dá início a ano jubilar
Na noite desta quinta (23), às 19h, com missa solene, a arquidiocese de Pouso Alegre (MG) deu início ao ano jubilar em comemoração dos 60 anos de sua elevação à categoria de sede arquiepiscopal. A missa foi presidida pelo arcebispo metropolitano, dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., na catedral do Bom Jesus.
A celebração eucarística teve a
participação de leigos representantes das paróquias, seminaristas, religiosos,
diácono, padres e arcebispo. Entre os presentes, estavam os membros da comissão
preparatória do jubileu: pe. José Francisco Ferreira, Maria Cristina de Souza
Faria, Dalva Rangel da Veiga Nery, Eder do Couto Nora, Fernando Henrique do
Vale, GIovana Costa Carvalho, Iracema Kian Dantas, Lucimara do Carmo Aparecido
e Suzana Costa Coutinho.
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Perspectiva da entrada da catedral, com vista para a nave e presbitério. |
No início da celebração, côn. Vonilton Augusto Ferreira, cura da catedral, acolheu a todos os presentes, dando as boas-vindas e introduzindo a motivação da missa. Nos ritos iniciais, houve recordação da vida e história da arquidiocese, com entronização do brasão arquidiocesano e uma oliveira, que será plantada no Seminário Arquidiocesano durante as festividades do ano jubilar e que remete ao lema escolhido para esse jubileu: “Firme com a árvore plantada à beira do rio, dá fruto no tempo devido” (Sl 1,3).
A liturgia da Palavra foi tirada de 1Rs 8,55-61 (oração de Salomão); de 1Cr 29, como salmo responsorial (Celebramos, Senhor, a glória do vosso nome), e Jo 15, evangelho com a imagem bíblica da videira. Os leitores foram Wagner, da comunidade dos Ambrósios, da paróquia do Divino Espírito Santo, em Espírito Santo do Dourado (MG); Joelma, da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Pouso Alegre; e Angélica, da paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Estiva (MG), que proferiu as preces em nome da assembleia. O evangelho foi proclamado pelo diácono Rafael Silveira, recém-ordenado.
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Arcebispo e ministros concelebrantes rezam a Prece Eucarística. |
Na homilia, dom Majella acolheu os fiéis e
ministros ordenados, destacando os trabalhos exercidos pela comissão do ano
jubilar, citando os seus coordenadores, pe. José Francisco Ferreira e Maria
Cristina Souza Faria. O arcebispo explicou a passagem da videira, tirada de Jo
15. Ressaltou que o verbo permanecer aparece 11 vezes no relato evangélico, o
que mostra a importância desse verbo. O arcebispo motivou os fiéis a acolherem
a Palavra de Deus para permanecerem sempre com Jesus Cristo e conviverem em
harmonia com os irmãos. Além disso, dom Majella falou que a palavra “jubileu”
remete à “peregrinação”. Com isso, convidou os fiéis e ministros da
arquidiocese a realizarem uma “peregrinação” durante o ano jubilar rumo às
raízes históricas da Igreja Particular de Pouso Alegre, que já conta com mais
de 120 anos. Por fim, o arcebispo convidou a todos que rezem pelo bom êxito do
1º Sínodo arquidiocesano, que já está sendo preparado nas paróquias e comunidades
e será um grande sinal de Deus na arquidiocese para que os fiéis vivam a fé e a
vontade divina com mais intensidade nos dias atuais.
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Dom Majella incensa as ofertas do pão e do vinho. Destaque para o brasão arquidiocesano. |
Após a liturgia eucarística, dom Majella
agradeceu a todos os seminaristas, que auxiliaram na celebração com o canto
litúrgico. O arcebispo também pediu a participação de todos os fiéis nas
atividades do ano jubilar, principalmente por meio das atividades virtuais e
das missas a serem celebradas nas paróquias todo dia 23, de cada mês, até
setembro de 2022, quando será a comemoração do jubileu de diamante da elevação
da diocese à arquidiocese.
Íntegra da homilia
Amados irmãos e irmãs,
É grande a minha alegria por poder repartir
com vocês o Pão da Palavra de Deus e da Eucaristia, aqui, nesta noite, nesta
nossa Catedral Metropolitana, onde aconteceu, no dia 23 de setembro de 1962, a
solene celebração eucarística com a instalação canônica da nova Província
Eclesiástica do Sul de Minas e elevando à dignidade de Sede Arquiepiscopal a
diocese de Pouso Alegre.
