Uma conexão on-line do Vaticano e dos diversos países de residência dos demais participantes reuniu na terça-feira, 21 de setembro, o Papa e os cardeais do Conselho que colaboram no governo universal da Igreja e na revisão da constituição apostólica Pastor Bonus sobre a Cúria Romana. A reunião durou quase duas horas e se concentrou na próxima assembleia sinodal. Em dezembro, uma nova reunião que, se as condições o permitirem, poderá ser realizada de forma presencial.
Realizou-se na tarde de terça-feira, 21 de setembro, às 16h locais, uma reunião on-line do Conselho de Cardeais. É o que informa um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Participaram de seus países de residência os cardeais Óscar A. Rodríguez Maradiaga, S.D.B., Reinhard Marx, Sean Patrick O'Malley, O.F.M. Cap., Oswald Gracias e Fridolin Ambongo Besungu, O.F.M. Cap., enquanto do Vaticano estiveram conectados os cardeais Pietro Parolin e Giuseppe Bertello, e o secretário do Conselho, dom Marco Mellino. O Santo Padre acompanhou os trabalhos conectando-se da Casa Santa Marta.
Após uma breve introdução aos trabalhos feita pelo cardeal Maradiaga, o Papa Francisco ofereceu uma reflexão acerca da abertura dos trabalhos do próximo Sínodo sobre a sinodalidade.
O Sínodo: aprender um modo de viver a Igreja
Depois repercorrer dois de seus discursos identificados como centrais para seu pensamento sobre o próximo Sínodo, o discurso de 2015 por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos e o discurso mais recente dirigido aos fiéis da Diocese de Roma no sábado passado, 18 de setembro, o Papa deixou claro que no centro da reflexão não está tanto o aprofundamento deste ou daquele tema, mas a aprendizagem de um modo de viver a Igreja, marcado em todos os níveis pela escuta mútua e uma atitude pastoral, particularmente diante das tentações do clericalismo e da rigidez.
Próximo encontro em dezembro
As intervenções dos vários cardeais aprofundaram alguns aspectos que tornam o caminho sinodal particularmente necessário nas terras de onde provêm, para superar sectarismos e interesses de parte. O encontro terminou antes das 18h locais, com a próxima reunião prevista para o mês de dezembro, que será realizada, se as condições o permitirem, de forma presencial.
o risco de instrumentalização do cristianismo para fins políticos
O secretário de Estado, presente na reunião
em Roma do Partido Popular Europeu falou aos jornalistas: “A defesa da vida faz
parte do cristianismo, mas também a atenção aos migrantes”, afirmou, reiterando
que após o tratado de Aukus "a Santa Sé está preocupada com o
rearmamento" e que para uma viagem do Papa à Rússia "atualmente não
há condições".
“No cristianismo não se escolhe o que mais
agrada ou o que é mais convém, no cristianismo tem que se aceitar tudo ...”;
não é como "ir ao supermercado e comprar isso e aquilo". O risco é o
de instrumentalizar e manipular a religião "para fins políticos".
O cardeal secretário de Estado, Pietro
Parolin, se pronunciou na manhã de quarta-feira, 22, em Roma na reunião do
Partido Popular Europeu (PPE), que teve início na tarde de terça-feira no The
Westin Excelsior. À margem do encontro, que contou com a presença de
representantes da Santa Sé e da Igreja na Europa, o purpurado fez uma pausa
para falar com os jornalistas presentes.
À escuta da Igreja
A eles, explicou o motivo de sua presença
no evento, bem como a do cardeal Jean Claude Hollerich, presidente da COMECE
(Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia), e do cardeal Peter
Turkson, presidente do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano
Integral.
“Hoje o dia é dedicado à escuta da Igreja.
A presença de expoentes da Santa Sé e da COMECE insere-se nesta perspectiva: o
fato de que querem ouvir o que a Igreja lhes propõe e pede. Esse é um motivo
contingente da nossa presença”, sublinhou o secretário de Estado.
“Depois - acrescentou - creio porque,
embora não se identifique totalmente com o cristianismo, existe por parte do
PPE uma atenção particular ao cristianismo. Muitos expoentes referem-se
explicitamente aos princípios cristãos”.
