quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Francisco na catequese desta Quarta-feira de Cinzas:

diante do vício da preguiça,
é preciso manter acesas as "brasas da fé"

A acídia, mais popularmente conhecida como "preguiça", foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral deste 14 de fevereiro, dando continuidade ao ciclo sobre "os vícios e as virtudes".

Nesta Quarta-feira de Cinzas, o Papa realizou a Audiência Geral na Sala Paulo VI, dando continuidade ao ciclo sobre vícios e virtudes. O tema foi a acídia, mais conhecida como “preguiça”.

A preguiça, explicou Francisco, é mais um efeito do que uma causa. A pessoa fica ociosa, indolente, apática. Com efeito, na raiz grega do termo acídia está a “falta de cuidado”.

Trata-se de uma tentação muito perigosa, advertiu o Pontífice. Quem é vítima dela é como que esmagado pelo desejo de morte, se arrepende da passagem do tempo e até mesmo a relação com Deus torna-se enfadonha.

A acídia também é definida como o “demônio do meio-dia”, pois desponta quando o cansaço está no auge e as horas a seguir parecem monótonas, impossíveis de viver. São características que lembram a depressão, pois para quem é dominado pela acédia a vida perde o sentido, “é um pouco como morrer antes da hora”, afirmou o Papa, e seu efeito pode ser "contagioso".

Diante deste vício, os mestres espirituais oferecem vários remédios. Para Francisco, o mais importante é a paciência da fé, ou seja, a coragem de ficar e acolher no meu "aqui e agora" a presença de Deus.

A acídia não poupou nem mesmo os santos, mas eles ensinam a atravessar a noite com paciência, aceitando “a pobreza da fé”. Isso pode ser feito estabelecendo metas mais acessíveis, perseverar apoiando-se em Jesus, “que nunca nos abandona na tentação”. O Pontífice então concluiu:

“A fé, atormentada pela prova da acídia, não perde o seu valor. Com efeito, é a verdadeira fé, a fé humaníssima, que apesar de tudo, apesar das trevas que a cegam, ainda crê humildemente. É aquela fé que permanece no coração, como permanecem as brasas sob a cinzas. Ficam sempre ali. E se alguém cair neste vício ou numa tentação de acídia, procure olhar para dentro e proteger as brasas da fé. E assim caminhamos em frente. Que o Senhor os abençoe.”

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Assista:

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Agradecimento do Papa
ao cardeal Simoni, "mártir vivo" da ditadura na Albânia

O cardeal Ernest Simoni, que já foi preso, perseguido e ameaçado de morte durante o regime comunista albanês por cerca de 28 anos, esteve presente hoje na Audiência Geral na Sala Paulo VI. Francisco o saudou "de modo especial" e lhe agradeceu por ainda hoje, aos 95 anos, "continuar a dar testemunho e trabalhar pela Igreja, sem desanimar".

O Papa Francisco, depois de proferir sua catequese, no momento das saudações se dirigiu ao cardeal albanês Ernest Simoni "de modo especial" e o elogiou diante dos milhares de fiéis presentes.

"Todos nós", disse Francisco de forma espontanea "lemos e ouvimos as histórias dos primeiros mártires da Igreja, são tantos. Mesmo aqui, onde o Vaticano está agora, há um cemitério e muitos neste local foram executados e sepultados. Quando se faz escavações, encontram-se esses túmulos".

“Mas ainda hoje há muitos mártires em todo o mundo, muitos, talvez mais do que no início. Há muitos perseguidos por causa da fé.”

Hoje, continuou o Pontífice, "permito-me saudar de modo especial um mártir vivo", o cardeal Simoni. "Ele, como padre viveu 28 anos na prisão comunista da Albânia, talvez a perseguição mais cruel". O cardeal albanês "continua a dar testemunho. E como ele, muitos", enfatizou o Papa. 

"Agora com 95 anos, ele continua a trabalhar para a Igreja sem desanimar. Caro irmão, agradeço-lhe por seu testemunho. Muito obrigado."

 

Prisão, ameaças e perseguição

O padre Ernest foi preso na noite de Natal de 1963, no final da missa em Barbullush. O acusaram de ser um "inimigo do povo" por causa da missa de sufrágio celebrada pela alma do Presidente Kennedy, que havia morrido um mês antes. No confinamento solitário, onde permaneceu por dezoito anos, trouxeram um amigo com a tarefa de espioná-lo, e os outros companheiros receberam ordens de registrar a sua "fúria previsível" contra o regime. Porém, havia pouco a relatar sobre o padre Ernest, apenas palavras de perdão e oração saíam de sua boca. "Jesus ensinou a amar nossos inimigos e perdoá-los, e que devemos trabalhar para o bem do povo", dizia ele. Inicialmente condenado à morte, sua sentença foi alterada para trabalhos forçados, foram 25 anos trabalhando nos túneis escuros das minas de Spac e depois nos esgotos de Shkodra.

Autêntico testemunho cristão

Durante seu tempo na prisão, o cardeal Simoni contou que celebrava a missa em latim de cor, ouvia confissões de outros prisioneiros, tornando-se pai espiritual de alguns deles, e distribuía a comunhão, com uma hóstia cozida secretamente em um pequeno fogão com vinho feito do suco de uvas. Tudo sempre em segredo. Quando ficou livre, em 5 de setembro de 1990, declarou seu perdão aos seus torturadores, invocando a misericórdia do Pai para eles. Em seguida, começou a servir nos vilarejos, ajudando especialmente as pessoas se reconciliarem e a banirem o ódio de seus corações. Um serviço que nunca foi interrompido, nem por causa de sua idade nem por causa de sua nomeação como cardeal. Ernest Simoni, com seu testemunho de vida, faz questão de lembrar todos os mártires e católicos perseguidos em seu país. Entre eles também está o primeiro cardeal albanês da história, criado em 1994 por João Paulo II: Mikel Koliqi (1902-1997), seu conterrâneo de Shkodra e, como Simoni, detido por muito tempo nas prisões do regime comunista, onde cumpriu pelo menos 31 anos de pena.

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                                                                                                                   Fonte: vaticannews.va

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