sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Papa na missa desta sexta-feira:

Deus dê aos sacerdotes a coragem da pobreza cristã

Cidade do Vaticano (RV) - As pessoas não perdoam um sacerdote apegado ao dinheiro, que o Senhor nos dê a graça da pobreza cristã: foi o que disse o Papa durante a Missa na Casa Santa Marta da sexta-feira, (18/11). Concelebraram com Francisco os secretários dos núncios apostólicos, presentes  no Vaticano para o seu Jubileu.
Missa na Capela Santa Marta
No Evangelho do dia, Jesus expulsa os mercantes do Templo que transformaram a casa de Deus, um lugar de oração, num “covil de ladrões”. “O Senhor – explicou o Papa – nos faz entender onde está a semente do anticristo, a semente do inimigo, a semente que estraga o seu Reino”: o apego ao dinheiro. “O coração apegado ao dinheiro é um coração idolatra”. Jesus diz que não se pode servir dois senhores, dois patrões”, Deus e o dinheiro. O dinheiro – afirmou o Papa - é “o anti-Senhor”. Mas nós podemos escolher:
“O Senhor Deus, a casa do Senhor Deus, que é casa de oração, de encontro com o Senhor, com o Deus do amor. E o senhor-dinheiro, que entra na casa de Deus, sempre tenta entrar. E essas pessoas que trocavam moedas ou vendiam coisas, mas, alugavam aqueles lugares, eh?: aos sacerdotes … alugavam para os sacerdotes, depois entrava o dinheiro. Este é o senhor que pode arruinar a nossa vida e pode nos conduzir a acabar com a nossa vida, sem felicidade, sem a alegria de servir o verdadeiro Senhor, que é o único capaz de nos dar a verdadeira alegria”.
”É uma escolha pessoal” – afirmou o  Papa, que perguntou: “Como é a atitude de vocês em relação ao dinheiro? São apegados ao dinheiro?”:
Percepção
"O Povo de Deus, que tem uma grande percepção de aceitar como em louvar e condenar - porque o Povo de Deus tem a capacidade de condenar -, perdoa as tantas fraquezas e pecados dos sacerdotes. Porém, não pode perdoar dois: o apego ao dinheiro, quando o vê interessado apegado ao dinheiro: isso ele não perdoa; e o maltrato aos fiéis: isto o Povo de Deus não suporta e não perdoa. Outras coisas, outras fraquezas, outros pecados não lhe estão bem, mas pobre homem é solitário... enfim, busca justificá-lo. Mas, a condenação não é tão forte e definitiva: o Povo de Deus é capaz de entender tudo isso. O estado de poder que o dinheiro tem pode levar um sacerdote a ser dono de uma empresa ou ser um príncipe e assim por diante...".
O Papa recordou os ídolos que Raquel, mulher de Jacó, mantinha escondidos:
"É triste ver um sacerdote que chega ao fim da sua vida, quando está em agonia ou em coma, e seus familiares estão ao seu lado como abutres, aguardando para ver o que lhes sobra. Procurem fazer um favor ao Senhor, como um verdadeiro exame de consciência: “Senhor, vós sois o meu Senhor”! Como Raquel, eliminemos os nossos deuses ocultos no coração, o ídolo do dinheiro”.
Assim, o Papa convidou todos a serem corajosos, a fazer escolhas. Façam escolhas justas! Que tenham o dinheiro suficiente, que faz um trabalhador honesto; fazer as devidas economias como um trabalhador honesto. Mas, é inadmissível a idolatria, os interesses pessoais. Que o Senhor dê a todos nós a graça da pobreza cristã".
"Que o Senhor - concluiu o Papa – nos dê a graça da verdadeira pobreza de um trabalhador, que labuta e ganha o necessário e nada mais”. (BF)
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Papa ao jornal "Avvenire":

