Onde está a tua Bíblia?
Nas celebrações da Confirmação, pergunto
aos rapazes e moças, onde está a tua Bíblia? Isto porque temos a certeza de que
a Palavra de Deus, bem vivida, é causa de tantos caminhos de espiritualidade
cristã. Sabemos que o texto bíblico, repetido a cada dia, na sua pequenez, vai
se introduzir na vida e no coração de quem o tem próximo de si. Fato, que a
Palavra de Deus é um caminho que produz comunhão e unidade com Deus, sem o qual
não podemos ser verdadeiramente cristãos, e com os irmãos. Então, como sermos cristãos
sem a Palavra e a Eucaristia? Isto não é possível. Foi um momento em que os
cristãos eram formados pelo caminho do discernimento social, onde a Palavra era
colocada à prova, pelos múltiplos modos de como foi sendo alicerçada. Então, no
final do caminho de Iniciação à Vida Cristã, onde fica a Palavra? Qual é o
caminho que tomará? Parece-me que depois de tanto tempo que ela produz frutos,
talvez não o suficiente, o caminho mais claro é o tomar na mão e levar a
Palavra. Falo, sobretudo, do levar a Palavra, sempre, todos os dias até se
completar o tempo da vida cristã.
Jesus, fez a mesma “saída” com a Palavra.
“Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28,19). Sempre, o Senhor
anunciava, falava, ensinava e insistia com os discípulos sobre a missão. “Sem a
Palavra é como se a Igreja quisesse evangelizar silenciando Jesus. Ele mesmo é
a pronúncia viva do Altíssimo” (CNBB, Estudos 114, “E a Palavra habitou entre
nós” (Jo 1,14)). A Escritura é a comunicação de Deus para a humanidade, com
nosso jeito de ser, e que precisam da inspiração do Divino Espírito Santo. No
entanto, a melhor e mais perfeita expressão da Palavra de Deus é Jesus Cristo,
“a Palavra habitou entre nós” (Jo 1, 14). Este é o rumo: “Quem tiver ouvidos,
ouça” (Ap 13,9). “E quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é
como um insensato” (Mt 7,26). Sempre, com clareza, a Palavra de cada dia.
Anunciada em forma de vídeo, via internet, ou em forma de texto bíblico. De
fato, não falta a Palavra de Deus nunca.
Neste último domingo do mês de setembro,
dia da Bíblia Sagrada, vale a mensagem de Jesus Cristo sobre a Palavra: a
Parábola do Semeador (Mc 4,1-9; Mt 13,1-9; Lc 8, 4-8). Em primeiro lugar, a
temática da Palavra é tão central, que ninguém lhe pode conferir outro sentido
que não aquele atribuído pelo próprio Mestre e Senhor. Existem vários caminhos
para a Palavra, dependendo do coração do discípulo. O certo é que o decisivo é
lançar a semente, a Palavra. Em segundo lugar, nos é apresentado o Senhor em
ritmo de saída, à procura, de lançar a semente. O “sentou-se junto ao mar” (Mt
13,1) é a atitude do mestre que se põe a ensinar. Fez assim lá na montanha,
quando se colocou a ensinar os discípulos (Mt 5,1). Em terceiro lugar, o
Semeador, não se preocupa em escolher o solo. Ele lança a semente. Ela cai onde
deve cair. Ele quer que a semente chegue a todos os lugares: os passarinhos, o
chão pedregoso, repleto de espinhos e, claro, o chão bom, que haverá de
produzir muito fruto. Em quarto lugar, a semente cai em terra boa. A semente é muito
boa, e dá bom fruto. Os frutos da Palavra, da semente, é apresentado em três
medidas: cem, sessenta e trinta por um.
Que caminho especial este dos missionários
e missionárias que trabalham com fé e corresponsabilidade eclesial. Quantos
ministros catequistas, muitos ministros da Palavra e da Eucaristia e quantos
pais e mães, levam a Palavra com alegria. Ela deve tornar-se fonte de
santificação da vida cotidiana.
Dom Adelar Baruffi - Bispo Diocesano de
Cruz Alta (RS)
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