A homilia do Pontífice no Santuário
Nacional de Nossa Senhora das Dores, em Šaštin, na Eslováquia, centralizou-se
na figura de Maria, "a Mãe que nos dá o Filho Jesus. Maria é o caminho que
nos introduz no Coração de Cristo, que deu a vida por nosso amor".
"Podemos olhar para Maria como modelo da fé", disse ainda o Papa,
"e na sua fé reconhecemos três caraterísticas: o caminho, a profecia e a
compaixão".
O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística na Esplanada do Santuário Nacional de Nossa Senhora das Dores, em Šaštin, na Eslováquia, na manhã desta quarta-feira (15/09).
A homilia do Pontífice centralizou-se na
figura de Maria, "a Mãe que nos dá o Filho Jesus. Maria é o caminho que
nos introduz no Coração de Cristo, que deu a vida por nosso amor".
"Podemos olhar para Maria como modelo da fé", disse ainda o Papa,
"e na sua fé reconhecemos três caraterísticas: o caminho, a profecia e a
compaixão".
O caminho
"A fé de Maria é uma fé que se põe a
caminho. A jovem de Nazaré, logo que recebeu o anúncio do Anjo, «pôs-se a
caminho (…) para a montanha», para ir visitar e ajudar Isabel, sua prima."
Maria "viveu aquele dom recebido como
missão a cumprir; sentiu necessidade de abrir a porta e sair de casa; deu vida
e corpo à impaciência com que Deus quer alcançar todos os homens para os salvar
com o seu amor".
Por isso, Maria se põe a caminho: prefere
as incógnitas do caminho do que a comodidade dos seus hábitos, a fadiga do
caminho ao invés da estabilidade da casa, o risco de uma fé que se põe em jogo,
tornando-se dom de amor para o outro do que a segurança de uma religiosidade
tranquila. Toda a sua vida será um caminho atrás do seu Filho, como primeira
discípula, até ao Calvário, ao pé da Cruz. Maria sempre caminha.
"A Virgem é modelo da fé deste povo
eslovaco: uma fé que se põe a caminho, sempre animada por uma devoção simples e
sincera, sempre em peregrinação à procura do Senhor", disse ainda o Papa.
A profecia
"A fé de Maria é também uma fé
profética. Com a sua própria vida, a jovem de Nazaré é profecia da obra de Deus
na história, da sua ação misericordiosa que subverte as lógicas do mundo,
exaltando os humildes e derrubando os soberbos. Maria é a Filha de Sião
anunciada pelos profetas de Israel, a Virgem que conceberá o Deus conosco, o
Emanuel. Como Virgem Imaculada, Maria é ícone da nossa vocação: como Ela, somos
chamados a ser santos e imaculados no amor, tornando-nos imagem de
Cristo." Maria "traz no seu ventre a Palavra de Deus que se fez
carne, Jesus", disse ainda Francisco, convidando-nos a não nos esquecer
que a fé não pode ser reduzida "a um açúcar que adoça a vida. Jesus é sinal
de contradição. Veio para trazer a luz onde há trevas, pondo as trevas a
descoberto e forçando-as a renderem-se. Por isso, as trevas lutam sempre contra
Ele. Quem acolhe Cristo e se abre para Ele, ressuscita; quem o rejeita,
encerra-se na escuridão e arruína-se a si mesmo. Diante de Jesus, não se pode
ficar morno, com «o pé em dois sapatos». Acolhê-lo significa aceitar que Ele
desvende as minhas contradições, os meus ídolos, as sugestões do mal, e se
torne para mim ressurreição, aquele que sempre me levanta, que me toma pela mão
e me faz recomeçar. Sempre me levanta".
Também hoje a Eslováquia precisa destes
profetas. De vocês bispos que sigam este caminho. Não se trata de ser hostis ao
mundo, mas ser «sinais de contradição» no mundo. Cristãos que sabem mostrar,
com a vida, a beleza do Evangelho: que são tecedores de diálogo onde as
posições se tornam rígidas; que fazem resplandecer a vida fraterna na
sociedade, onde muitas vezes nos dividimos e contrapomos; que difundem o bom
perfume do acolhimento e da solidariedade, onde muitas vezes prevalecem os
egoísmos pessoais e coletivos; que protegem e guardam a vida onde reinam
lógicas de morte.