Servir aos pobres significa servir a Cristo

Cidade do Vaticano (RV) - A Igreja é o Evangelho, não “um caminho de ideias” e um “instrumento” para consolidá-las, nem um “time de futebol” que busca torcedores. É a obra de Cristo que nos leva a servir aos pobres, que são a Sua carne: afirma o Papa Francisco em entrevista concedida a Stefania Falasca para o jornal dos bispos italianos “Avvenire”, na qual, na conclusão do Jubileu da Misericórdia, exorta a “caminhar juntos na senda do ecumenismo”.
Ecumenismo, caminho que vem de longe
Profeta do Amor
A unidade se faz percorrendo três caminhos: caminhando juntos “com as obras de caridade”, rezando juntos e reconhecendo a “confissão comum”, assim como se expressa no “martírio comum” recebido em nome de Cristo, no “ecumenismo do sangue”.
O Pontífice fala de um caminho que “vem de longe”, amadurecido pelo Concílio e pelo trabalho de seus predecessores, ao qual – afirma – Jorge Mario Bergoglio não deu nenhuma “acelerada”: “simplesmente” deixou-se guiar pelo Espírito Santo. E não lhe “tira o sono” o fato de ter quem pense que nos encontros ecumênicos o Papa queira colocar a doutrina católica a bom mercado.
A Igreja é o Evangelho, a autorreferencialidade é um câncer
Por outro lado, a Igreja “é o Evangelho”, é a obra de Jesus Cristo, cresce “por atração” e não por proselitismo, não é “um time de futebol que busca torcedores”, nem “um caminho de ideias” e um “instrumento” para consolidá-las.
Quando o que prevalece é a tentação de construir uma Igreja “autorreferencial”, que, ao invés de olhar para Cristo, “olha por demais para si mesma”, surgem contraposições e divisões: o “câncer na Igreja” é o render-se glória “um ao outro”. A Igreja não tem “luz própria”, “existe” apenas como instrumento para comunicar aos homens o desígnio misericordioso de Deus.
Discernir no decurso da vida
No Concílio, prossegue Francisco, a Igreja sentiu “a responsabilidade de ser no mundo sinal vivo do amor do Pai”, indo “às fontes de sua natureza, ao Evangelho”. Isso desloca o eixo da concepção cristã “de um certo legalismo, que pode ser ideológico, para a Pessoa de Deus que se fez misericórdia na encarnação do Filho”.
Alguns – segundo a entrevistadora, pensando em certas réplicas à Exortação apostólica Amoris laetitia – “continuam não compreendendo, ou branco ou preto, mesmo porque é no decurso da vida que se deve discernir”.
O Vaticano II nos disse isso, mas, segundo os historiadores – recorda o Papa –, um Concílio precisa de um século para ser “bem absorvido pelo corpo eclesial”: estamos “na metade”, constata.
O Jubileu da Misericórdia
Com o Ano Santo da Misericórdia, que está para concluir-se, o Papa espera que “muitas pessoas” tenham descoberto ser muito amadas pelo Senhor, recordando que amor a Deus e amor ao próximo são “inseparáveis”: “servir aos pobres significa servir a Cristo, porque os pobres são a carne de Cristo”, explica.
Francisco não vê os vários recentes encontros ecumênicos como um fruto exclusivo do Jubileu: são “apenas passos a mais” ao longo de um caminho iniciado há tempos, cinquenta anos atrás, quando o espírito do Vaticano II fez redescobrir “a fraternidade cristã baseada no único Batismo e na mesma fé em Cristo”.
Encontros ecumênicos
Os encontros e as viagens “ajudam” nessa direção, assegura o Pontífice. Recorda a viagem à ilha grega de Lesbos, com o Patriarca ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I e o Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia Jerônimo: “na ocasião, nos sentimos uma só coisa”, conta.
Em seguida, o Santo Padre revive a “profunda” sintonia espiritual vivida, na Geórgia, no encontro com o Patriarca Elias. Cita os momentos com os patriarcas copta Tawadros e Daniel da Romênia. E vê no Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, “um homem de oração”.
Com os irmãos ortodoxos “estamos caminhando, são irmãos, nos amamos, nos preocupamos juntos”, prossegue. No encontro em Lund, na Suécia, com os luteranos, pelo início do Ano que recorda os 500 anos da Reforma, evidencia ter repetido as palavras de Jesus: “Sem mim nada podeis fazer”.
Nas palavras do Papa, tratou-se de um evento que “foi um passo avante para compreender o escândalo da divisão”, que deve ser “superado” com gestos “de unidade e de fraternidade”.
É um caminho que “requer paciência” no custodiar e melhorar o que já existe, que “é muito mais do que aquilo que divide”, conclui. (GA - RL)
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                                                                                            Fonte: radiovaticana.va    news.va

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