perdoar não é negar o mal, mas vencer com o amor
Na catequese da
Audiência Geral desta quarta-feira (20/08), o Papa aprofundou "a arte do
perdão" com o mestre, através do "momento em que Jesus, durante a
Última Ceia, oferece um pedaço de pão àquele que está prestes a traí-lo".
Através de um gesto simples, Cristo ensina que "amar significa deixar o
outro livre - até para trair", não é negar o mal, mas vencê-lo com o amor:
"mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão
liberta quem o dá".
Já de volta ao
Vaticano, depois do segundo e último período de descanso em Castel Gandolfo de
onde retornou na noite desta terça-feira (19/08), o Papa Leão XIV foi acolhido
pelos fiéis na mesma configuração da semana passada: através de telões na Praça
Petriano, na Basílica e na Praça São Pedro; e diretamente na Sala Paulo
VI com mais de 6 mil peregrinos. A catequese, focada nesta quarta-feira
(20/08) "num dos gestos mais impactantes e luminosos do Evangelho",
foi a premissa para o Pontífice aprofundar "a arte do perdão" com o
mestre, através do "momento em que Jesus, durante a Última Ceia, oferece
um pedaço de pão àquele que está prestes a traí-lo". "Não é apenas um
gesto de partilha", enalteceu o Papa, mas demonstra o modo de agir de
Deus, com o Senhor amando até ao último momento:
"Amar até o
fim: esta é a chave para compreender o coração de Cristo. Um amor que não se
detém perante a rejeição, a desilusão ou mesmo a ingratidão."
Leia a íntegra em português da Audiência Geral de Leão XIV
O poder do
perdão
Jesus, assim,
continuou Leão XIV, "estende o seu amor ao máximo", mesmo diante da
rejeição, da ingratidão e de ter de suportar a traição de Judas. E, em vez de
se retrair e acusar, "continua a amar: lava os pés, molha o pão e lhe
oferece". Com o seu perdão, o Senhor não fere a nossa liberdade, mas
revela todo o seu poder, salvando das trevas do mal e entregando novamente à
luz do bem:
“Compreendeu que a liberdade dos outros, mesmo quando perdidos no mal, pode ainda ser alcançada pela luz de um gesto bondoso. Porque sabe que o verdadeiro perdão não espera pelo arrependimento, mas oferece-se primeiro, como um dom gratuito, antes mesmo de ser aceito.”
"É aqui que
o perdão se revela em todo o seu poder", afirmou o Pontífice, através do
mistério que "Jesus realiza por nós": "não é fraqueza. É a
capacidade de deixar o outro livre, amando-o até ao fim". Perdoar não
significa negar o mal, mas vencê-lo com o amor:
"O
Evangelho nos mostra que há sempre uma forma de continuar a amar, mesmo quando
tudo parece irreparavelmente comprometido. Perdoar não significa negar o mal,
mas impedir que este gere mais mal. Não se trata de dizer que nada aconteceu,
mas de fazer tudo o que é possível para garantir que o ressentimento não dite o
futuro."
A graça de saber
perdoar
Quando Judas sai
do quarto, “era noite”, recordou o Papa, "mas uma luz já começou a
brilhar. E ela resplandece porque Cristo permanece fiel até o fim, e assim o
seu amor é mais forte do que o ódio":
"Queridos
irmãos e irmãs, também nós vivemos noites dolorosas e cansativas. Noites da
alma, noites de desilusão, noites em que alguém nos magoou ou nos traiu. Nestes
momentos, a tentação é fechar-nos, proteger-nos, ripostar. Mas o Senhor nos
mostra a esperança de que há sempre outro caminho. Ele nos ensina que podemos
oferecer um bocado mesmo a quem nos vira as costas. Que podemos responder com o
silêncio da confiança. E que podemos seguir em frente com dignidade, sem
renunciar ao amor. Peçamos hoje a graça de saber perdoar, mesmo quando nos
sentimos incompreendidos, mesmo quando nos sentimos abandonados. Pois é
precisamente nestas alturas que o amor pode atingir o seu auge."
A paz de quem
perdoa
O mestre Jesus,
finalizou então Leão XIV, ensina com o simples e luminoso gesto de oferecer o
pão durante a Última Ceia, que "amar significa deixar o outro livre até
para trair". A "luz do perdão", mesmo diante de uma traição,
torna-se "uma oportunidade de salvação", renovando a capacidade de
amar inclusive a quem perdoa:
“Mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão liberta quem o dá: dissolve o ressentimento, restabelece a paz e devolve-nos a nós próprios.”
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