quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Reflita com dom Paulo Peixoto:

Exclusão e inclusão 

A palavra excluir tem sentido de desprezo, de abandono e de esquecimento. Na vida social, onde são envolvidas as pessoas humanas, a conotação se torna muito mais grave e evidente, porque alguém é colocado fora da convivência e relacionamentos pessoais. Mas uma doença física também pode causar distanciamento de quem a leva consigo, principalmente as mais graves e contagiosas. 
Dom Paulo Peixoto

Pelo contrário, incluir significa recuperar o que foi perdido da convivência entre os seres humanos. Na prática de Jesus, além de curar o doente e de inclui-lo, suas atitudes eram também de salvar espiritualmente a quem estava perdido, distante das pessoas e de Deus. É justamente por isto que Ele disse diante do leproso que lhe pedia para ser curado: “Eu quero: fica curado” (Mc 1,41). 

A lepra era uma doença excludente. O leproso deveria ficar isolado para não contaminar os outros. Hoje já é diferente, porque essa doença é controlada pela medicina. Atualmente há doenças mais graves de exclusão. Talvez a maior delas seja o atual desequilíbrio econômico e social, o acúmulo desenfreado e desnecessário, que impede a possibilidade de vida digna da maioria da população. 

Nos últimos tempos temos deparado com muitas atitudes destruidoras da estabilidade comunitária e individual, desmontando a serenidade da vida social. As polarizações políticas e religiosas veem contaminando as pessoas, gerando distanciamento, agressividade e até morte. O que sobra mesmo é a exclusão, porque grande parte das famílias estruturadas acabam perdendo o vigor da unidade. 

A comunidade cristã deve ser espaço de fraternidade, de inclusão, onde não cabe atitude de privilégios pessoais que sacrifica a convivência e a harmonia entre os membros. Por outro lado, existem pessoas que se isolam naturalmente e ficam em atitude de excluídas, porque não participam daquilo que solidifica o ambiente e nem contribui para que haja uma convivência saudável, fundada no amor. 

Na visão do Papa Francisco, confirmada por ele na Carta Encíclica intitulada “Fratelli Tutti”, todos somos irmãos. Isto é sinal concreto de que não pode haver espaço para a exclusão de ninguém na comunidade. Se acontece é porque falta autenticidade pessoal, sensibilidade cristã e coerência de fé. Nos ensinamentos de Cristo e na sua prática de vida procurava incluir os excluídos do convívio. 

Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)

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                                                                                                                         Fonte: cnbb.org.br

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