segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Missa marca celebração do
centenário de nascimento de Dom José D'Angelo Neto

A Arquidiocese de Pouso Alegre celebrou na noite desta segunda-feira, 06, uma missa em ação de graças pela vida de Dom José d'Ângelo Neto que, se estivesse vivo, completaria em 2017 100 anos de idade. A Celebração Eucarística ocorreu na Catedral Metropolitana e foi presidida pelo Arcebispo, Dom José Luiz Majella Delgado - C.Ss.R., e concelebrada pelo Arcebispo Emérito, Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho, pelo Bispo Emérito da Diocese de Campanha, Dom Diamantino Prata de Carvalho, pelo Bispo Emérito de Pinheiro (MA), Dom Ricardo Pedro Paglia, e por dezenas de padres da Arquidicoese de Pouso Alegre e religiosos. Também houve uma boa participação de fiéis. 
Bispos participantes da celebração
A homilia, à pedido do Arcebispo, foi realizada pelo padre José Setembrino de Melo, ordenado presbítero pelas mãos de Dom José d'Ângelo. Segundo ele, sua missão naquele momento foi testemunhar sua pequena experiência que teve com Dom José. 
"Certamente, ao lonngo de sua vida, para realizar sua missão, nem todos se agradaram com o modo e o jeito de ser de Dom José e de suas decisões. Dom José chegou nessa Arquidiocese no dia 29 de junho de 1960. Eu nasci aproximadamente dois meses depois. Mas a minha primeira imagem que dele tenho, por incrivel que pareça, foi com quase dois anos de idade, no dia 11 de junho de 1962, quando fui crismado por ele. Guardei na memória cenas incríveis dos fatos ocorridos. Apesar da pouca idade, na matriz de Ipuiúna, eles tinham tirado todos os bancos, uma multidão lotava a igreja. Dom José ministrava minha crisma. Aquela mitra enorme na cabeça, olhava nos olhos e aquele tapinha no rosto, forte. Ao longo de minha vida ouvia falar muito de Dom José com admiração e respeito, mas também com inúmeras críticas, as quais pude compreender mais tarde. Pois um homem que se dispõe incansavelmente em fazer crescer o povo de sua Arquidicoese e fazer a Igreja preocupada com as questões sociais, não podia deixar de sofrer incompreensões (...) As obras deixadas por Dom José carregam em si sua finalidade: a formação da pessoa humana para a sociedade, para a família e para a Igreja", disse.
Alguns dos sacerdotes participantes da missa
Em várias oportunidades durante a Eucaristia, a vida e obras realizadas por Dom José foram relembradas de forma carinhosa e emocionante. Ao final da missa, o Vigário Geral da Arquidiocese de Pouso Alegre, Cônego Wilson Mário de Moraes, leu uma mensagem enviada pela família de Dom José, que vivem em São João Del Rey, mas não puderam se fazer presentes.
"Recebemos com alegria e gratidão a notícia desta celebração do centenário do nascimento do nosso irmão e primeiro Arcebispo da cidade, Dom José d'Ângelo Neto. Sabemos do carinho dos pousoalegrenses por Dom José, do acolhimento durante os anos de trabalho dele aqui e da permanente lembrança de sua trajetória. Como família, podemos dizer que fomos testemunhas de nosso irmão pelo povo de Pouso Alegre. Em suas últimas palavras escritas, ele disse que adotou a cidade como sua terra e que gostaria de descansar aqui. Essa homenagem hoje nos emociona pela lembrança do primogênito da familia e de muitas maneiras nosso guia espiritual, mas também renova os laços de carinho e amizade de todos nós pelas pessoas daqui. De nove irmãos da família original, hoje somos três: Odete, Cecília e Domingos. Gostaríamos de estar presentes e lamentamos essa impossibilidade por diversos motivos. Mas se faltou a presença física, podemos assegurar que nossos corações estão juntos com nossos amigos de Pouso Alegre", escreveram.
Após a missa final, os padres que foram ordenados por Dom José ofereceram uma coroa de flores ao túmulo de Dom José, que está sepultado na Criita da Catedral Metropolitana. 
Um pouco de história
Com o falecimento de Dom Octávio, grande era a expectativa sobre o novo Bispo a ser nomeado. Em 28 de março de 1960, chegava à Pouso Alegre a notícia da nomeação do padre Dom José d'Ângelo Neto, pároco de Lagoa Dourada, da Diocese de Mariana, para 4º Bispo de Pouso Alegre. Foi ordenado Bispo em São João Del Rei no dia 26 de maio de 1960. Sua posse em Pouso Alegre ocorreu no dia 29 de junho do mesmo ano. 
Dom José d'Ângelo Neto
Desde sua chegada, preocupou-se com a construção do novo seminário. Trabalhou incansavelmente para que isto se tornasse realidade. Desencadeou intensa campanha em prol da sua construção, sendo assessorado diretamente por Monsenhor Mauro Tomasinni e Cônego Foch Morais Teixeira, além da preciosa ajuda de todo o clero. Em 1964, no Bairro São Carlos, iniciava-se a construção. No segundo semestre de 1968, o Seminário já funcionava em seu novo prédio.
Em 1962, pela Bula "Qui tanquam Petrus", surgia a Arquidiocese de Pouso Alegre e Dom José tornou-se o seu primeiro Arcebispo. 
No dia 23 de setembro de 1962, na Catedral Matropolitana, verificou-se a instalação canônica da Arquidiocese de Pouso Alegre, com a posse de seu primeiro Arcebispo, Dom José d'Ângelo Neto. O Exmo. Sr. Dom João Rezende Costa, Arcebispo de Belo Horizonte e Delegado do Exmo. Sr. Núncio Apostólico Dom Armando Lombardi, celebrou a instalação canônica. Participaram do ato, além de Dom José, Dom Otton Motta e Dom Inácio Dal Monte, respectivamente bispos de Campanha e Guaxupé, dioceses sufragâneas. 
Dom José participou de todas as sessões do Concílio Vaticano II. Visitou várias vezes as paróquias da Diocese, mostrando-se sempre um bispo pastor, amigos dos padres e dos fiéis pela sua popularidade. Foi professor da Faculdade de Direito de Pouso Alegre e muito se empenhou para a Fundação da Faculdade de Medicina. 
Criou seis novas paróquias e surante seu episcopado foram ordenados 44 padres. Os 30 anos de seu episcopado foram fecundos e deixaram profundas saudades. 
Desde 1983 começou a sentir os efeitos de uma teimosa moléstia, que, com o passar dos anos, se agravou ainda mais. Em 1987 pediu à Santa Sé um bispo-auxiliar, tendo sido atendido. A escolha recaiu sobre o padre João Bosco Oliver de Faria, então pároco de Ouro Fino. 
Dom José d'Ângelo faleceu no dia 31 de maio de 1990, em Belo Horizonte. Seu corpo está sepultado na cripta da Catedral Metropolitana de Pouso Alegre. 
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