sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

A Igreja celebra hoje a Festa da Sagrada Família

Na casa de Nazaré aprendemos a riqueza do coração

O Beato Paulo VI, quando foi em peregrinação à terra de Jesus, Israel, fez uma visita a Nazaré. Fez uma bela reflexão a partir do que sentia por estar naquele lugar santificado pela presença de Jesus, Maria e José. Diz: “Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho. Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus” (Alocuções 05.01.64).
"A pobreza que aprendemos em Nazaré é a riqueza do coração."
Que podemos aprender de Nazaré? A Sagrada Família mostra muito bem como viver para Deus num mundo que insiste em negá-lo. Certamente podemos pensar que o povo de Israel tinha fé, era religioso e devoto. Mas... acabaram com Jesus e recusaram o Evangelho. Já desde o Antigo Testamento, na linguagem dos profetas, se fala de um rosto fiel, os pobres de Javé (Sf 3,13). A família de Jesus, seus discípulos e seguidores eram os pobres. Viviam para Deus, nas muitas dificuldades e até violências da vida. A vida da família de Jesus por viver em Nazaré, que era lugar pobre e sem expressão, vive a intensidade da vida. Inclusive religiosa, pois ali não havia uma organização do culto como nas grandes cidades. Ser consagrado a Deus (nazareno) exige essa abertura total a Deus na simplicidade. É uma escola. Percebemos isso na vida de Jesus. Nessa vida foi educado. Sempre para Deus, em qualquer situação e circunstância. Cantamos: “Na casa de Nazaré, o sim ecoou sereno e Deus se fez pequeno”. Responder a Deus é simples e discreto.
Nazaré, segundo os estudos arqueológicos, era um lugarejo fora das rotas das estradas. Devia ter uns duzentos habitantes. Eram muito humildes e pobres. Eram capazes de viver intensamente com o pouco que tinham. A pobreza que se prega, não é tanto a falta de coisas, mas a abertura para Deus como maior riqueza. Então tudo é grande, é precioso, é rico. Podemos dizer que o melhor recheio para um pão sofrido é o amor. O desapego faz de qualquer coisa uma grande riqueza. Receita para uma boa saúde: pão com amor.
Procuramos encher nossa vida com tanta coisa. O pouco quando é amado é grande riqueza. Não procuramos que faltem coisas. Queremos a fartura para todos. Mas a fartura sem o sentido da riqueza de Deus nunca satisfaz. A pobreza que aprendemos em Nazaré é a riqueza do coração. Quanto faz falta para nós a simplicidade, a capacidade de servir, de ficar feliz em todo lugar, mesmo se falta alguma coisa. Vivendo no amor, tudo é gostoso e rico. Um colega missionário, vivendo na Angola durante a guerra dizia: “A gente comia folhas e era feliz”. Faltava tudo. Tinha o alimento para o coração. Não se quer miséria.
A Família de Nazaré ensina também a viver com os outros. Quantas vezes Jesus e Maria terão ido ao poço buscar a água. As casas eram extremamente humildes. Quem sabe um cômodo para a família e algum ambiente para animais e as poucas reservas. Jesus era filho do carpinteiro, mas suas parábolas são sobre o campo e o lago. Ali cada um tinha sua pequena plantação e alguns animais. Era uma grande família. Viviam próximos e dedicados uns aos outros. Tudo era comum. Problemas não faltavam. É nesse ambiente que devemos procurar as virtudes da Sagrada Família e fazer sagrada a nossa família. Nesse ambiente simples, a simples família foi suficiente para educar o Filho de Deus feito Homem. Em qualquer circunstância podemos ter um coração capaz de amar e servir a Deus. Assim o povo sofrido poderá encontrar nova sorte.
                                          Pe. Luiz Carlos de Oliveira - Missionário Redentorista
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A família que caminha com Jesus

Na oitava de Natal celebramos a festa da Sagrada Família, contemplando o conjunto que rodeia ao Menino Deus em razão da sua encarnação. Deus quis nascer num lar, e o primeiro lugar que Ele santificou e restaurou foi a família.
Para salvar a pessoa humana Jesus tinha que assumir um povo, uma cultura e uma família. Nesta família santa integrada por Maria e José, o Filho do Homem aprendeu o valor da oração, do trabalho, da solidariedade, da pobreza evangélica e a sabedoria dos anawim, isto é, dos que esperam e confiam no bom Deus.
Jesus, Maria e José abençoai nossas famílias!
Quando São Lucas registra que Jesus crescia em graça e tamanho diante de Deus, está assinalando a pedagogia da encarnação e humanização escolhida para resgatar a pessoa desde dentro, a partir da própria carne. Quando nos referimos aos anos ocultos de Jesus, o que deu pano para muitas hipóteses estapafúrdias e mirabolantes, esquecemos que nessa vida cotidiana assumida na simplicidade e na árdua labuta de quem tem que trabalhar como filho do carpinteiro José, Cristo estava salvando a todos os lares, curando e elevando a ordem da graça a realidade familiar com todos os seus valores e desafios.
Estava a mostrar que mesmo nas agruras e dificuldades do exílio no Egito como família de refugiados e perseguidos, era possível cumprir perfeitamente a vontade do Pai e transparecer a sua misericórdia e ternura.
Hoje a família passa por turbulências e também perseguições que tratam de desconstruí-la e substituí-la por vínculos aleatórios e subjetivos. No entanto fica claro que Jesus na sua encarnação não só se uniu a cada pessoa humana, mas a cada família, encorajando-a a viver a nova realidade do Reino, que lhe dá a blindagem e a fortaleza da graça resultante da aliança matrimonial. A Sagrada Família se torna deste modo imagem, modelo e fonte inspiradora da vocação familiar, revelando a beleza e a dignidade de ser e de se ter uma famiíia, espelho e ícone da Santíssima Trindade, a única instituição criada e desejada pelo Pai, e que por isso mesmo é indestrutível, de uma resiliência divina a toda prova.
Quando buscarmos e tratarmos de caminhar junto a Sagrada Família, haveremos de superar qualquer crise ou política herodiana contra a vida e a família, porque ela é arca e caminho de salvação para a humanidade. Deus seja louvado!
                                Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos
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                                            Fonte: diocesedecampos.org.br        Ilustração: corpuschristi.org.br

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