sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

6º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão

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1ª Leitura: 2Rs 5,9-14

Leitura do 2º Livro dos Reis 

Naqueles dias, Naamã chegou com seus cavalos e carros e parou à porta da casa de Eliseu. Eliseu mandou um mensageiro para lhe dizer: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e tua carne será curada e ficarás limpo”. Naamã, irritado, foi-se embora, dizendo: “Eu pensava que ele sairia para me receber e que, de pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, e que tocaria com sua mão o lugar da lepra e me curaria. Será que os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores do que todas as águas de Israel, para eu me banhar nelas e ficar limpo?” Deu meia-volta e partiu indignado. Mas seus servos aproximaram-se dele e disseram-lhe: “Senhor, se o profeta te mandasse fazer uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais agora que ele te disse: ‘Lava-te e ficarás limpo’”. Então ele desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado.

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Responsório: Sl 31

- Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.

- Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.

- Feliz o homem que foi perdoado / e cuja falta já foi encoberta! / Feliz o homem a quem o Senhor † não olha mais como sendo culpado / e em cuja alma não há falsidade! 

- Eu confessei, afinal, meu pecado / e minha falta vos fiz conhecer. / Disse: “Eu irei confessar meu pecado!” / E perdoastes, Senhor, minha falta.

- Regozijai-vos, ó justos, em Deus † e no Senhor exultai de alegria! / Corações retos, cantai jubilosos! 

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2ª Leitura: 1Cor 10,31-11,1
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios

Irmãos, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Não escandalizeis ninguém, nem judeus, nem gregos, nem a Igreja de Deus. Fazei como eu, que procuro agradar a todos em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos. Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.

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Evangelho: Mc 1,40-45

Proclamação do Evangelho de São  Marcos

Um leproso chegou perto de Jesus e pediu de joelhos: «Se queres, tu tens o poder de me purificar.» Jesus se compadeceu dele, estendeu a mão, tocou-o e disse: «Eu quero, fique limpo». No mesmo instante a lepra desapareceu e o homem ficou purificado. Então Jesus o mandou logo embora, com severa advertência: «Não conte nada para ninguém! Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois ofereça pela sua purificação o sacrifício que Moisés ordenou, para que seja um testemunho para eles.» Mas o homem foi embora e começou a pregar muito e a espalhar a notícia. Por isso, Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ele ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte as pessoas iam procurá-lo.

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Reflexão do padre Johan Konings:

O Messias e os marginalizados

A exclusão está na moda, virou princípio de organização socioeconômica: a lei do mercado, da competitividade. Quem não consegue competir, desapareça. Quem não consegue consumir, deve sumir. Escondemos favelas por trás de paredões ou placares de publicidade. Que os feios, os aleijados, os idosos, os aidéticos não poluam os nossos cartões postais!

Em tempos idos, a exclusão muitas vezes provinha da impotência ou da superstição. Assim, a exclusão dos cegos e coxos do templo de Jerusalém. Ou a marginalização dos leprosos, ilustrada abundantemente em Lv 13-14 (cf. 1ª leitura). Enquanto não se tivesse constatado a cura por um complicado ritual, o leproso era considerado impuro, intocável. Jesus, porém, toca no leproso – e o cura (evangelho). É um sinal do Reino de Deus. Jesus torna o mundo mais conforme ao sonho de Deus. Pois Deus não deseja sofrimento nem discriminação. O Antigo Testamento pode não ter encontrado outra solução para esses doentes contagiosos que a marginalização; mas Jesus mostra que um novo tempo começou.

Começou, mas não terminou. Reintegrar os marginalizados não foi uma fase passageira no projeto de Deus, como os benefícios que os políticos realizam nas vésperas das eleições. O plano messiânico continua através do povo messiânico, como se concebe a Igreja. Devemos continuar inventando, quando pudermos, soluções contra toda e qualquer marginalização. Pois somos todos irmãos e irmãs.

Seremos impotentes para excluir a exclusão, como os antigos israelitas em relação à lepra? Que fazer com os criminosos, viciados no crime? Será nosso mundo tão bom que possa reintegrar tais pessoas, sem que se enrosquem de novo? O fato de ter de marginalizar alguém é um reconhecimento da não-perfeição de nossa sociedade. Toda forma de marginalização é uma denúncia contra nossa sociedade, e ao mesmo tempo um desafio. Isso é muito mais ainda o caso em se tratando de pessoas inocentes. A marginalização é sinal de que não está acontecendo o que Deus deseja. Onde existe marginalização, o Reino de Deus ainda não chegou, pelo menos não completamente. E onde chega o Reino de Deus, a marginalização não deve mais existir. Por isso, Jesus reintegra os marginalizados, como é o caso do leproso, dos pecadores, dos publicamos, prostitutas…. Essa reintegração está baseada no poder-autoridade que Jesus detém como enviado de Deus: “Se quiseres, tens o poder de me purificar” (Mc 1,40). Jesus passa por cima das prescrições levíticas, toca no leproso e o “purifica” por sua palavra em virtude da autoridade que lhe é conferida como “Filho do Homem” (= “executivo” de Deus, cf. Mc 2, 10.28).

Há quem pense que os mecanismos autorreguladores do mercado são o fim da história e a realização completa da racionalidade humana. E os que são (e sempre serão) excluídos por esse processo, onde ficam? Não será esse raciocínio o de um varejista que se imagina ser o criador do universo? A liturgia de hoje nos mostra um outro caminho, o de Jesus: solidarizar-se com os marginalizados, os excluídos, tocar naqueles que a “lei” proíbe tocar, para reintegrá-los, obrigando a sociedade a se abrir e a criar estruturas mais acolhedoras. Mais messiânicas.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

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    Fonte: franciscanos.org.br    BannerFr. Fábio M. Vasconcelos    Imagem:  vaticannews.va

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