Brasil, nossa Pátria
Estamos na Semana da Pátria e os textos
bíblicos deste domingo provocam reflexões oportunas sobre o nosso Brasil e como
viver nele como cristãos católicos. Cabe ressaltar que a liturgia católica
sempre lê estes textos no 23º domingo do Tempo Comum do Ano B.
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Dom Rodolfo Luís |
O profeta Isaías 35,4-7 anuncia esperança:
“Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso
Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos
salvar”. O Brasil tem problemas que afetam a situação existencial das pessoas e
o funcionamento das instituições. A pandemia da covid-19 se somou a tantos
graves problemas existentes e os agravando. O profeta não tem a missão de
prever catástrofes, mas sim de anunciar esperança. Por isso, as palavras do
profeta Isaías são muito oportunas e alentadores no contexto atual. São
palavras dirigidas às pessoas que tem medo. O medo é um bom alerta para os
perigos. O coronavírus deve ser temido e estimular a tomada de providências
para proteger-se, mas não pode tirar o ânimo de viver, nem impedir a tomada de
decisões. É um inimigo a ser enfrentado e derrotado de cabeça erguida.
O salmo 146 reza: “O Senhor é fiel para
sempre, faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o
Senhor quem liberta os cativos. O Senhor abre os olhos aos cegos, o Senhor faz
erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo. É o Senhor quem protege o estrangeiro”.
O salmo acentua a justiça. O Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nos
números 201 a 203 ensina sobre os valores fundamentais da vida social e, entre
eles está a justiça. “A justiça é um valor. (…) Segundo a sua formulação
clássica, ela ‘consiste na vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo
o que lhes é devido’. Do ponto de vista subjetivo, a justiça se traduz na
atitude determinada pela vontade de reconhecer o outro, como pessoa, ao passo
que, do ponto de vista objetivo, ela constitui o critério determinante da
moralidade no âmbito intersubjetivo e social. (…) “A justiça, com efeito, não é
uma simples convenção humana, porque o que é “justo” não é originalmente
determinado pela lei, mas pela identidade profunda do ser humano”.
As palavras do Apóstolo São Tiago 2,1-5 são
muito claras e compreensivas. Condenam todas as formas de discriminação,
infelizmente ainda tão abundantes no nosso Brasil. “Meus irmãos, a fé que
tendes em nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de
pessoas. Pois bem, imaginai que na vossa reunião entra uma pessoa com anel de
ouro no dedo e bem vestida, e também uma pessoa pobre, com sua roupa surrada, e
vós dedicais atenção ao que está bem vestido, dizendo-lhe: ‘Vem sentar-te aqui,
à vontade’, enquanto dizeis ao pobre: ‘Fica aí, de pé”, ou então: ‘Senta-te
aqui no chão, aos meus pés” – não fizestes, então, discriminação entre vós? E
não vos tornastes juízes com critérios injustos?”
O santo Evangelho de Marcos 7,31-37 relata
a cura de um surdo. “Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as
coisas: Aos surdos fez ouvir e aos mudos falar”. A cura permitiu a esta pessoa
ouvir e falar, portanto conseguiu participar mais plenamente na sociedade. Os
cidadãos têm o direito de ouvirem informações verdadeiras sobre a situação do
país. Como também tem a liberdade de manifestarem-se e de falar. Mas uma
comunicação guiada pelo critério da verdade que objetiva a edificação da
sociedade fraterna. Disse o Papa Francisco. “Todos somos responsáveis pela
comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controle que podemos
conjuntamente exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as. Todos estamos
chamados a ser testemunhas da verdade: a ir ver e partilhar”.
Dom Rodolfo Luís Weber - Arcebispo de Passo
Fundo (RS)
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