Maria, senhora
nossa e vitoriosa
Dom Rodolfo Luís
Weber - Arcebispo de Passo Fundo (RS)
No dia 1º de
novembro de 1950, o Papa Pio XII define e proclama solenemente, através da
Constituição Apostólica “Munificentissimus Deus”, o dogma da Assunção da
Bem-aventurada Virgem Maria. O documento que define e explicita o significado
teológico e vital do dogma da Assunção tem por fundamento as Escrituras. Desde
o início da Igreja ensinamentos de teólogos e a piedade popular, para ilustrar
a fé na Assunção de Maria, usam com certa liberdade os textos bíblicos para
fundamentar esta graça especial que Maria recebeu. Pio XII ao proclamar o dogma
valoriza e leva em conta o testemunho universal e ininterrupto dos fiéis, isto
é, o “sensus fidelium” que Maria foi assunta ao céu. Proclama Pio XII: “a
imaculada mãe de Deus Maria sempre virgem, após haver terminado o curso de sua
vida terrestre, foi elevada (assunta) em corpo e alma à glória
celeste”.
O primeiro texto
bíblico é do Gênesis que considera a total diferença entre a serpente, autora
da morte, e a nova mulher, defensora da vida. Esta mulher é identificada com
Maria plenamente unida a Jesus Cristo. A Assunção de Maria é desfecho natural
de sua vida voltada plenamente para Deus e para os outros, em contraposição
radical a tudo aquilo que é pecado e diminuição da vida. Participa da missão de
Jesus Cristo, do seu sofrimento, mas também participa da sua glória, como
ressalta a segunda leitura da liturgia. “Cristo ressuscitou dos mortos como
primícias dos que morreram… depois, os que pertencem a Cristo”. (1 Cor
15,20-27).
Outra passagem
bíblica é a anunciação Maria: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo”,
isto é, imaculada, cheia de Deus com quem o Senhor está continuamente dando
início à Nova Criação. O dogma da Assunção está diretamente ligado aos outros
três dogmas marianos: de Mãe de Deus, de Maria Virgem e da Imaculada
Conceição.
Do Livro do
Apocalipse, capítulo 11, vem outra inspiração: “Então apareceu no céu um grande
sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça
uma coroa de doze estrelas”. Esta mulher é ameaça por um grande dragão, mas
protegida por Deus para dar à luz a um filho mais poderoso que o dragão. “Agora
realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu
Cristo”. Entre as interpretações, muitos viram, neste “grande sinal”, Maria
vitoriosa.
Podemos nos
perguntar que implicações pode ter para nós hoje, aqui e agora, no tempo e no
lugar que nos encontramos o dogma da Assunção de Maria? No Prefácio da
solenidade a Igreja louva, proclama o dogma e aponta as implicações para a vida
dos cristãos: “Hoje a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada ao céu. Sinal de
inabalável esperança e consolo para o povo peregrino, ela é primícia e imagem
da Igreja chamada à glória, pois não quisestes que sofresse a corrupção do
sepulcro aquela que gerou, de modo inefável, o vosso Filho feito homem, autor
de toda a vida”.
A definição
dogmática ensina que “terminado o curso de sua vida terrestre, foi assunta em
corpo e alma à glória celeste”. Quem vai ao céu não é só o corpo ou só a alma
de Maria, mas a pessoa inteira de Maria. “Sua Assunção não é
reanimação de um cadáver, nem a exaltação de uma alma separada de um corpo, mas
plena realização, no absoluto de Deus, de toda a mulher Maria de Nazaré” (M.
Bingemer). Portanto, a Assunção de Maria nos faz valorizar todas as dimensões
do ser humano, tanto o cuidado com o corpo, a dimensão espiritual, as relações
sociais e as relações com Deus.
Como reza o
Prefácio, a solenidade aponta para a meta de chegada da peregrinação dos fiéis.
Maria assunta ao céu não se afasta dos fiéis, mas continua dentro do mundo e no
seio da Igreja como uma presença viva reavivando continuamente a esperança numa
jornada longa e cansativa por este mundo.
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