sábado, 23 de janeiro de 2016

Leituras do

3º Domingo do Tempo Comum


1ª Leitura: Ne 8,2-4a.5-6.8-10
Naqueles dias, o sacerdote Esdras apresentou a Lei diante da assembleia de homens, de mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. Era o primeiro dia do sétimo mês.
Assim, na praça que fica defronte da porta das Águas, Esdras fez a leitura do livro, desde o amanhecer até ao meio-dia, na presença dos homens, das mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. E todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei.
Esdras, o escriba, estava de pé sobre um estrado de madeira, erguido para esse fim.
Estando num lugar mais alto, ele abriu o livro à vista de todo o povo. E, quando o abriu, todo o povo ficou de pé.
Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: “Amém! Amém!”
Depois inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com o rosto em terra. E leram clara e distintamente o livro da Lei de Deus e explicaram seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura.
O governador Neemias e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas, que instruíam o povo, disseram a todos: “Este é um dia consagrado ao Senhor, vosso Deus! Não fiqueis tristes nem choreis”, pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei. E Neemias disse-lhes: “Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força”.
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Salmo: 18
 Vossas palavras, Senhor, são espírito e vida!
 Vossas palavras, Senhor, são espírito e vida!
 A lei do Senhor Deus é perfeita,/ conforto para a alma!/ O testemunho do Senhor é fiel,/ sabedoria dos humildes.
 Os preceitos do Senhor são precisos,/ alegria ao coração./ O mandamento do Senhor é brilhante,/ para os olhos é uma luz.
 É puro o temor do Senhor,/ imutável para sempre./ Os julgamentos do Senhor são corretos/ e justos igualmente.
 Que vos agrade o cantar dos meus lábios/ e a voz da minha alma;/ que ela chegue até vós, ó Senhor,/ meu Rochedo e Redentor!
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2ª Leitura: 1Cor 12, 12-14.27
Irmãos: Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo.
De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito.
Com efeito, o corpo não é feito de um membro apenas, mas de muitos membros. Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo.
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Evangelho:  Lc 1,1-4;4,14-21
Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra.
"Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir"
Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo. Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste.
Naquele tempo, Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza.
Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam.
E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura.
Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”.
Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.
Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.
Reflexão
Pregação inaugural de Jesus
Lucas narra a atividade de Jesus com jeito de historiador. Não no sentido moderno da palavra – homem de escavações e bibliotecas -, mas no sentido antigo: alguém que sabe contar os fatos de modo que a gente os possa imaginar. Não existiam as atuais exigências da historiografia, a documentação consistia principalmente em depoimentos orais, recolhidos de modo empírico. Mesmo assim, Lucas colecionou os dados a respeito de Jesus, para dar um embasamento sólido à fé de seus contemporâneos, lá pelos anos 80 d.C., para mostrar-lhes melhor quem foi e o que fez Jesus de Nazaré.
Como bom narrador, Lc imagina Jesus iniciando sua pregação lá na sua terra, em Nazaré, na reunião de sábado na sinagoga (*). Os adultos podiam comentar a Lei a partir de um texto profético. Jesus abriu o rolo do profeta Isaías, no texto que fala da missão do mensageiro de Deus para instaurar a verdadeira justiça e liberdade, pelo fim da opressão e a realização de um ano sabático ou jubilar, para restituição dos bens aliena­dos, com vistas a um novo início de uma sociedade realmente fraterna, como convém ao povo de Deus (cf. Dt 15).
Proclamando que esta profecia se realiza no presente momento, “hoje”, Jesus: 1) se identifica como porta-voz estabelecido (“ungido”) por Deus e impulsionado por seu es­pírito (força e iluminação), para levar a “boa-nova” aos oprimidos; 2) anuncia o início de uma nova situação da comunidade, restaurada conforme a vontade de Deus: o tem­po messiânico. Nenhuma das duas coisas é muito evidente … O pronunciamento de Je­sus provocará uma reação negativa do povo (que será narrada no próximo domingo). Hoje, portanto, ficamos com a “declaração de programa” de Jesus: instaurar a realida­de messiânica.
Por trás disso está toda uma história. Fazia muito tempo que se sonhava com um “ano de restituição”. Textos como Ne 5 nos mostram que o ano de restituição era uma necessidade desde muitos séculos, mas a Bíblia não conta que alguma vez tenha sido realizado. Era uma utopia. Jesus pretendia realizar a utopia? Ele queria converter as pessoas a Deus, mas a conversão se devia comprovar por sinais exteriores, e a realiza­ção da velha utopia do ano de restituição seria um sinal muito eloqüente.
A 1ª leitura fornece um pouco de “cultura bíblica”, necessária para imaginar os costumes e sentimentos do judaísmo pós-exílico referentes à leitura da Lei. Mostra o protótipo do culto sinagogal: a leitura da Lei. (A figura central, Esdras, contemporâneo de Neemias, pode ser considerado como o “pai do judaísmo”, quando, depois do exílio babilônico, as famílias de Judá voltam ao distrito de Jerusalém.)
Uma mensagem própria traz a 2ª leitura: a alegoria do corpo e dos membros. Essa alegoria, Paulo a aprendeu na escola: pertence à cultura greco-romana (fábula de Me­nênio Agripa). Paulo a aplica à Igreja: nenhum membro do corpo pode dizer a outro que não precisa dele. E, com certo humor (que desaparece na versão abreviada), fala também dos membros mais frágeis, que são circundados com cuidados maiores – alu­são aos capítulos iniciais da 1 Cor, onde Paulo critica os partidarismos e ambições que dividem a igreja de Corinto e lembra que Deus escolheu o que é fraco e pequeno neste mundo (1,26; cf. dom. próximo).
Existe na Igreja legítima diversidade, desde que se realize a necessária unidade: o pluralismo. O Espírito de Cristo revela-se, nos fiéis, de muitas maneiras: as diversas funções na comunidade, os diversos modos de expressar a consciência de sua fé, as di­versas “teologias” fazem parte desta multiplicidade de órgãos, que constitui o corpo. Ninguém precisa reunir em si todas as funções e toda a teologia (12,30). Importa que todos contribuam para a edificação do único “corpo” de Cristo neste mundo – e corpo significa, biblicamente, o estar presente e atuante.
                                   Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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                           Reflexão: franciscanos.org.br   Banner: cnbb.org.br   Ilustração: isma.org.br

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