sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Leituras do

6º Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura: Lv 13,1-2.44-46
Livro do Levítico:
O Senhor falou a Moisés e Aarão, dizendo: “Quando alguém tiver na pele do seu corpo alguma inflamação, erupção ou mancha branca, com aparência do mal da lepra, será levado ao sacerdote Aarão ou a um dos seus filhos sacerdotes.
Se o homem estiver leproso é impuro, e como tal o sacerdote o deve declarar. O homem atingido por este mal andará com as vestes rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: ‘Impuro! Impuro!’
Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento”.
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Salmo: 31
Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.
Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.
- Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!
Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: “Eu irei confessar meu pecado!” E perdoastes, Senhor, minha falta.
- Regozijai-vos, ó justos, em Deus, e no Senhor exultai de alegria! Corações retos, cantai jubilosos!
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2ª Leitura: 1Cor 10,31-11,1
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:
Irmãos: Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Não escandalizeis ninguém, nem judeus, nem gregos, nem a Igreja de Deus.
Fazei como eu, que procuro agradar a todos, em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos. Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.
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Evangelho: Mc 1,40-45
Evangelho de São Marcos:
Naquele tempo, um leproso chegou perto de Jesus e, de joelhos, pediu: “Se queres, tens o poder de curar-me”.
Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero: fica curado!” No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado.
Então Jesus o mandou logo embora, falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!”
Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade; ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.
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Reflexão:
O Messias e os marginalizados
A exclusão está na moda, virou princípio de organização socioeconômica: a lei do mercado, da competitividade. Quem não consegue competir, desapareça. Quem não consegue consumir, deve sumir. Escondemos favelas por trás de paredões ou placares de publicidade. Que os feios, os aleijados, os idosos, os aidéticos não poluam os nossos cartões postais!
Em tempos idos, a exclusão muitas vezes provinha da impotência ou da superstição. Assim, a exclusão dos cegos e coxos do templo de Jerusalém. Ou a marginalização dos leprosos, ilustrada abundantemente em Lv 13-14 (cf. 1ª leitura). Enquanto não se tivesse constatado a cura por um complicado ritual, o leproso era considerado impuro, intocável. Jesus, porém, toca no leproso – e o cura (evangelho). É um sinal do Reino de Deus. Jesus torna o mundo mais conforme ao sonho de Deus. Pois Deus não deseja sofrimento nem discriminação. O Antigo Testamento pode não ter encontrado outra solução para esses doentes contagiosos que a marginalização; mas Jesus mostra que um novo tempo começou.
Começou, mas não terminou. Reintegrar os marginalizados não foi uma fase passageira no projeto de Deus, como os benefícios que os políticos realizam nas vésperas das eleições. O plano messiânico continua através do povo messiânico, como se concebe a Igreja. Devemos continuar inventando, quando pudermos, soluções contra toda e qualquer marginalização. Pois somos todos irmãos e irmãs.
Seremos impotentes para excluir a exclusão, como os antigos israelitas em relação à lepra? Que fazer com os criminosos, viciados no crime?  Será nosso mundo tão bom que possa reintegrar tais pessoas, sem que se enrosquem de novo? O fato de ter de marginalizar alguém é um reconhecimento da não-perfeição de nossa sociedade. Toda forma de marginalização é uma denúncia contra nossa sociedade, e ao mesmo tempo um desafio. Isso é muito mais ainda o caso em se tratando de pessoas inocentes. A marginalização é sinal de que não está acontecendo o que Deus deseja. Onde existe marginalização, o Reino de Deus ainda não chegou, pelo menos não completamente. E onde chega o Reino de Deus, a marginalização não deve mais existir. Por isso, Jesus reintegra os marginalizados, como é o caso do leproso, dos pecadores, dos publicamos, prostitutas…. Essa reintegração está baseada no poder-autoridade que Jesus detém como enviado de Deus: “Se quiseres, tens o poder de me purificar” (Mc 1,40). Jesus passa por cima das prescrições levíticas, toca no leproso e o “purifica” por sua palavra em virtude da autoridade que lhe é conferida como “Filho do Homem” (= “executivo” de Deus, cf. Mc 2, 10.28).
Há quem pense que os mecanismos auto-reguladores do mercado são o fim da história e a realização completa da racionalidade humana. E os que são (e sempre serão) excluídos por esse processo, onde ficam? Não será esse raciocínio o de um varejista que se imagina ser o criador do universo? A liturgia de hoje nos mostra um outro caminho, o de Jesus: solidarizar-se com os marginalizados, os excluídos, tocar naqueles que a “lei” proíbe tocar, para reintegrá-los, obrigando a sociedade a se abrir e a criar estruturas mais acolhedoras. Mais messiânicas.
                    Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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                                        Reflexão e Ilustração: franciscanos.org.br  Banner: cnbb.org.br

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