domingo, 29 de março de 2020

Neste domingo:

A oração do Papa Francisco pelos que choram
Na Missa na casa Santa Marta na manhã deste domingo (29/03), o Papa rezou por aqueles que se encontram na dor neste tempo de aflição. Na homilia, recordou que também Jesus chorou: muitas pessoas choram, peçamos a graça de saber chorar com elas.
Vatican News - Francisco presidiu a Santa Missa na manhã deste 29 de março, no V Domingo da Quaresma. São três semanas que a celebração eucarística na Capela da Casa Santa Marta é transmitida em streaming por desejo do Papa, que quer chegar aos fiéis que não podem participar da Missa por causa da pandemia do coronavírus. Hoje, Francisco rezou pelos aflitos.
Penso em muitas pessoas que choram: pessoas isoladas, pessoas em quarentena, os anciãos sós, pessoas internadas e as pessoas em terapia, os pais que veem que, como falta o salário, não conseguirão dar de comer aos filhos. Muitas pessoas choram. Também nós, em nosso coração, as acompanhamos. E não nos fará mal chorar um pouco com o pranto do Senhor por todo o seu povo.
Na homilia, comentando o Evangelho de João (Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45) sobre a ressurreição de Lázaro, falou do choro de Jesus pelo amigo. Jesus chora com amor, chora com os seus que choram, chora sempre por amor, tem um coração repleto de compaixão. Hoje, diante de um mundo que sofre por causa da pandemia – perguntou-se –, somos capazes de chorar como Jesus? Muitos choram hoje. Peçamos a graça de chorar.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Jesus tinha amigos. Amava todos, mas tinha amigos com os quais mantinha uma relação especial, como se faz com os amigos, mais amor, mais confidência... E muitas, muitas vezes se detinha na casa destes irmãos: Lázaro, Marta, Maria... E Jesus condoeu-se com a doença e a morte de seu amigo. Chega ao sepulcro e se comove profundamente e estremecido interiormente perguntou: “Onde o colocastes?” E Jesus chorou. Jesus, Deus, mas homem, chorou. Em outra passagem no Evangelho se diz que Jesus chorou:  quando chorou sobre Jerusalém. E com quanta ternura Jesus chora! Chora de coração, chora com amor, chora com os seus que choram. O pranto de Jesus. Talvez, tenha chorado outras vezes na vida – não sabemos -; certamente no Horto das Oliveiras. Mas Jesus chora por amor, sempre.
Comoveu-se profundamente e estremecido chorou. Quantas vezes ouvimos no Evangelho esta comoção de Jesus, com aquela frase que se repete: “Vendo, teve compaixão”. Jesus não pode ver as pessoas e não sentir compaixão. Seus olhos são com o coração; Jesus vê com os olhos, mas vê com o coração e é capaz de chorar.
Hoje, diante de um mundo que sofre tanto, de tantas pessoas que sofrem as consequências desta pandemia, eu me pergunto: sou capaz de chorar, como certamente o faria Jesus e o faz agora Jesus? O meu coração, se assemelha ao de Jesus? E se é demasiadamente empedernido (mesmo se) sou capaz de falar, de fazer o bem, de ajudar, mas o coração não entra, não sou capaz de chorar, pedir esta graça ao Senhor: Senhor, que eu chore contigo, chore com o teu povo que sofre neste momento. Muitos choram hoje. E nós, deste altar, deste sacrifício de Jesus, de Jesus que não teve vergonha de chorar, peçamos a graça de chorar. Que hoje seja para todos nós o domingo do choro.
Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”).
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Vídeo integral da Missa
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Papa no Angelus:
Deus não nos criou para o túmulo, mas para a vida
"Somos chamados a remover as pedras de tudo aquilo que fala de morte: a hipocrisia com que a fé é vivida, é morte; a crítica destrutiva contra os outros, é morte; a ofensa, a calúnia, é morte; a marginalização do pobre, é morte."
Vatican News - O convite para removermos de nossos corações as pedras que falam de morte, como a hipocrisia como vivemos a fé, a crítica destrutiva, a ofensa, a calúnia, a marginalização do pobre, nos foi dirigido pelo Papa em sua alocução, antes de rezar o Angelus neste V Domingo da Quaresma, na Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano.
Ao refletir sobre o Evangelho de João que narra a ressurreição de Lázaro, Francisco recordou que “a resposta de Deus ao problema da morte é Jesus”, e que Deus não nos criou para o túmulo, mas para a vida, “bela, boa, alegre”.
Jesus é o Senhor da vida
Ao iniciar sua reflexão, o Santo Padre lê alguns dos versículos do capítulo 11 de João, explicando que ao responder a Marta que lhe havia dito que seu irmão não teria morrido caso o Mestre estivesse ali, “teu irmão ressuscitará”, Jesus se apresenta “como o Senhor da vida, Aquele que é capaz de restituir a vida também aos mortos”.