O cristianismo não é um supermercado
Mas também entre os membros de partidos
populistas de direita, há quem se refira aos princípios cristãos, objetaram
alguns cronistas. O cardeal Parolin respondeu afirmando que “é importante fazer
uma escolha abrangente: no cristianismo não se escolhe o que mais agrada ou o
que mais convém, no cristianismo tem que se aceitar tudo. E, portanto, faz
parte do cristianismo quer a defesa da vida - em todas as suas fases, desde o
início da concepção natural até a morte natural - mas também o amor ao próximo,
que se manifesta como atenção ao fenômeno da migração, segundo aqueles quatro
verbos que o Papa sempre nos indicou: acolher, proteger, promover e integrar”.
“A nível de princípio, para mim a coisa é
muito clara”, reiterou Parolin. “O cristianismo é tudo isto, não se pode ir ao
supermercado e levar isto, este outro, aquele outro ... Então há sempre o risco
de instrumentalização ou manipulação do cristianismo, bem como de outras
religiões, para fins políticos”.
Uma Europa alicerçada na pessoa, na comunidade, subsidiariedade e solidariedade
O secretário de Estado ampliou então o seu
olhar à Europa, ilustrando a visão que a Santa Sé e o cristianismo em geral têm
em relação ao velho continente. “Uma Europa alicerçada nos quatro valores
fundamentais, nos quatro pilares que são sempre defendidos também pelos pais
fundadores”, ou seja, “a centralidade da pessoa, uma pessoa em todas as suas
dimensões, incluída a dimensão transcendente, portanto abertura em relação a
Deus. A comunidade, a pessoa inserida em uma série de vínculos. Depois,
subsidiariedade e solidariedade. Estas são as pedras angulares da visão da
Europa da Santa Sé”, afirmou o cardeal Parolin.
Aukus, preocupação com rearmamento
Quando questionado sobre questões
internacionais atuais, o secretário de Estado expressou preocupação sobre os
possíveis desdobramentos na área do Indo-Pacífico após o acordo de Aukus.
Trata-se da aliança que prevê o fornecimento pelos Estados Unidos e Grã-Bretanha
de tecnologias à Austrália, para que esta se dote de uma frota de submarinos de
propulsão nuclear.
“A Santa Sé - reiterou o purpurado - se
opõe ao rearmamento, todos os esforços que foram e estão sendo feitos são no
sentido de eliminar as armas nucleares, porque não são o caminho para manter a
paz e a segurança no mundo, mas criam ainda mais perigos para a paz e ainda
mais conflitos. Dentro desta visão, não podemos deixar de nos preocupar”.
Uma viagem do Papa à Rússia, sem condições agora
Sobre a possibilidade de uma viagem do Papa
Francisco à Rússia, o secretário de Estado responde: “É uma pergunta que não
posso responder. Acho que o Papa está interessado em ir para a Rússia como a
todos os outros países, mas me parece que atualmente não existam condições para
uma viagem. O desejo também deve se materializar com algumas situações
precisas. Vejo que agora não se fala sobre isso”.
Parolin explicou ainda que não tinha
informações sobre um possível encontro entre o Papa e o patriarca de Moscou,
Kirill, que se seguiria ao de 2016 no Aeroporto de Havana, antes da viagem de
Francisco aos Estados Unidos. Não tenho elementos para dizer nem sim, nem não,
todo encontro é positivo, esse é o grande princípio. Se este encontro vai se
concretizar num futuro próximo, não sei dizer”.
O comentário sobre as palavras do Papa com os jesuítas eslovacos
Por fim, foi pedido ao secretário de Estado
um comentário às palavras do Papa, divulgadas na terça-feira pelo La
Civiltà Cattolica, a respeito do encontro
privado com os jesuítas da Eslováquia. À pergunta "como você
está?" de um confrade, Francisco respondeu: “Ainda estou vivo. Embora
alguns me quisessem morto”. E, em referência à operação de cólon sofrida em
julho passado no Gemelli, disse estar ciente de que havia “até encontros entre
prelados, que achavam que a situação do Papa era mais grave do que se dizia.
Eles estavam preparando o Conclave”.
A este respeito, Parolin comentou:
“Provavelmente o Papa tem informações que eu não tenho, porque sinceramente não
senti que houvesse esse clima”. “Penso, porém, sem ter muitos elementos em
mãos, que se trata de algo de poucos, de alguém que tenha colocado na cabeça
essas coisas. Honestamente, não tenho elementos para dizer. O Papa
provavelmente faz essas declarações porque tem conhecimentos e dados que não
chegaram até mim. O que eu gostaria de dizer é que não me parece que exista um
clima deste tipo”.
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