Saúdo a todos com afeto e agradeço à
Coordenação Arquidiocesana do Jubileu de Diamante da Arquidiocese, nas pessoas
da Cristina e do pe. Francisco, que estão à frente de toda uma equipe de
trabalho. Eu quero agradecer a essa coordenação pela dedicação e o eficiente
trabalho de conscientização e integração das nossas comunidades paroquiais, com
o projeto celebrativo desse jubileu. Sou eternamente grato a essa equipe de
trabalho. Agradeço em particular o Côn. Vonilton, Cura da Catedral, as palavras
de acolhida no início desta celebração acolhendo a todos nós e com o senhor,
cônego Vonilton, quero saudar os demais sacerdotes que concelebram conosco,
diácono, os religiosos e as religiosas, os seminaristas e todos os agentes de
pastorais e representantes das comunidades que aqui se encontram e a você amado
irmão, irmã, que está em sintonia conosco através da plataforma digital da
nossa catedral metropolitana e da nossa Arquidiocese.
No centro da liturgia da Palavra de hoje,
nós encontramos Jesus. Jesus está no meio dos seus discípulos utilizando a
imagem da vide e dos ramos para transmitir o seu ensinamento. Ele fala da
solidariedade, da união íntima entre Ele e os seus discípulos. Apesar da sua
ausência, os discípulos devem permanecer unidos a Cristo. Ele promete a sua
presença no meio deles, para sempre. Quem permanece em Jesus vive a vida divina
e dá frutos, isto é, produz as boas obras que Deus espera dele. Dar fruto é
viver a vida de verdadeiro discípulo.
Aqui, nós encontramos nesta passagem do
evangelho, encontramos o tema da qualidade do testemunho da comunidade cristã.
A comunidade cristã está no mundo, mas não pertence a ele, isto é, não comunga
com seus valores e ideais. A comunidade deve alimentar-se da intimidade e do
compromisso com Jesus, do amor profundo entre seus membros para dar conta das
hostilidades e perseguições que virão da sociedade, uma sociedade injusta,
consumista, egoísta, individualista, que está ao redor da nossa comunidade
cristã e da qual nós integramos também como comunidade. A vivência cristã,
amados irmãos e irmãs, tem, pois, dois aspectos inseparáveis: permanecer em
Jesus. Por 11 vezes, Jesus usa este verbo nesse pequeno trecho do evangelho que
nós ouvimos. Permanecei em mim… permanecei em mim… Esse é o aspecto: permanecer
em Jesus. E, o segundo aspecto: comprometer-se amorosamente com os irmãos. É
preciso sintonizar a mente e o coração com Jesus, de maneira que os frutos
dessa união possam aparecer.
Amados irmãos, amadas irmãs, a partir deste
ícone evangélico, desejo abrir a caminhada de preparação para a celebração do
jubileu de diamante de instalação da Arquidiocese de Pouso Alegre. A
Arquidiocese foi criada para cuidar mais convenientemente do povo de Deus e dar
dinamismo à ação evangelizadora neste Sul de Minas. Nas igrejas particulares
desta província eclesiástica, constituída pelas dioceses da Campanha e de
Guaxupé e a nossa, de Pouso Alegre, nas igrejas particulares dessas dioceses,
se “reúne o povo de Deus diante do mistério da Eucaristia, da qual é gerado e
continuamente regenerado para o caminho do amor humilde e desinteressado, do
amor generoso e respeitador para com todos”, principalmente os mais necessitados,
os pobres (Papa Francisco, visita à Eslováquia, set/2021).
Buscamos iluminar a peregrinação jubilar
com o Sl 1,3: “firme como a árvore plantada à beira do rio, dá fruto no tempo
devido”. E, simbolicamente, ao fazermos a memória desta criação da nossa Arquidiocese,
nós introduzimos nesta celebração uma árvore, tão frágil, mas uma árvore que
queremos plantar, para ela ser firme e ser um marco neste ano jubilar. Quando
nós falamos de jubileu, nós falamos de peregrinação. Peregrinação está sempre
associada a jubileu. Uma peregrinação: é o que nós queremos realizar. Uma
peregrinação às raízes que descem em profundidade na história centenária da
diocese de Pouso de Alegre, esta é a nossa meta neste ano Jubilar. Uma
peregrinação às raízes. Uma memória de homens e mulheres impulsionados a
anunciar a Boa Nova do Evangelho que deixaram em cada lugar, em cada canto ao
longo desses 60 anos nesta região sul-mineira, nesta nossa Província, deixaram
um pouco de si. É esta raiz que nos sustenta. Este é um aspecto muito importante
desta vida jubilar que estamos iniciando com esta celebração. Sim, a história
da nossa Igreja é uma página viva, uma peregrinação jamais terminada. A força
desta raiz deriva do encontro com a Palavra de Jesus Cristo, Palavra de Deus,
presente no meio de nós. Esta é a força desta raiz! Esta é a seiva desta raiz:
a Palavra de Deus! Esta Palavra que nos liberta! Esta Palavra que nos convoca!
