Leão XIV
escolheu a figura de Bartimeu, o mendigo cego que Jesus encontra em Jericó,
como guia para a reflexão da catequese desta quarta-feira, 11/06. Aos milhares
de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice apresentou a figura de “um
homem marginalizado, solitário, que, mesmo na escuridão, não perdeu a
esperança".
Na catequese da
Audiência Geral desta quarta-feira, 11 de junho, Leão XIV voltou o olhar dos
fiéis para um aspecto essencial da vida de Jesus: as suas curas. Diante de uma
Praça São Pedro repleta de peregrinos, convidou todos a apresentar ao Coração
de Cristo suas fragilidades, dores e bloqueios, com a confiança de que o Senhor
escutará o clamor de cada um e trará cura.
“O personagem que nos acompanha nesta reflexão nos ajuda a compreender que nunca devemos abandonar a esperança, mesmo quando nos sentimos perdidos. Trata-se de Bartimeu, um mendigo cego, que Jesus encontrou em Jericó.”
A origem do nome Bartimeu, disse o Papa, é reveladora: “filho de Timeu” — ou seja, alguém que carrega uma relação, mas que está dramaticamente só. O nome também pode significar “filho da honra”, um contraste com sua realidade de exclusão. A partir desse personagem, o Pontífice refletiu sobre o quanto muitas pessoas se encontram paralisadas, à beira da estrada da vida, sem forças para continuar.
Não há grito que
Deus não ouça
Bartimeu, porém,
nos ensina a reagir, ressaltou o Santo Padre, pois ele sabe pedir, sabe gritar:
“Filho de Davi, Jesus, tem misericórdia de mim!” (Mc 10,47). Esta súplica
tornou-se uma das orações mais conhecidas da tradição oriental: “Senhor Jesus
Cristo, Filho de Deus, tem misericórdia de mim, pecador.” Mesmo cego, Bartimeu
reconhece quem é Jesus, e seu grito o faz parar: “Não há grito que Deus não
ouça, mesmo quando não percebemos de que nos dirigimos a Ele.”
Jesus o chama,
mas não vai imediatamente ao seu encontro. Em vez disso, convida-o a
levantar-se, a caminhar. “Aquele homem pode reerguer-se, pode levantar-se das
suas situações de morte.” Para isso, precisa abandonar algo precioso: sua capa
— símbolo de sua segurança, sua “casa”. Leão XIV explicou que, muitas vezes,
são nossas falsas seguranças que nos impedem de ir ao encontro de Cristo: “Para
ir ter com Jesus e ser curado, Bartimeu precisa de se expor a Ele em toda a sua
vulnerabilidade. Este é o passo fundamental para qualquer caminho de cura.”
Olhar para o
alto
Jesus faz,
então, uma pergunta aparentemente óbvia: “Que queres que te faça?”. A resposta
de Bartimeu, segundo o Papa, revela muito mais que um desejo de enxergar: ele
usa o verbo anablepein, que pode ser traduzido como “ver de novo”, mas
também como “levantar o olhar”, e completou:
“Bartimeu não quer apenas ver de novo, quer também redescobrir a sua dignidade! Para olhar para cima, é preciso levantar a cabeça. Por vezes, as pessoas estão bloqueadas porque a vida as humilhou e só querem redescobrir o seu próprio valor.”
A liberdade de
seguir Jesus
“O que salva
Bartimeu, e cada um de nós, é a fé. Jesus cura-nos para que nos tornemos
livres”, destacou o Papa. Quando Jesus o cura, diz: “Vai, a tua fé te salvou”,
ou seja, “Ele não convida Bartimeu a segui-lo, mas diz-lhe para ir, para
retomar o caminho. No entanto, o evangelista Marcos conclui a história
relatando que Bartimeu começou a seguir Jesus: escolheu livremente seguir
aquele que é o Caminho!”
Ao concluir a
catequese, o Papa dirigiu-se aos fiéis com um apelo à oração: “Levemos com
confiança diante de Jesus as nossas doenças e as dos nossos entes queridos,
levemos a dor daqueles que se sentem perdidos e sem saída. Gritemos também por
eles, e tenhamos a certeza de que o Senhor nos ouvirá e se deterá.”
Thulio Fonseca – Vatican News
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