somos todos irmãos!
“Não se deixe convencer por quem agride os
poderes Legislativo e Judiciário. A existência de três poderes impede a
existência de totalitarismos”, disse. Dom Walmor defende que não é possível
aceitar, independentemente das convicções político-partidárias de cada um,
agressões aos pilares que sustentam a democracia. Agredir, eliminar,
hostilizar, ignorar ou excluir, segundo o arcebispo, são verbos que não
combinam com um sistema democrático.
O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor
Oliveira de Azevedo divulgou na sexta-feira, 3 de setembro, um vídeo por
ocasião do próximo Dia da Pátria, 7 de setembro. De acordo com o presidente da
CNBB, a data deve inspirar em cada brasileiro o reconhecimento de que todos são
irmãos, inclusive daqueles com quem não se concorda.
Essa verdade, segundo dom Walmor, precisa
ser contemplada e ajudar no reconfiguramento da interioridade de cada um frente
a um contexto no qual o Brasil está sendo contaminado pela raiva e pela
intolerância. De acordo com o arcebispo de Belo Horizonte, em nome de
ideologias muitos dedicam-se à ofensas, chegando ao absurdo de defender o
armamento da população.
“Quem se diz cristão ou cristã deve ser
agente da Paz e a paz não se constrói com armas. Somos todos irmãos. Esta
verdade é sublinhada pelo Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli
Tutti”, disse.
Os ensinamentos da Fratelli Tutti,
aponta dom Walmor, devem também inspirar cuidados com os que sofrem. “A fome é
realidade de quase 20 milhões de brasileiros. Aquele pai que não tem alimento a
oferecer para o próprio filho é seu irmão. Nosso irmão. Do mesmo modo, a
criança e a mulher feridas pela miséria são suas irmãs, nossos irmãos e irmãs”.
De acordo com o presidente da CNBB, os
católicos e cristãos não podem ficar indiferentes à realidade que mistura
desemprego e alta inflação, num contexto agravado pela pandemia, situação que
acentua as exclusões sociais. A saída, de acordo com o arcebispo, está na
urgência em implementar políticas públicas para a retomada da economia e a
inclusão dos mais pobres no mercado de trabalho.
Povos originários e a Casa Comum
O presidente da CNBB afirma que os olhares
precisam voltar-se para os povos que estão mais sofrendo, como os indígenas,
povos originários.
“Nossa pátria não começa com a colonização
europeia. Nossas raízes estão nas matas e florestas, num sinal claro nos
ensinando que a nossa relação com planeta deve ser pautada pela harmonia. Os
povos indígenas, historicamente perseguidos e dizimados, enfrentam graves
ameaças do poder econômico extrativista e ganancioso que tudo faz para
exaurir nossos recursos naturais”, disse.
Dom Walmor dedica um parte da mensagem ao cuidado da Casa Comum, reforçando o alerta dos cientistas brasileiros sobre a gradativa diminuição nos mananciais de água potável no Brasil. “A exploração desmedida e irracional do solo, com a derrubada de florestas, está levando à escassez de água em nossas torneiras. Não podemos deixar que o Brasil, reconhecimento internacionalmente por ser rico em recursos naturais, seja devastado e torne-se uma terra arrasada”, observou.
Exercício da cidadania e superação da crise
O presidente da CNBB enalteceu a
importância do dia 7 de Setembro como caminho para contribuir para o exercício
qualificado da cidadania. Na mensagem, o arcebispo defende que a participação
cidadã na política, reivindicando direitos, com liberdade, está diretamente
relacionada com o fortalecimento das instituições que sustentam a democracia.
“Não se deixe convencer por quem agride os
poderes Legislativo e Judiciário. A existência de três poderes impede a
existência de totalitarismos”, afirmou. Dom Walmor defende que não é possível
aceitar, independentemente das convicções político-partidárias de cada um,
agressões aos pilares que sustentam a democracia. Agredir, eliminar,
hostilizar, ignorar ou excluir, segundo o arcebispo, são verbos que não
combinam com um sistema democrático.
Para o próximo 7 de setembro, dom Walmor
faz um pedido aos brasileiros: “respeite a vida e a de seu semelhante. (…) a
intolerância nos distancia da Justiça e da Paz e afasta-nos de Deus. Somos
todos irmãos. No dia da Pátria, 7 de setembro, rezemos para que o Brasil
encontre um caminho para superar as suas crises. Rezemos também pelas vítimas
da Covid-19".
Dom Walmor encerra o vídeo recordando o
trecho de uma mensagem do Papa Francisco: “O bem não é conquista mas uma construção
permanente, demandando a nossa dedicação a cada dia”.
*CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil
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