No quarto
domingo de agosto celebramos o dia de oração pela vocação dos ministérios
leigos e como coincide com o último domingo do mês, comemoramos também o dia
nacional do catequista. É a nossa oração por todos os leigos que, entre família
e afazeres, dedicam-se aos trabalhos pastorais e também missionários. Os leigos
atuam como colaboradores dos padres na catequese, na liturgia, nos ministérios
de música, nas obras de caridade e nas diversas pastorais existentes.
Ser leigo
atuante é ter consciência do chamado de Deus a participar ativamente da Igreja
e do Reino contribuindo para a caminhada e o crescimento das comunidades rumo a
Pátria Celeste. Assumir esta vocação é doar-se pelo Evangelho e estar junto a
Cristo em sua missão de salvação e redenção.
Os Leigos são
cristãos que têm uma missão especial na Igreja e na sociedade. Pelo batismo,
receberam essa vocação que devem vivê-la intensamente a serviço do Reino de
Deus. Na Igreja existem as diversas vocações: a sacerdotal, a diaconal, a
religiosa e a leiga. Todas são muito importantes e necessárias, pois brotam do
Batismo, fonte de todas as vocações.
Dentro da
comunidade eclesial “Os leigos encontram-se na linha mais avançada da vida da
Igreja”, enfatizou o Papa Francisco. “Demos graças pelos leigos que arriscam,
que não têm medo e que oferecem razões de esperança aos mais pobres, excluídos
e marginalizados”, disse. Os leigos estão no coração do mundo e têm um papel
chave para transformar a sociedade. Por isso os leigos são chamados a colaborar
no governo paroquial e diocesano, participando de conselhos pastorais e
econômicos.
Apesar desses
serviços que desempenham na comunidade eclesial, a missão mais importante dos
leigos é no mundo. Eles são chamados a realizar sua missão dentro das
realidades nas quais se encontra no dia-a-dia. Esse tema é aprofundado no Dia
dos Leigos, o Domingo de Cristo Rei, último domingo do ano litúrgico.
Na família, no
trabalho, na escola, no mundo da política e da cultura, nos movimentos
populares e sindicais, nos meios de comunicação, é chamado a testemunhar, pela
palavra e pela vida, a mensagem de Jesus Cristo. Nessas realidades, é chamado a
desempenhar sua missão, necessária e insubstituível.
Por isso o papel
do leigo, além da participação na comunidade eclesial, sua grande missão é ser
fermento nesses campos de vida e de atuação, ser “sal da terra e luz do mundo”.
Nesses ambientes deve se empenhar para a construção efetiva do Reino de Deus, “um
reino eterno e universal, reino da verdade e da vida, reino da santidade e da
graça, reino da justiça, do amor e da paz”, como rezamos no prefácio da missa
da festa de Cristo Rei.
O Reino de
Cristo cresce onde se manifesta a atitude de serviço, a doação generosa em prol
dos irmãos, onde há o respeito pelos outros, onde se luta pela justiça e pela
libertação. E tudo isso acontece de modo especial através da atuação dos
cristãos leigos. Quando os leigos assumem de fato sua missão específica,
podemos sonhar com uma nova ordem social. O Concílio Ecumênico Vaticano II e os
ensinamentos magisteriais do Santo Padre o Papa insistem muito na necessidade
de os leigos participarem ativamente na construção de uma nova sociedade,
aperfeiçoando os bens criados e sanando os males. Felizmente, muitos têm
entendido essa missão e se empenhado para bem cumpri-la.
Vemos com muita
esperança o crescimento hoje da tomada de consciência por parte de muitos
leigos que compreendem essa índole específica de sua missão. Acreditam nela e
procuram exercê-la de modo digno e eficiente para que se faça cada vez mais
concreta a promessa de Jesus: “O Reino de Deus está presente no meio de vós.”
Através dos
leigos, a Igreja se faz presente nos diversos ambientes sociais, impregnando-os
da mensagem de Jesus Cristo, semeando os valores evangélicos da solidariedade e
da justiça, empenhando-se decisivamente na construção da sociedade justa,
fraterna e solidária, sinal do Reino de Deus.
Na Conferência
de Aparecida, os bispos da América Latina voltam a insistir sobre a urgência da
plena participação dos Leigos e Leigas na vida e na ação da Igreja: “O projeto
pastoral da Diocese, caminho de pastoral orgânica, deve ser uma resposta
consciente e eficaz para atender as exigências do mundo de hoje com indicações
programáticas concretas, objetivos e métodos de trabalho, de formação e
valorização dos agentes e da procura dos meios necessários que permitam que o
anúncio de Cristo chegue às pessoas, modele as comunidades e incida
profundamente na sociedade e na cultura mediante o testemunho dos valores
evangélicos. Os leigos devem participar do discernimento, da tomada de
decisões, do planejamento e da execução” (DAp. 371).
Na perspectiva
do Documento de Aparecida o papel dos Leigos e Leigas na vida e missão da
Igreja é reconhecido como fundamental. É necessário que levemos a sério estas
palavras dos bispos para que aconteça também neste campo a conversão pastoral
necessária para sermos uma Igreja verdadeiro Povo de Deus, capaz de falar ao
coração dos homens de das mulheres de hoje. Que todos os Leigos e Leigas
Cristãos possam reinar com Cristo e como Cristo, descobrindo e realizando
plenamente a sua vocação. Obrigado pelo seu sim generoso e pela sua dedicação
no anúncio do Reino de Deus e no Testemunho do Evangelho. Que o Senhor
Ressuscitado continue iluminando o seu caminho de discipulado e de
missionários!
Cardeal Orani João Tempesta - Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
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