Ao ver em prantos Maria e as pessoas que se aproximavam dele, Jesus, muito comovido, chorou, recordou Francisco, e “comovido, vai ao túmulo, agradece ao Pai que sempre o escuta, manda abrir o sepulcro e exclama com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” E Lázaro sai com “as mãos e os pés atados com lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano”:
Aqui vemos concretamente que Deus é vida e doa vida, mas assume o drama da morte. Jesus poderia ter evitado a morte do amigo Lázaro, mas quis assumir para si a nossa dor pela morte das pessoas queridas, e sobretudo quis mostrar o domínio de Deus sobre a morte.
O encontro entre a fé do homem e a onipotência de Deus
Nesta passagem do Evangelho – observou o Papa - vemos que a fé do homem e a onipotência de Deus, do amor de Deus, buscam-se e por fim se encontram, “é como um duplo caminho: a fé do homem e a onipotência do amor de Deus que se procuram e no final se encontram. Vemos isso – enfatizou - no grito de Marta e Maria e de todos nós com eles: “Se tivesses estado aqui!...”:
E a resposta de Deus não é um discurso, não, a resposta de Deus ao problema da morte é Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida… Tenham fé! Em meio ao choro continuem a ter fé, ainda que pareça que a morte tenha vencido. Removam a pedra de seus corações! Deixem que a Palavra de Deus leve de novo a vida onde há morte”.
“A resposta de Deus ao problema da morte é Jesus”
Remover as pedras que representam morte
E Jesus nos repete também hoje para removermos a pedra, pois “Deus não nos criou para o túmulo, nos criou para a vida, bela, boa, alegre”,  e “foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo”, “e Jesus Cristo veio nos libertar de seus laços”. Neste sentido, “somos chamados a remover as pedras de tudo aquilo que fala de morte”: 
Por exemplo, a hipocrisia com que a fé é vivida, é morte; a crítica destrutiva contra os outros, é morte; a ofensa, a calúnia, é morte; a marginalização do pobre, é morte. O Senhor nos pede para removermos estas pedras do coração, e a vida então voltará a florescer ao nosso redor. Cristo vive, e quem o acolhe e se une a Ele entra em contato com a vida. Sem Cristo, ou fora de Cristo, a vida não só não está presente, mas se recai na morte. 
“Deus não nos criou para o túmulo, nos criou para a vida, bela, boa, alegre”
Regenerados por Cristo, novas criaturas
O Pontífice recordou que “a ressurreição de Lázaro também é sinal da regeneração que se realiza no crente mediante o Batismo, com a plena inserção no Mistério Pascal de Cristo. Pela ação e a força do Espírito Santo, o cristão é uma pessoa que caminha na vida como uma nova criatura: uma criatura para a vida, e que vai em direção à vida".
Que a Virgem Maria – disse o Papa ao concluir - nos ajude a sermos compassivos como o seu Filho Jesus, que fez sua a nossa dor. Que cada um de nós seja próximo daqueles que estão sofrendo, tornando-se para eles um reflexo do amor e da ternura de Deus, que liberta da morte e faz vencer a vida.
Ao concluir o Angelus, o Papa Francisco dirigiu-se ao apartamento Pontifício, de cuja janela abençoou a Urbe e os fiéis presentes espiritualmente na Praça São Pedro.
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Assista:

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Francisco reitera apelo por cessar-fogo global
O Papa Francisco aderiu ao apelo lançado em 24 de março pelo secretário-geral da ONU por um cessar-fogo global e para que as forças estejam unidas no combate à pandemia do coronavírus.
Vatican News - “Nos dias passados, o secretário-geral das Nações Unidas lançou um apelo por um "cessar-fogo global e imediato em todos as partes do mundo", recordando a atual emergência do COVID-19, que não conhece fronteiras”, recordou o Papa Francisco, após rezar o Angelus neste V Domingo da Quaresma. O Pontífice então, lançou um apelo ao diálogo e aos esforços de paz:
Uno-me a todos os que acolheram esse apelo e convido todos a segui-lo, interrompendo todas as formas de hostilidade bélica, favorecendo a criação de corredores para ajuda humanitária, abertura à diplomacia, a atenção àqueles que se encontram em situação de maior vulnerabilidade. Que o esforço conjunto contra a pandemia possa levar todos a reconhecer nossa necessidade de fortalecer os laços fraternos como membros de uma única família humana. Em particular, desperte nos responsáveis das Nações e nas outras partes envolvidas, um renovado compromisso em superar as rivalidades.  Os conflitos não são resolvidos por meio da guerra! É necessário superar antagonismos e os contrastes, mediante o diálogo e uma construtiva busca da paz.
