segunda-feira, 1 de junho de 2020

1º de junho - Memória da Virgem Maria

O sentido da Mãe na Igreja
Na primeira segunda-feira após Pentecostes, a Igreja celebra a memória da Virgem Maria Mãe da Igreja, um título que tem raízes profundas, e que foi inserido no Calendário Litúrgico em 2018, por desejo do Papa Francisco.
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano - Nesta Solenidade, elevemos “nosso pensamento a Maria. Ela estava lá, com os apóstolos, quando veio o Espírito Santo, protagonista com a primeira comunidade da admirável experiência de Pentecostes, e rezemos a ela para que obtenha para a Igreja o ardente espírito missionário".
Nestas palavras proferidas no domingo no Regina Coeli, quando reencontrou os fiéis na Praça de São Pedro, o Papa Francisco enfatizou a estreita ligação entre o Espírito e Maria, entre a Solenidade do Pentecostes, portanto, e a memória de hoje da Bem-aventurada Virgem Maria Mãe da Igreja.
O Espírito Santo é a alma da Igreja e Maria sua esposa. A Igreja é o corpo místico de Cristo, Maria é a Mãe de Jesus que ele mesmo confia no alto da Cruz, a João, confiando ao mesmo tempo o apóstolo a Maria.
O decreto que instituiu a memória que a Igreja celebra hoje
A memória que é celebrada nesta segunda-feira foi inserida no Calendário Romano em 21 de maio de 2018, por desejo do Papa Francisco.
No Decreto "Ecclesia Mater" da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, divulgado em 3 de março de 2018, mas com data de 11 de fevereiro de 2018, fica estabelecido que a recorrência seja celebrada na segunda-feira após Pentecostes, com o objetivo de "favorecer o crescimento do senso materno da Igreja nos pastores, religiosos e fiéis, bem como da genuína piedade mariana".
"Esta celebração nos ajudará a recordar que, para crescer, a vida cristã deve estar ancorada ao mistério da Cruz, à oblação de Cristo no banquete Eucarístico, a Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos remidos”, lê-se no documento. De fato, a união de Maria com Cristo culmina na hora da Cruz, quando Maria acolhe a vontade do Filho e aceita, num certo sentido perdendo-o, de se tornar Mãe de toda a humanidade.
A maternidade de Maria e a maternidade da Igreja
"Todas as palavras de Nossa Senhora são palavras de mãe", desde o momento da "Anunciação até o fim, ela é mãe". O Papa Francisco o havia dito na Casa Santa Marta, na primeira Missa celebrada em memória da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, em 21 de maio de 2018.  E explicava como os Padres da Igreja haviam entendido que a maternidade de Maria era a maternidade da Igreja.
Ao salientar a dimensão feminina da Igreja e também a importância da mulher, afirmou: "Sem a mulher a Igreja não vai em frente, porque ela é mulher, e essa atitude da mulher vem de Maria, porque Jesus assim o desejou".
Naquela ocasião, Francisco indicou a ternura como aquela atitude materna que deve distinguir a Igreja, acrescentando: "também uma alma, uma pessoa que vive essa pertença à Igreja, sabendo que também é mãe, deve seguir o mesmo caminho: uma pessoa mansa, humilde, terna, sorridente, cheia de amor”.
As raízes profundas do título de Maria Mãe da Igreja
Se o título de Maria Mãe da Igreja tem raízes nos primeiros tempos do cristianismo - e já está presente no pensamento de Santo Agostinho e São Leão Magno, no Credo de Nicéia de 325, e já os Padres do Concílio de Éfeso (430) haviam definido Maria como "verdadeira mãe de Deus" - ele retorna ao Magistério de Bento XIV e Leão XIII.
Mas foi o Papa Paulo VI, no final da terceira sessão do Concílio Vaticano II, em 21 de novembro de 1964, a declarar a Bem-Aventurada Virgem "Mãe da Igreja, isto é, de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam de Mãe amantíssima".
Mais tarde, em 1980, João Paulo II inseriu nas Ladainhas Lauretanas a veneração a Nossa Senhora como Mãe da Igreja, até chegar o Decreto desejado pelo Papa Francisco que, na memória de um ano atrás, em 10 de junho de 2019, escreveu em um tweet que continua atual: "Maria, mãe da Igreja, ajuda-nos a entregar-nos plenamente a Jesus, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e de cruz, quando nossa fé é chamada a amadurecer”.
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Editorial do Vaticano:
Sem o Espírito Santo a missão é propaganda
Em sua homilia de Pentecostes e em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões, Francisco retomou os temas contidos no texto recentemente enviado às Pontifícias Obras Missionárias.
Andrea Tornielli - Em 5 de julho de 1968, falando à Assembleia Geral do Conselho Mundial de Igrejas, Inácio, então Metropolita de Laodicéia, dizia da ação do Espírito na vida da Igreja e em cada fiel com estas palavras: "Ele é a novidade que opera no mundo, é a presença de Deus conosco e 'se une ao nosso espírito'. Sem o Espírito Deus está longe, Cristo permanece no passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade domínio, a missão propaganda, o culto uma simples evocação e o agir humano uma moral de escravos".
No dia da alegria de Pentecostes, tornado ainda mais festivo pelo regresso do Papa à janela com a Praça São Pedro mais uma vez povoada de fiéis, a Igreja volta a tomar consciência da sua tarefa missionária. Uma tarefa que não brota de projetos ou planos pastorais, mas da grata reverberação de um dom recebido, vivido na simplicidade e na ordinariedade da vida cristã. "A missão, a 'Igreja em saída', não são um programa, uma intenção a ser realizada por esforço de vontade - escreve Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2020, citando um trecho de sua entrevista no livro 'Sem Ele nada podemos fazer' - É Cristo que faz a Igreja sair de si mesma. Na missão de proclamar o Evangelho, você se move porque o Espírito impulsiona você e o carrega".
No dia de Pentecostes, disse o Papa na homilia da Missa celebrada em São Pedro, "descobrimos a primeira obra da Igreja: o anúncio". E ainda vemos que os apóstolos não preparam uma estratégia; quando estavam fechados ali, no Cenáculo, não fazem estratégias, não, não preparam um plano pastoral...". Tanto a homilia quanto a mensagem para o Dia Mundial das Missões estão ligadas a outra mensagem importante, a que Francisco enviou nos dias passados às Pontifícias Obras Missionárias (POM). Nesse documento – arquivado rapidamente ou interpretado como confirmação de projetos já em andamento - o Papa lembrou que o horizonte da missão da Igreja é a normalidade da vida cotidiana, não os cenáculos elitistas, e que Jesus encontrou seus primeiros discípulos enquanto eles estavam empenhados em seu trabalho diário, "não em uma conferência, ou em um seminário de formação, ou no templo". Para a rede das Pontifícias Obras Missionárias, Francisco não propôs planos de reforma ou uma nova fundação. Falando evidentemente de um risco muito presente e atual,  pediu às Pontifícias Obras Missionárias que não complicassem o que é simples, sugerindo, ao invés disso, que elas continuem a ser um instrumento a serviço do Papa e das Igrejas locais.
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