quarta-feira, 20 de junho de 2018

Bispos definem o processo de atualização das

Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil

Parte da manhã do segundo dia de reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foi dedicada ao processo a ser desenvolvido para a atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelização (DGAE). As atuais diretrizes, que compreendem o período de 2015 a 2019, serão atualizadas na 57ª Assembleia Geral dos Bispos, a ser realizada no próximo ano.
Algumas intervenções vieram no sentido de manter as diretrizes assumidas na Assembleia Geral da CNBB de 2014, quando os prelados decidiram dar continuidade às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2011-2015, atualizando-as à luz da Exortação apostólica do Papa Francisco sobre a alegria do Evangelho. A continuidade foi motivada pela necessidade de dar prosseguimento ao processo de aplicação do Documento de Aparecida, que é a principal referência das Diretrizes 2011-2015.
Dom Geremias Steinmetz, arcebispo de Londrina (PR) e vice-presidente do regional Sul 2, defendeu a necessidade de atualizar as diretrizes com o enfoque da atuação da Igreja na realidade urbana. O bispo disse ser necessário levar em consideração as reflexões produzidas no XIV Intereclesial de CEBs e sobre o Encontro dos Bispos das Metrópoles. “É muito importante que o documento aprofunde a questão das periferias e, sobretudo, do que estamos chamando de ‘periferias existenciais’. Lá, a Igreja precisa atuar com a caridade e assistência aos mais pobres”, disse.
Eixo aglutinador – Dom João Justino, arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal para a Cultura e Educação, também foi favorável a manter as diretrizes não com a ideia de “urgências” mas como pilares constantes da ação evangelizadora da Igreja no Brasil. Para ele, é necessário ter um eixo aglutinador de ações de todos, o que poderia ser “a iniciação à vida cristã”.
Na avaliação de dom Vilson Basso, bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, é necessário investir numa nova metodologia de escuta dos destinatários da ação, a exemplo dos processos de escuta que o Papa Francisco vem fazendo com o processo dos Sínodos.
O arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, lembrou que é importante ter em conta que são diretrizes e não um plano. “Cabe posteriormente às dioceses, organismos e regionais produzirem seus planos pastorais com bases nas diretrizes gerais”, disse. Para ele, é importante que a revisão seja feita a partir de uma avaliação às Comissões Episcopais da CNBB e dioceses.
Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar de Brasília, disse que será convocada reunião da Equipe Responsável pelo processo de atualização das diretrizes. Esta, com base no material produzido na última assembleia geral da CNBB e nesta reunião do Conselho Permanente, produzirá uma primeira versão do texto que deverá ser apreciada em reunião do Conselho Permanente de março de 2019, antes da próxima assembleia geral.
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Bispos analisam a conjuntura do processo eleitoral de outubro

Parte da segunda seção do primeiro dia da reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada na sede da entidade, em Brasília (DF) de 19 a 21 de junho, foi dedicada à uma análise de conjuntura do processo político brasileiro tendo em vista as eleições 2018. A análise foi desenvolvida pelo doutor em filosofia pela Unicamp e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Pedro Gontijo.
Antes de entrar na análise das candidaturas e o que elas representam, o professor adjunto do Departamento de Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Metafísica da Universidade de Brasília, apresentou as características das concepções de desenvolvimento em disputa no Brasil: o projeto neoliberal e o projeto “neodesenvolvimentista”. Este tomou corpo no país a partir de 2003 e significou maior presença do Estado como indutor da economia e maior reforço em políticas sociais.
“A Ponte para o Futuro”, projeto do PMBD implementado após o impedimento da presidenta Dilma Rousseff, na avaliação do professor, trata-se de um retorno da agenda neoliberal, expresso em políticas de privatizações e cortes sociais em curso no Brasil. Segundo o próprio Tribunal de Contas da União (TCU), a Emenda Constitucional nº 95 de 2016, que prevê que a despesa primária da União não poderá crescer em ritmo superior ao da taxa de inflação pelo período de 20 anos (2017-2036), levará o país à uma paralisia total já no primeiro semestre de 2024.
Mesa diretora
Projetos em disputa – O professor defende também que é importante analisar o comportamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que terá nova presidência ainda este ano, e do Legislativo brasileiro que atualmente tem uma representação distorcida que não contempla a diversidade da sociedade brasileira, além dos interesses pessoais dos políticos e de bancadas que se sobrepõem ao interesse público.
A análise chamou atenção ao papel da mídia que tem atuado “criminalizando” a atividade política. O professor destacou ainda a atuação de setores evangélicos cuja estratégia é chegar a ocupar 30% das vagas no Congresso Nacional.
O professor defende que por trás das candidaturas apresentadas ao eleitorado brasileiro há projetos diferentes: conservador autoritário, neoliberal, neodesenvolvimentista, popular, híbrido político e econômico. Somado às velhas estratégias de compra de votos e de manipulação do eleitorado, as fakenews (falsas notícias) e robôts virtuais são a grande novidade que podem ter uma interferência no processo e no resultado do processo eleitoral no Brasil.
O cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, disse ser necessário olhar com bastante cuidado sobre a eleição para as casas legislativas, uma vez que a eleição fica muito focada nos cargos executivos. Ele defende que o Congresso Nacional é fundamental na política brasileira sendo necessário, em razão disto, investir em um processo de renovação dos quadros políticos.
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