terça-feira, 19 de março de 2024

Com toda a Igreja, festejamos hoje

nosso querido padroeiro, São José!

Um dos eventos religiosos mais queridos dos católicos paraisopolenses é sem dúvida a festa do padroeiro São José, com sua bem planejada novena preparatória. Nas celebrações a participação é muito grande, a matriz fica pequena para acolher a multidão de fiéis, que cantam, rezam e acompanham as homilias e reflexões dos sacerdotes convidados.

Há décadas essa festa é sempre dessa forma: muita fé, grande entusiasmo e intensa alegria expressam o carinho dos fiéis para com o esposo dedicado de Maria e pai amoroso de Jesus. E vale sempre ressaltar que importantes são os frutos que essa participação deve fazer nascer no coração e na vida das pessoas e da comunidade. Para isso refletir sobre a vida de São José é sempre oportuno.

Qual o motivo de nossos antepassados, desde a primeira capelinha, nos idos de 1820, terem se identificado e escolhido para seu padroeiro o pai terreno de Jesus? Que razões fundamentaram a permanência do esposo de Maria como o padroeiro da paróquia criada oficialmente no dia 31 de maio de 1850? Como explicar tão grande devoção de nossa gente ao carpinteiro de Nazaré nos dias de hoje? Diversas devem ser as respostas a esses questionamentos. Destacamos aqui uma delas, que julgamos ser importante para nossa reflexão e crescimento na fé e no compromisso com um mundo melhor: todos e todas somos bem semelhantes a São José.

José, homem simples, carpinteiro de profissão, sempre viveu do fruto de seu trabalho, do suor de cada dia. José, homem de fé, de profundo respeito a Deus, a quem amava acima de tudo. José, homem de seu tempo, cumpridor dos deveres familiares e civis. Tudo isso e muito mais poderia ser dito a respeito dele. O autor sagrado escolheu apenas uma palavra para sintetizar suas não poucas virtudes, o adjetivo justo. José era um homem justo (Mt 1,19).

Aqui residem exatamente alguns motivos da identificação de nossa gente com o seu Padroeiro. Todos aspiramos à justiça nas relações humanas. Nosso povo valoriza a simplicidade, a responsabilidade na profissão, a fé, o amor a Deus. Todos temos algo em comum com São José. Como ele, muitos já passaram por conflitos interiores, por dúvidas profundas, por sofrimentos, pela exclusão, pela perseguição. Somos, portanto, em muito semelhantes a São José.

Sua fidelidade e disponibilidade aos projetos divinos nos ensinam, educam e inspiram em nosso itinerário de crescimento na fé. Por isso, em 1870, foi declarado pelo Papa Pio IX, Patrono Universal da Igreja. Outros pontífices, entre os quais, Leão XIII e João Paulo II, exaltaram suas virtudes em encíclicas especiais. Benedito XV o proclamou patrono da justiça social. Pio XII instituiu uma segunda festa em sua homenagem, São José, o trabalhador no dia 1º de maio. E o Papa Francisco, em diversos momentos, chamou a atenção para sua importância na história da salvação, dedicando-lhe inclusive um ano especial e, por ocasião do 150º aniversário da declaração feita por Pio IX, presenteou-nos com a bela e importante Carta Apostólica Patris Corde – Com o coração de Pai.

Que as festividades em homenagem ao nosso padroeiro ajudem a nos aproximarmos do modo de viver do Santo Carpinteiro de Nazaré, na humildade, no silêncio, na obediência e fidelidade a Deus, pois esse é o modo de viver de seu divino Filho Jesus, que cumpriu sempre a vontade do Pai. São José aponta o caminho, procuremos ser iguais a ele e seremos semelhantes a Jesus.

                                                                                                               Luiz Gonzaga da Rosa

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Homenagem a São José:

nosso querido padroeiro

As frias noites das terras próximas ao Machadão assistiam periodicamente, em meados do século XIX, à movimentação dos negros em busca de uma capelinha erigida no centro da colina principal.

Foto da  bela imagem de São José
Altar central da igreja matriz de Paraisópolis - MG

Das senzalas espalhadas desde as encostas dos montes e outeiros do pé da serra às planícies do Lavapés e das várzeas verdejantes dos rios e ribeirões que cortavam as proximidades, homens, mulheres, crianças, famílias inteiras, à luz de tochas, surgiam como que em procissões sinuosas pelas baixadas e elevações, sedentos de uma água que alimentava a esperança daquela gente sofrida.

Daí a pouco a pequena capela e o terreiro que a rodeava estavam lotados. Era a festa de São José. Ouviam-se, então, quebrando o silêncio paradisíaco, piedosos cânticos a Nossa Senhora e a seu esposo, São José. À Maria, por ser a Mãe que os confortava nos sofrimentos da escravidão e, a José, o santo com quem, de modo especial, se identificavam. Como o Carpinteiro de Nazaré, trabalhavam de sol a sol. Como Ele, foram cruelmente arrancados da terra natal. Suas dores eram como as dores que São José vivera.

E sabiam que a África, de seus pais e de sua infância, jamais a veriam. As saudades da pátria distante não os impediam, porém, que aprendessem a amar a nova terra, mãe de seus filhos, sob cujo teto nasciam os herdeiros dos sonhos africanos. E assim buscavam na invocação a São José o lenitivo e o conforto para os sofrimentos cotidianos.

A devoção ao Santo venceu os anos e fortaleceu-se no tempo e na história. São José tornou-se, por vontade de seus primeiros habitantes, o padroeiro das terras e das gentes do Paraíso, que legaram tão bela herança aos colonos dos primeiros tempos, aos paraisopolenses que chegaram posteriormente e às gerações de seus filhos.

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Crônica publicada no livro O Paraíso de José; 160 anos da Paróquia São José de Luiz Gonzaga da Rosa - Editora Santuário de Aparecida, 2010, p. 19-20.

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Hoje, cento e setenta e quatro anos após, temos em São José o intercessor fiel junto a Deus e o modelo do homem justo, que, no cumprimento de sua nobre missão e de seu trabalho, edifica as bases de um novo tempo para a família e a sociedade.

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