A compaixão
"Maria é a Mãe da compaixão. A sua fé
é compassiva", disse ainda Francisco. "Aquela que se definiu como «a
serva do Senhor» e se preocupou, com solicitude materna, de que não faltasse o
vinho nas bodas de Caná, partilhou com o Filho a missão da salvação, até ao pé
da Cruz. Junto da cruz, Nossa Senhora das Dores simplesmente permanece. Não
foge, não tenta salvar-se a si mesma, não usa artifícios humanos nem
anestésicos espirituais para escapar da dor. Esta é a prova da compaixão: ficar
junto da cruz. Ficar com o rosto marcado pelas lágrimas, mas com a fé de quem
sabe que, no seu Filho, Deus transforma o sofrimento e vence a morte."
E também nós, olhando para a Virgem Mãe
Dolorosa, nos abrimos a uma fé que se torna compaixão, que se torna partilha de
vida com quem está ferido, quem sofre e quem é constrangido a carregar nos
ombros cruzes pesadas. Uma fé que não se fica no abstrato, mas faz-nos entrar
na carne e nos torna solidários com os necessitados. Esta fé, no estilo de
Deus, humilde e silenciosamente levanta o sofrimento do mundo e irriga os
sulcos da história com a salvação.
Despedida do povo eslovaco
No final da missa, o Papa Francisco
despediu-se da Eslováquia com uma saudação.
Queridos irmãos e irmãs!
Chegou a hora de me despedir de seu país.
Nesta Eucaristia, dei graças a Deus por ter-me concedido a graça de vir estar
com vocês e concluir a minha peregrinação no devoto abraço de seu povo,
celebrando juntos a grande festa religiosa e nacional da Padroeira, Nossa
Senhora das Dores.
Por fim, o Papa agradeceu ao povo eslovaco
pelo acolhimento e a todos aqueles que colaboraram de diversos modos,
especialmente com a oração, na preparação de sua visita ao país.
Mariangela Jaguraba
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Papa Francisco despede-se da Eslováquia
"Chegou a hora de me despedir do vosso
país", disse o Papa Francisco ao final da Missa celebrada no Santuário
Nacional de N.ª S.ª das Dores de Šaštin. Para a cerimônia de despedidas no
aeroporto, a presidente Zuzana Čaputová, visivelmente emocionada.
O avião da Alitália com o Papa e sua
comitiva a bordo decolou do Aeroporto de Bratislava às 13h48 com destino a
Roma. A última etapa da Viagem Apostólica de Francisco foi a cerimônia de
despedida no aeroporto da capital eslovaca
A 43ª Viagem Apostólica de seu Pontificado
teve início no dia 12 de setembro em Budapeste, Hungria, quando com uma Missa
concluiu o 52º Congresso Eucarístico Internacional.
A viagem de Francisco ao coração da Europa
teve continuidade na Eslováquia, onde cumpriu extensa agenda. Nesta
quarta-feira, 15, memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores, a Santa Missa
no Santuário Nacional de Šaštín concelebrada por 90 bispos e mais de 500
sacerdotes, e com a participação de mais de 60 mil fiéis, concluiu a visita. Ao
final celebração, a saudação final do Santo Padre:
Queridos irmãos e irmãs! Chegou a hora de
me despedir do vosso país. Nesta Eucaristia, dei graças a Deus por me ter
concedido a graça de vir ter convosco e concluir a minha peregrinação no
devotado abraço do vosso povo, celebrando juntos a grande festa religiosa e
nacional da Padroeira, Nossa Senhora das Dores. De coração vos agradeço,
queridos irmãos Bispos, por toda a preparação e o acolhimento. Renovo o meu
agradecimento à Senhora Presidente da República e às autoridades civis. E
agradeço a todos aqueles que colaboraram de diversos modos, especialmente com a
sua oração. Levo-vos no coração. Ďakujem všetkým [obrigado a todos]!
Logo após a Celebração Eucarística o
Pontífice se deslocou se deslocou ao Aeroporto de Bratislava, onde foi recebido
pela presidente da República, Sra. Zuzana Čaputová. Depois de um encontro
privado de poucos minutos com a mandatária eslovaca na Sala VIP do aeroporto, o
Papa dirigiu-se à pista do aeroporto onde saudou as delegações e a guarda de
honra. Então embarcou no avião da Alitália, que o trará de volta a Roma,
devendo aterrissar no Aeroporto de Ciampino às 15h30, horário local.
Durante a viagem, como de costume, o Papa
irá responder as perguntas dos jornalistas presentes no voo.
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