Esta Palavra que nos reúne! Esta Palavra que nos impulsa à missão, como
verdadeiros discípulos missionários de Jesus!
O coração deste ano jubilar está na força
das raízes, que são garantia de futuro: delas se desenvolvem frondosos ramos de
esperança. Mas esta esperança só se realiza e se concretiza, se nos dermos as
mãos, se vivermos unidos, se caminharmos juntos. Esta é a estrada, porque o
futuro da nossa Província eclesiástica, da nossa Arquidiocese de Pouso Alegre,
será de esperança, se estivermos unidos, unidos como Igreja, unidos como irmãos
e irmãs na fé. É a única maneira de sermos capazes de crescer e construir
juntos, é a sinodalidade, palavra que já estamos escutando, que estamos
rezando, que estamos mergulhando na espiritualidade: o que é uma Igreja
sinodal? É esta Igreja que queremos ser, que estamos buscando ser. Por isso a
nossa Arquidiocese, buscando ser coerente com a caminhada pastoral desses mais
de 120 anos, se prepara para celebrar o seu primeiro Sínodo Arquidiocesano.
Estamos dando passos. Estamos na etapa da oração. Já lançamos os passos para a
difusão para a realização deste Sínodo, trabalhando, conscientizando as nossas
lideranças, realizando encontros mesmo dentro desta pandemia, de modo virtual,
mas estamos já trabalhando. E, este é um apelo que eu faço a todo Povo de Deus
na nossa Arquidiocese de Pouso Alegre: vamos rezar, porque o Sínodo é uma ação
do Espírito Santo! O líder do Sínodo é Jesus e, conduzidos pelo Espírito, nós
precisamos estar voltados e fortalecidos na oração, com a oração. A oração e a
difusão para realizar o Sínodo é missão de todos nós! A Igreja nunca, nunca,
poderá caminhar sozinha, mas terá de entrelaçar o seu agir pastoral numa
simbiose de diálogo, de permuta de dons e criando parcerias com todos, todos os
que querem construir uma Humanidade fraterna e justa. Isto é ser Igreja:
precisamos caminhar juntos e caminhar com todos, com todos que querem construir
uma Humanidade justa e fraterna! Temos uma missão: uma missão desafiadora
diante de uma cultura “onde predomina o absoluto da ciência e onde Deus está
ausente [temos uma missão de propor neste mundo, nesta sociedade] um regresso à
fidelidade ao Evangelho para que a criatividade das novas gerações possa dispor
do fermento para operar a transformação de um mundo já antigo”. Esta é a nossa
missão!
Por isso, vamos olhar para a 1ª leitura que
nós ouvimos hoje, a oração de Salomão. Salomão faz uma oração e uma invocação.
Ele diz que Deus permaneça conosco como permaneceu com nossos pais. Que
possamos repetir isso neste ano jubilar! Que Deus permaneça conosco como
permaneceu com nossos pais, a raiz da nossa fé!
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Foto oficial, ao final da celebração em frente à catedral |
A Virgem Maria recompense todos e cada um,
e obtenha que a Província Eclesiástica de Pouso Alegre, as nossas comunidades,
paroquias, cresçam neste ano jubilar, difundindo em todos os lugares o “sal” e
a “luz” do Evangelho. Que São Sebastião, padroeiro da Arquidiocese e os santos
e santas padroeiros das comunidades paroquiais peregrinem conosco neste ano
jubilar, que queremos viver a cada dia 23 de cada mês, um acontecimento
memória, até celebramos no dia 23 de setembro de 2022 a grande solenidade
jubilar dos 60 anos de criação da Arquidiocese de Pouso Alegre. Façamos esta
peregrinação, caminhando juntos! Amém.
+ José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R.
Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre
Pouso Alegre, 23 de setembro de 2021
Fotos: Cláudia Couto, pela Pastoral da
Comunicação.
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