosos, e Santa Dulce dos Alagados. Junto a estas mulheres mais conhecidas que nos estimulam e encorajam existe uma grande multidão de mulheres que desde os seus lares, estudos, trabalhos e lutas vão construindo todos os dias uma convivência mais saudável, inclusiva, partilhando seus dons e desempenhando ministérios de partilha, reconciliação e sanação.  

Que Maria Nossa querida Mãe na sua ternura e misericórdia transbordante sempre as proteja, encoraje e ilumine no testemunho e missão de curar os relacionamentos e de gerar a paz social e planetária. Deus seja louvado!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo de Campos (RJ)
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