Pelas pessoas obrigadas a viver em grupos
Após, como já havia feito no início da Missa celebrada  em 11 de março na capela da Casa Santa Marta, o Papa recordou dos encarcerados, mas também de outras pessoas obrigadas a viver em grupos:
Neste momento, meu pensamento se dirige de maneira especial a todas as pessoas que sofrem a vulnerabilidade de serem forçadas a viver em grupo: casas de repouso, quartéis ... Em particular, gostaria de mencionar as pessoas nas prisões. Li um relatório oficial da Comissão de Direitos Humanos que fala sobre o problema das prisões superlotadas, que poderiam se tornar uma tragédia. Peço às autoridades que sejam sensíveis a esse grave problema e de tomar as medidas necessárias para evitar futuras tragédias.
Apelo de Guterres pelo fim das guerras
Em 24 de março, o secretário geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, havia lançado um apelo para que fosse colocado um fim às guerras e se combatesse a pandemia que assola o mundo.
As pessoas envolvidas nos conflitos armados no mundo" - disse Guterres - "estão entre as mais vulneráveis" e "correm o risco maior de padecer um devastador sofrimento por causa do Covid-19".
Após o apelo, foram verificados os primeiros passos em direção a um cessar fogo, com "tréguas humanitárias" em diversos países onde ainda perduram sangrentos conflitos e violências internas, como no Iêmen, nas Filipinas e em Camarões.
Sinais positivos também no nordeste da Síria, onde no sábado, 28, a Comissão de investigação da ONU reiterou o pedido para que se evitasse "piorar a tragédia", fazendo referência ao Covid-19 como uma "ameaça mortal" para os civis sírios, e em particular para os 6,5 milhões de deslocados dentro do país.
A guerra em pedaços
Na verdade, o cenário não deixa dúvidas. Há pelo menos setenta países em todo o mundo envolvidos em algum tipo de guerra ou conflito interno. Muitos deles esquecidos. Os nove anos de conflito na Síria, por exemplo, já provocaram a morte de 380 mil pessoas, debilitando o sistema de saúde local. Somente 64% dos hospitais e 52% dos centros de assistência básica existentes antes de 2011 estão atualmente em atividade, enquanto 70% dos profissionais de saúde abandonaram o país.
Conflitos internos flagelam a Líbia, Sudão, Somália, Nigéria, Burkina Faso, Paquistão, Índia, Afeganistão, Iraque, Faixa de Gaza, Ucrânia. Na Península coreana a tensão é sempre elevada. Nas últimas horas a Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos nas águas entre a Península coreana e o Japão. Depois há a guerra contra o tráfico de drogas, principalmente em países da América Latina, onde no México, em particular, são registradas milhares de mortes a cada ano. 
Com coronavírus, maior facilidade de movimento para os "senhores da guerra"
E a emergência do coronavírus ameaça diminuir a atenção sobre essas situações. Francesco Vignarca, coordenador da Rede Italiana do Desarmamento, recordou ao Vatican News, que quando essa atenção é desviada para outra coisa, “aqueles que agem em conflitos pelo seu próprio interesse, os chamados senhores da guerra, obviamente se movem com maior facilidade. O risco é portanto, por um lado, que os mesmos problemas de saúde também tenham impacto nesses mesmos países. E, por outro, que aqueles que agem na guerra em seu próprio benefício o façam de forma ainda mais violenta".
"Certamente, para alguns países - observa Francesco - o impacto do coronavírus será provavelmente menor, pois infelizmente eles já têm outros problemas de saúde, muitas vezes a fome ou problemas de acesso às necessidades básicas. Mas o risco, é que o impacto os atinja". E cita. por exemplo, o fato de que no Reino Unido há a controvérsia sobre a redução da ajuda internacional humanitária, pois agora existe esta emergência a ser enfrentada. 
Oportunidade para repensar onde alocar os recursos
O coordenador da Rede Italiana do Desarmamento destaca que a situação criada pela pandemia do coronavírus, também é uma oportunidade para repensar onde alocar recursos. E recorda que os gastos militares em todo o mundo ultrapassaram um trilhão e 800 bilhões de dólares em 2019. E completa:
“Nestes dias, temos sublinhado como nos últimos anos as despesas militares na Itália aumentaram, enquanto as despesas com a saúde diminuíram. Se quisermos evitar o impacto de problemas como o coronavirus, ou outras situações como guerras, devemos manter a nossa atenção elevada, mas acima de tudo mudar a direção dos nossos investimentos e as opções no âmbito das escolhas públicas. Caso contrário, questões como a Síria, que há 9 anos está em guerra de forma dramática, como o Iêmen, que dentro de alguns dias irá, infelizmente, celebrar entre aspas o aniversário de 5 anos de bombardeios, continuarão a ocorrer."
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Assista:
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                                                                                                              Fonte: vaticannews.va

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