Amor em comunidade
O verdadeiro amor vem do fundo do coração,
do íntimo de cada pessoa e depende de correspondência no contato com outro
indivíduo. Amor que provoca relação, afinidade e altruísmo, seja com Deus, com
outra pessoa ou com a comunidade. Assim podemos dizer que é o amor que faz
surgir e acontecer uma comunidade cristã concreta, capacitando as pessoas para
o relacionamento fraterno.
Deus se revela como comunidade de três
pessoas distintas, do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A doutrina diz que
Deus é trino e, ao mesmo tempo, uno, pois, a natureza é a mesma, mas os três
têm manifestações diferentes: O Pai é o criador, o Filho, o salvador e o
Espírito Santo, o guia e santificador. Na verdade, é um mistério, que a mente
humana não consegue discernir quanto à sua plenitude.
A Igreja é assembleia do povo munido de
sabedoria e fé na Trindade Santa. O cristão é convidado a contemplar essa
sublime realidade, mas com olhos de Deus, de onde brota a vida comunitária.
Forma espaço físico, local de calor humano, de solidariedade e compromisso com
toda a criação. Quem vive em comunidade, defende a natureza, necessária para
que todos tenham vida saudável.
A identidade de Deus se revela na criação,
principalmente no ser humano, obra perfeita de sua plena sabedoria. Quanto mais
a pessoa pratica obras boas, vive em comunidade a solidariedade, mais acontece,
na prática, a beleza da grandeza do Criador. Faz acontecer a realização do
projeto de Deus, que não suporta solidão, exploração, inverdades e nem o
individualismo gerador de doenças.
O Reino de Deus, em perspectiva
comunitária, se consolida na comunidade dos cristãos e se estende, para uma
dimensão maior, quando forma rede de comunidades. A marca distintiva do projeto
é o comunitário, o calor humano, a convivência, onde se ajudam de forma
fraterna. No dizer do apóstolo Paulo, a comunidade é fonte de esperança, mas
aquela que não decepciona (cf. Rm 5,5).
Estando na companhia dos discípulos, Jesus
mostra para eles o sentido verdadeiro da vida de comunidade, ao dizer: “Já não
vos chamo servos, …, mas amigos” (cf. Jo 15,15). É uma intimidade que depende
da presença do Espírito Santo revelando a presença do Pai e do Filho, como
presença da Santíssima Trindade, formadora de comunidade na dimensão do Reino
de Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo Metropolitano de Uberaba
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