sexta-feira, 6 de março de 2020

Leituras do

2º Domingo da Quaresma
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1ª Leitura: Gn 12,1-4a
Leitura do Livro do Gênesis:
Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: “Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo e te abençoarei; engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!”. E Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito.
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Salmo: 32
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,/ venha a vossa salvação!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,/ venha a vossa salvação!
- Pois reta é a palavra do Senhor,/ e tudo o que ele faz merece fé./ Deus ama o direito e a justiça,/ transborda em toda a terra a sua graça.
- Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem,/ e que confiam esperando em seu amor,/ para da morte libertar as suas vidas/ e alimentá-los quando é tempo de penúria.
- No Senhor nós esperamos confiantes,/ porque ele é nosso auxílio e proteção!/ Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,/ da mesma forma que em vós nós esperamos!
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2ª Leitura: 2Tm 1-8b-10
Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo:
Caríssimo: Sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade. Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho.
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Evangelho: Mt 17,1-9
Leitura do Evangelho de São Mateus:
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.
Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”
Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
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Reflexão:
Este é o meu filho amado: escutai-o
"Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado"

No segundo Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projetos, da obediência total e radical aos planos do Pai. Cristo reúne os Apóstolos e os introduz no mistério de sua morte e ressurreição.
O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. O Monte Tabor é o lugar da revelação pascal de Cristo, como foi o monte Sinai para Moisés, que ali escutou a voz de Deus. Cristo é o novo Moisés, que ali escutou a voz de Deus. Cristo é o novo Moisés, e sua Páscoa é a certeza definitiva de que somente nele encontramos a plenitude da vida: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado” (cf. Mt 17, 5).  A cena gloriosa do Tabor destina-se a colocar na sua verdadeira luz a bem-aventurada Paixão do Calvário. E a nossa vida quotidiana pode ser uma térmica de sofrimentos: oferecido a Deus, torna-se já um vestuário de glória. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.
Dom Eurico dos Santos Veloso
É muito importante relembrar que quando Deus veio à terra, na pessoa de Jesus, adotou uma forma humana. Fisicamente, Jesus se parecia como qualquer outro homem. Ele teve fome, sede, cansaço etc. Sua divindade foi vista apenas indiretamente, em suas ações e suas palavras. Mas, numa ocasião, a glória divina interior de Jesus resplandeceu e se tornou visível. A história é contada em Mateus 17:1-8: “Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Então disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias. Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais! Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus”.
O mandato novo é de obediência ao representante de Deus na terra. Quem me ouve, ouve o Pai. Mais: quem a vós ouve é a mim que ouve (cf. Lc 10, 16). Não somos divinos nem únicos para determinar nossas circunstâncias. Por isso todo aquele que quiser ter uma vida própria e independente não pode ser discípulo de Jesus: a da obediência.  A regra da vida plena não é fazer o que convém, mas a obediência manifestada nas palavras da nuvem. A vontade divina manifestada na Palavra que desceu do céu, demonstra a vontade divina que é a norma das vidas que d’Ele depende.
Na primeira leitura (cf. Gn 12,1-4a) apresenta-se a figura de Abraão. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que sabe ler os seus sinais, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total e com a entrega confiada. Nesta perspectiva, ele é o modelo do batizado que percebe o projeto de Deus e o segue de todo o coração.
Na segunda leitura(cf. 2Tm 1,8b-10), há um apelo aos seguidores de Jesus, no sentido de que sejam, de forma verdadeira, empenhadas e coerentes, as testemunhas do projeto de Deus no mundo. Nada - muito menos o medo, o comodismo e a instalação - pode distrair o discípulo dessa responsabilidade.
Para que entremos no mistério da Transfiguração do Senhor antes de tudo é preciso rezar. Antes de tudo, a primazia da oração, sem a qual todo o compromisso do apóstolo e da caridade se reduz a ativismo. No tempo favorável e santo da Quaresma aprendemos a reservar o justo tempo à oração, pessoal e comunitária, que dá alívio à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é isolar-se do mundo e das suas contradições, como Pedro queria fazer no Tabor, mas a oração reconduz ao caminho, à ação. A existência de cada um de nós consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus, para depois voltar a descer trazendo o amor e a força que disto derivam, de modo a servir os nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus. Façamos esta subida ao monte do encontro do Senhor e voltemos para ad nossas comunidades trazendo o amor, a força, o serviço generoso e a caridade, frutos da oração sincera e que nos ajuda a viver o Evangelho.
Que, rezando e vivendo a santidade, possamos ouvir a voz da nuvem que dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!” (cf. Mt 17,5)
                                       Dom Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora
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